quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

As utopias de mercado fazem mal à saúde

O economista Jeffrey Sachs defende, em artigo na Time, que as fronteiras entre o Estado e os mercados têm de ser redesenhadas para que os EUA possam sair da profunda crise socioeconómica em que se encontram. Constata que em áreas vitais da vida social, da saúde às infra-estruturas públicas, os EUA estão num bom buraco e reconhece que isso é o resultado da hegemonia das concepções neoliberais e da correspondente erosão da provisão pública dos bens sociais, pilar de qualquer comunidade política digna desse nome.

Lembram-se quando os EUA da desgraçada «Era de Friedman» eram apontados, por tantos e tantos economistas portugueses, como o último estádio do desenvolvimento económico para o qual todos os países deveriam convergir? Não se esqueçam. Como bem assinala Sandra Monteiro: «Sabemos que a memória é uma construção social. Isto não significa que a memória seja o reino de um relativismo em que verdade e mentira não se distingam, mas antes que não é neutra, e que só pode ser compreendida no tempo e no espaço – isto é, na história».

Uma notícia no FT de hoje relembra-me o passado pouco recomendável de Jeffrey Sachs. Nos anos oitenta e noventa, Sachs foi um dos principais «evangelistas de mercado» ao serviço do FMI. Esteve envolvido na chamada terapia de choque que devastou os países do antigo bloco soviético. Um estudo publicado pela Lancet, uma prestigiada revista médica, afirma que «a privatização maciça rápida, como estratégia de transição, foi um determinante crucial nas tendências de mortalidade entre adultos nos países pós-comunistas». Pelo menos um terço dos três milhões de mortes entre homens em idade para trabalhar pode ter sido devido ao desemprego e desestruturação social gerados pelas privatizações. Pelo menos, Sachs parece ter aprendido com os erros e tem hoje posições infinitamente mais decentes. Quem me dera assistir a evoluções destas entre os economistas neoliberais que ainda dominam o debate na comunicação social portuguesa. Haja esperança.

2 comentários:

João Pinto e Castro disse...

Eu preferia que os "nossos" liberais doutrinários não mudassem de opinião. Facilitaria muito as coisas.

Anónimo disse...

Mas por que é que ninguém mete toda essa corja (autênticos assassinos em massa contratados especificamente para o efeito por instituições internacionais, tipo FMI e Banco Mundial, a mando, claro, dos EUA,GB e outros...)num foguetão qualquer e os manda para um sitio quentinho no sistema solar.
É que estes fulanos, que normalmente se dizem grandes democratas, em patifarias e tal como os nazis de Israel, deixam o Hitler a grande distância.
Se cá viesse agora, face a tantas e tão graves patifarias dos grandes democratas deste mundo, o sujeito seria um autêntico menino do coro.