segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Não se pode parar


«É com trabalhadores mobilizados e estimulados, com salários dignos, com condições dignas de trabalho, que se pode promover o crescimento económico, o desenvolvimento humano», afirmou Jorge Leite, jurista e professor jubilado da Universidade de Coimbra falecido no fim de Agosto. Foi um dos maiores especialistas do país em Direito do Trabalho, e um cidadão empenhado, ao lado do movimento sindical, na defesa das condições laborais e de vida dos trabalhadores. (...) É preciso compreender que, em todas estas lutas, os trabalhadores estão a ser alvo de reacções desproporcionadas por parte de patrões e do governo porque eles encarnam dois eixos centrais à globalização neoliberal austeritária: eles opõem-se aos ataques ao mundo do trabalho e situam-se em sectores por onde correm os fluxos (capitais e mercadorias) que o sistema entende não poderem parar… por causa dos lucros que permitem realizar. Na verdade, o governo português está a tomar como suas as dores de um sistema neoliberal europeu e global em que está cada vez mais inserido (e a crise também serviu para isso), quando o que devia fazer era compreender o que está em jogo e defender o Estado de direito democrático – como em parte fez perante os ataques ao Estado social.

Excertos do editorial, da autoria de Sandra Monteiro, sobre um país que não pode parar, no Le Monde diplomatique - edição portuguesa de Setembro. Neste número, podem, por exemplo, ler um artigo da componente francesa sobre Portugal, revelando os limites, a tal face escondida, de uma solução governativa irrepetível e intransmissível, até porque produto das circunstâncias específicas de um tempo e de um lugar. Não é aliás por acaso que o artigo começa pela lutas sociais em torno da habitação, uma das questões centrais de uma economia política ainda enviesada. O contraste com um certo turismo político internacional, tão deslumbrado quanto desinformado, não pode ser maior. Mas, afinal de contas, é do Le Monde diplomatique que estamos a falar.

10 comentários:

Jose disse...

Toda esta conversa do liberalismo é uma farsa que oculta o pressuposto do sistema que se lhe opõe.
O imperialismo é o que se opõe ao liberalismo; e no tempo em que a Europa tinha tropas e vontade de domínio, foi possível comprar barato e vender caro.

Ainda assim, o capital acumulado no passado e o capital que é atraído para esse seu mundo desenvolvido permite aos seus trabalhadores usufruírem de condições privilegiadas e o uso de meios tecnológicos sem paralelo.
Mas o pressuposto de qualificação e produtividade no uso de tais meios nunca são relevados e só a lengalenga do ´mobilizados e estimulados, com salários dignos' domina sobre um deserto do que seja a contrapartida exigível, e em final sempre a lengalenga é lida como 'comodidades e benesses'.

Jaime Santos disse...

Contrariamente ao que diz, a solução só é irrepetível e intransmissível se as diferentes partes assim o quiserem. Poderá repetir-se, mas seguramente noutros moldes, porque as condições sociais e a composição da AR serão distintas. A única coisa que é necessário que haja é boa vontade e a noção de que é melhor conseguir alguma coisa, mesmo que insuficiente, do que não conseguir nada...

As soluções de Governo em Democracia, João Rodrigues devem-se em grande medida a coligações de votantes cujos interesses são a mais das vezes contraditórios. Quem se quiser refugir na pureza dos princípios estará provavelmente condenado a perder sempre...

Anónimo disse...

Jose fala de farsa?

Como a farsa a que se prestou quando tentou inocentar barrientos? E encontrar justificações para o massacre de San juan?

É bom começarmos a chamar o nome pelos bois. E os farsantes como farsantes

Anónimo disse...

A farsa de jose continua

Agora quer que toda a história do liberalismo seja uma farsa


As idiotices têm um limite. Pode ser que seja a impotência de quem já não é capaz de defender a trmapa do liberalismo .E se arremeda com as idiotices do "imperialismo se opor ao liberalismo"

A mediocridade dum determinado patronato assusta.

Anónimo disse...

Jose tem azar no seu "nunca são relevados" e na sua lengalenga em defesa das suas comodidades e benesses

É que os factos rebelam-se contra as suas tretas . E o que se vê é a disparidade da distribuição da riqueza entre o mundo do trabalho e o mundo do Capital

Anónimo disse...

O condicionamento ideológico assenta na santíssima trindade da nova religião da economia: business, empreendedorismo, neoliberalismo.

Entre nós, a expressão deste posicionamento manifesta-se também na imprensa dita económica, ligada aos interesses económicos, e em publicações como as do «Fórum Económico para a Produtividade» ou, por exemplo, nos noticiários, que diariamente matraqueiam sobre o andamento das bolsas, como se as cotações diárias fossem do interesse de cada cidadão.

Apesar de toda esta ofensiva ideológica, das derrotas do socialismo, das pressões do imperialismo norte-americano, da CIA, das ingerências directas e indirectas, através do Banco Mundial, do FMI, das diversas Organizações Não-Governamentais e seitas religiosas, a nível mundial o grande capital percebe que os trabalhadores e os povos não se rendem e que as injustiças gritantes do capitalismo e as suas contradições acabarão por gerar novas explosões. Hoje não se ouvem afirmações tão triunfalistas como as que pronunciou o multimilionário Warrem Buffet, em 2005, ao caracterizar essa fase histórica: «a luta de classes existe claramente, mas é a minha classe, a dos ricos que a conduz e que a ganha».

O descrédito é geral com as políticas ao serviço do grande capital, ao serviço do capital financeiro. Chris Hedges considera que o capitalismo na sua expressão neoliberal perdeu o seu crédito político, o que «obriga as elites a alianças pouco recomendáveis com os neofascistas, que nos EUA são representados pela direita cristã. Este fascismo cristianizado preencheu rapidamente o vazio ideológico de Trump e é incarnado por personalidades como Mike Pence, Mike Pompeo.

Anónimo disse...

Fala-se em imperialismo e em neoliberalismo daquele jeito um pouco tonto de quem gosta de usar o dicionário como se fosse uma matraca. É o caso da matraca do imperialismo ser o que se opõe ao neoliberalismo.

Olhem para os EUA a opor-se ao liberalismo.

Anedotas idiotas infelizmente não passam de idiotas anedotas. Manifestações kolturias que marcam indelevelmente tais farsantes

Para se subir um pouco o nível a que nos remeteu o farsante neoliberal-imperial falemos de um livro de Pierre Bourdieu e Löic Wacquant "O Imperialismo da Razão Neoliberal" que aborda este tema de uma outra e original forma.


"Em todos os países avançados, patrões, altos funcionários internacionais, intelectuais de projeção nos media e jornalistas do top, estão de acordo em falar uma estranha novilíngua, cujo vocabulário, aparentemente sem origem, circula por todas as bocas: “globalização”, “flexibilidade”, “governabilidade” e “empregabilidade”, “underclass” e “exclusão”, “nova economia” e “tolerância zero”, “comunitarismo”, “multiculturalismo” e os seus primos “pós-modernos”, “etnicidade”, “minoridade”, “identidade”, “fragmentação”, etc. A difusão dessa nova vulgata planetária – da qual se encontram notavelmente ausentes capitalismo, classe, exploração, dominação, desigualdade, e tantos vocábulos decisivamente revogados sob o pretexto de obsolescência ou de uma presumível falta de pertinência – é produto de um imperialismo apropriadamente simbólico.

Eis uma questão bem curiosa que dá que pensar.

Anónimo disse...

Os tempos claro que são outros, obrigando pessoas como jose a emendarem-se continuamente e a tentarem dourar a pílula do jeitinho aí em cima expresso

Mas nos anos de chumbo da governação de Passos Coelho, jose não hesitava. E juntava o seu liberalismo a um assumido imperialismo. Deste jeito francamente caceteiro:

"Bem fazem os USA em acautelarem-se dos 'progressistas' europeus que 'facilitam' o investimento para obterem emprego e ganharem votos e a seguir caem-lhe em cima com leis e regulamentos que as tornam ingovernáveis ou não rentáveis.
Há demasiados 'comedores' na Europa travestidos de comunas para que o risco não deva ser considerado".

Quase que se adivinha o "heil América" em prol das "ideias liberais"

Anónimo disse...

No tempo em que a Europa tinha tropas?

Mais uma pantominice de um pantomineiro. A Europa tem tropas e gasta o que não devia em armamento. Atascada à NATO e envolvida em guerras e massacres

Mais uma vez a mentira dita com a desfaçatez de conivência

Anónimo disse...

( mas repare-se... por trás deste disparate da Europa sem armas está um assumido desejo húmido imperial.
Para Angola e em força, não era o slogan que usava?)