Enquanto alguns «liberais» portugueses estão entretidos em discretas apologias do salazarismo, outros gostam de ensaiar um discurso irresponsável em que fascismo e socialismo se tornam por magia idênticos. Fazem-no, entre outras formas, através de citações retiradas do contexto ou através da manipulação de palavras que têm sentidos diversos nas tradições políticas em confronto. Esperam que a coisa passe à boleia do desconhecimento histórico.Helena Matos é perita neste exercício.
O fascismo foi um dos produtos da crise do capitalismo no período entre as duas guerras. Serviu a certas fracções da burguesia como arma de arremesso contra o movimento operário. Por isso quando os fascistas reivindicam «justiça social e combate ao capitalismo selvagem e à luta de classes». (...)» o que pretendem é invocar a ideia de que é preciso criar estruturas que esmaguem e/ou disciplinem as classes trabalhadoras e os seus movimentos autónomos. O essencial é a ideia do «fim» por decreto da luta de classes através da sua substituição por um qualquer interesse nacional definido autoritariamente. Quase toda a gente sabe o que isto significou. Em Portugal e em tantos países. E o jeito que sempre deu às burguesias e a muitos liberais em crise de hegemonia.
Diz-nos Helena Matos que «sobre esta sobreposição de discursos [de socialistas e fascistas] existem observações anedóticas nos relatórios dos polícias que vigiavam os comícios que os nacional-sindicalistas (que se podem grosseiramente definir como os antepassados do PNR) promoviam sobretudo na região norte do país em 1933». Observações tão anedóticas como as que Helena Matos faz mais de setenta anos depois.
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1 comentário:
O que Helena Matos esquece de notar e' que para o fascismo latino qualquer referencia a "socialista" ou "social" denotava a doutrina social da igreja catolica - do rerum novarum e mais tardiamente do corporativismo.
O signo que confunde o significado. O intelectual que ou e' desonesto ou ignorante.
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