sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Várias bombas, várias medidas


Em 2022, um historiador liberal, agora militante do Livre, chamado Rui Bebiano afiançava, não o esqueçamos, que “enquanto alguém não inventar outra humanidade”, seria lamentavelmente natural que sentíssemos – esta mortífera primeira pessoa do plural – maior “proximidade” “por brancos, maioritariamente loiros e de olhos azuis, educados numa cultura com pontos de contacto com a ‘nossa’, vivendo praticamente como ‘nós’”. 

Falava da Ucrânia, onde desgraçadamente morreram cerca de setecentas crianças numa guerra já com mais de três anos. Na Palestina, onde, na realidade, estão pessoas e até uma civilização que nos são mais próximas, para usar o seu dúbio termo – dos olhos e cor da pele e do cabelo às oliveiras – foram mortas dezenas e dezenas de milhares de crianças num genocídio colonial. Mas a empatia das elites da “esquerda” e da direita não é a mesma e muito menos são as mesmas as implicações políticas que retiram. Eurocentrismo é isto, para não dizer pior. É no que dá falar em “conflito israelo-palestiniano”. 

O pai-fundador do Livre, outro historiador liberal, foi à embaixada do Estado colonial sionista que está a cometer o genocídio, não o esqueçamos também: a história não acabou e a memória também não. É o mesmo antimarxista que defende a europeização das armas nucleares francesas ou que incensou o racista Woodrow Wilson. Há uns meses atrás, não sabia se havia de chamar genocídio ao genocídio palestiniano. 

Isto está tudo ligado, passado e presente, quando se é consistente ideologicamente. E não me lembro de Rui Tavares ter sido criticado, muito menos de ter sido alvo de uma campanha mediática nesse contexto. Afinal de contas, que outro líder partidário, neste caso tão absoluto quanto informal, tem à “esquerda” o espaço mediático dele e logo no belicista Grupo Impresa? 

Várias bombas, várias medidas...

4 comentários:

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

rui tavares não é criticável, nem dentro nem fora do partido é mais um que a comunicação social leva nas palminhas

Anónimo disse...

Deus nos Livre desta esquerda!

Aleixo disse...

A " fulanização " da coisa, leva a que o " desconhecido " ( ...o POVO ! ),

não seja tido nem achado... na Decisão.

Sendo Portugal " irrelevante ",
porque não está ao lado dos " irrelevantes "?!

NUNCA, a política externa portuguesa foi "tão mentecapta" .

A liderança da "fulanização", pelo "estadista de outro patamar ! " em exercício,

até me faz DUVIDAR, a que PAÍS pertenço!

José Trindade disse...

Bem, esse senhor presta tanta atenção ao que está a acontecer na Palestina que nem a fisionomia do povo conhece. Quantas crianças não vi eu de lá que, se estivessem numa qualquer rua portuguesa, ninguém olharia para elas duas vezes...