Foi há pouco mais de 50 anos.
Em Janeiro de 1969, Baltazar Rebelo de Sousa, governador geral de Moçambique, então com 48 anos, visitava as povoações do norte da província nomeadamente Porto Amélia e Ilha do Ibo.
Veja aqui as imagens do arquivo da RTP. E já agora veja aqui também, estas que mostram a passagem do ano em Montepuez, na província de Cabo Delgado. Baltazar foi acompanhado pela sua mulher Maria das Neves Fernandes Duarte e pelo filho único Marcelo. No filme, é possível vê-lo, ao seu filho Marcelo (ao minuto 7º), a dançar com ar comprometido, de quem não quer olhar para a câmara sabendo que ela lá estava. Já nesse tempo.
As imagens têm a frescura e a ingenuidade do olhar, quase próprias de quem pensa que o presente é imutável, coisa que as imagens actuais da televisão foram perdendo ao longo do tempo, homogeneizando-se e uniformizando-se na pressa, à medida que o espaço televisivo se privatizou.
Em Janeiro de 2020, o seu filho Marcelo - já com a idade de quem podia ser pai do seu pai quando visitou Moçambique - voltou ao país independente. Passeia com os jornalistas portugueses à perna, a fazer tudo o que seja folclore para Portugal - vai ao mercado, compra fruta, fala com os comerciantes, engraxa sapatos, etc. - porque nenhuma multidão o segue, como seguiu o seu pai.
Tudo parece um déjá vu perdido, abandonado, decadente.
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6 comentários:
Marcelo não comenta.
Sente.se em casa e não leva o cilício do colonialista. Que sacrilégio!
Ou seja, a relação dos cidadãos com o Poder, em particular com um Presidente de um País estrangeiro, dessacralizou-se porque Portugal e Moçambique se tornaram democracias (e o último um País independente primeiro), não foi? E existe um limite para a política dos afetos, sobretudo fora de portas...
Deixe lá, João Ramos de Almeida, Marcelo não foi fazer esse passeio para estar com os moçambicanos, fê-lo com um olho na sua recandidatura em Portugal. Ele sabe-a toda e está-se nas tintas para o despeito dos comentadores da Esquerda...
"O mundo repete-se a si mesmo, rigorosamente, até ao infinito."
Alan Lightman "Os Sonhos de Einstein".
Caro Jaime,
Tem toda a razão. Ele está simplesmente a pensar na recandidatura e nem se apercebe do patético que possa parecer.
E sinceramente custa-me que isso não lhe custe a si.
Supunha que Marcelo não era filho único. Tenho-o ouvido falar pelo menos num irmão chamado Pedro e talvez de um outro António. Também, para o caso, pouco importa. Ele é de facto único na forma como consegue atrair a classe jornalística que o segue para todo o lado e que bebe as suas palavras como se fossem o evangelho. E fazem-lhe as campanhas eleitorais à borla (ou melhor, principescamente pagas, como comentador durante mais de uma década).
Sem o menor problema de consciência ética...Coisas que admiram, talvez por ter sido até à eleição Presidente da Fundação da Casa de Bragança e desde sempre devoto beijador de mão de papa...
Enfim, afinal podia ser bem pior, um novo Cavaco.
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