quinta-feira, 16 de julho de 2020
Poucos, dos muito poucos que têm muito
«Provocou alguma comoção que um grupo de 83 multimilionários tivesse apelado a que seja aplicado um imposto sobre as fortunas para financiar a resposta à covid. É caso para tanto. Pedem um imposto “imediato, substancial e permanente”, escrevem que não querem doar à caridade, pois preferem que sejam os Estados a receber a coleta e a aplicá-la segundo as prioridades da saúde pública, e que a razão é simples: “temos dinheiro, montes dele”, e é preciso para os serviços médicos. Tudo boas razões. Mas, quando se verifica quem são os signatários e a viabilidade da sua proposta, chega a desilusão. Bem sei que na lista está a herdeira Disney e um dos fundadores do Ben & Jerry, mas o resto são pequenos multimilionários. Os grandes não se juntaram ao peditório. Jeff Bezos, da Amazon, saltou com a pandemia de 75 mil milhões para 189 mil milhões de dólares, a empresa disparou em Bolsa, mas não consta da lista. Ambani, o homem mais rico da Índia, disparou para 75 mil milhões mas não está entre os proponentes. Warren Buffett, um dos especuladores mais bem sucedidos das últimas décadas, que escrevia que a sua secretária pagava uma taxa de IRS maior do que a dele, também não.»
Francisco Louçã, Não se assuste, eles são só 0,0167%
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12 comentários:
'Levem-me o dinheiro que não sei o que fazer com ele' é uma atitude que legitimamente pode não ser partilhada por todos.
Há quem tenha fé no Estado e há quem tenha boas razões para desconfiar da sua acção.
A nota mais relevante é o tom de censura a quem na crise cresce em valor; cavando um pouco mais chega-se ao lugar de sempre, ao Estado açambarcador.
Jose,
Quem trabalha é que não vê nenhum.
Para os mais distraídos, isto é a velha, vulgar e ignóbil LUTA DE CLASSES.
As elites compram o poder, seja ele de direita ou de esquerda e, lentamente, os rendimentos vão sendo desviados para as elites.
Os esquemas até incluem eleger o "shakespear da bostada" para a presidência da maior potência mundial, o que mostra bem até onde as elites estão dispostas a ir para manter o status-quo.
Este apelo é ridículo e demonstrativo do nível e das intenções daqueles que elegemos, para supostamente defender o bem comum.
Consta que o Bezos trabalha...
Não será a nota mais relevante mas é notável que os açambarcadores repitam a ladainha que quem açambarca são os outros.
Há quem tenha fé na mão dos mercados. Antes teriam fé na mão de Salazar. Que também apoiava os Donos disto tudo
A nota mais relevante é ouvir alguém ter a lata de tentar justificar como legítima quem "cresce em valor" com a crise. E desta forma incomensurável
Faz lembrar os que "cresceram em valor" com a guerra mundial. Com a guerra civil espanhola.Com a guerra colonial
Quiçá com os cadáveres alheios
Pois é.
Mas definitivamente é pena ver o jose desconfiar assim do Estado. Ele que nunca desconfiou do estado colonial, do estado salazarial, do estado cavaquista, do estado troikista, do estado passista
Do estado assaltado pelos seus terratenentes banqueiros. Ou parasitado pelos donos do Capital.
Só lhe sobram estes achegos de ternura pelos que rebentam com tão "grande crescimento em valor". Até se adivinha uma lágrima de comoção
(O seu ódio rebarbativo está guardado para os que trabalham. Os "coitadinhos", na novilíngua dos eugenistas hodiernos)
A idiotice saloia numa frase:
"Consta que o bezos trabalha"
Também as prostitutas numa casa de passe e são bem mais honestas
Mas essa admiração bacoca pelos porno-ricos já vem detrás.
Tinha jose um carinho verdadeiro delico-doce por essa obra prima do porno-rico luso, também um capitalista incansável
Não li ainda o texto, mas no Público online de hoje um texto de Susana Peralta tem este título:
"BES sugou mais de 5% do PIB: os portugueses vivem abaixo das suas possibilidades"
Acontece que jose andou de mão dada com Passos a dizer que os portugueses viviam acima das suas possibilidades. Também emparceirou com a canalhada chique e capitalista da UE, bem representada pelo tal ministro holandês
A identificação destes amores dizem tanto dos amantes como dos amados
O descobrir a realidade por detrás das notícias pode custar para alguns. Pode incomodar outros. Pode colocar em cheque ideias pré-concebidas. Pode obrigar a fazer uso das células cinzentas
Pode também deixar outros irritados por ver assim os seus mitos e posturas ideológicas expostos com a crueza do que de facto são
Quando alguém diz que "Levem-me o dinheiro que não sei o que fazer com ele", como resposta ao texto, está por outro lado a admitir a aceitação e o horror das incríveis desigualdades a que assistimos. Com aquele jeito petulante das coisas que gostam destas coisas.E de forma quase que obscena a insinuar que o que se passa tem a ver com uma ignorância fundamental,que é o de não se saber o que fazer ao dinheiro.
( Do "shakespear da bostada" nem vale a pena falar. O joao ferreira pimentel ou aonio eliphis sabe bem o que fazer ao seu dinheiro e ao seu tempo )
Com uma dívida a avizinhar-se do 140% do PIB a nova matemática diz que 5% é quanto dista do 'abaixo das nossas possibilidades'!
A realidade é tramada. Tanto que obriga jose a fazer (mais uma vez ) estas figuras tristes.
A "nova matemática" para o jose deve ser a matemática que ele tentou aprender em Rapazote e a custo como se constata
(Não se sabe o que quererá dizer com os seus números da dívida. Ele que apresente a fonte dos seus números em vez de se assumir como um vulgar treteiro)
Mas o que não pode passar em claro é a tentativa de jose legitimar um discurso de ódio e de saque perante quem trabalha
Jose seguiu os passos de Passos Coelho. Tal como este, repetiu o estribilho que os portugueses viviam acima das suas possibilidades. Tal aliás como toda a tralha que tentava justificar o mesmo saque, desde o banqueiro terratenente, amado por jose, até ao ministro holandês, amado por qualquer trauliteiro neoliberal
Ora bem.
Segundo o PÚBLICO, os procuradores responsáveis pela investigação contabilizaram 11,8 mil milhões de euros de
“produto de crimes e prejuízos com eles relacionados”. Vamos então fazer umas contas. O produto interno bruto português foi em 2019 pouco mais de 212 mil milhões
de euros. Logo, o valor da fraude do caso GES/BES representa 5,6% do PIB.
Portanto, sejamos claros. Os portugueses e as portuguesas não vivem acima das suas possibilidades. Vivem abaixo, muito abaixo. Se os reguladores, o sistema judicial e os responsáveis políticos fizessem o seu trabalho, estes buracos negros aspiradores de valor, que sai diretamente do nosso bolso para o dos donos disto tudo, não apareciam por aí como cogumelos.
É a mão invisível dos mercados a apropriar-se do que é nosso
E a mão visível de jose a esconder e a minimizar a trampa abjecta duma doutrina e dos seus processos
( já agora...
esse numero - 11,8 mil milhões de euros- diz respeito apenas à fraude GES/BES.
Não está contabilizado todo o estrume adjacente das sucessivas fraudes,das rendas, dos negócios escuros, dos offshores ... aqueles ofsshores que jose elogiava e gabava.
A "nova matemática" do jose é mesmo a velhíssima matemática que o Zeca revelava:
"São os mordomos do universo todo
Senhores à força mandadores sem lei
Enchem as tulhas bebem vinho novo
Dançam a ronda no pinhal do rei
Eles comem tudo eles comem tudo
Eles comem tudo e não deixam nada"
e depois ainda vêm com estes trejeitos de pseudo-virgens em processo de reciclagem)
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