quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Ajudas de Estado

No Público de hoje
Era interessante analisar de que forma se está a criar lucro na banca.

Porque de repente, numa alteração de clima, os bancos tendem a dar muitos prejuízos. Esses prejuízos lapidam as receitas fiscais no futuro, através de créditos fiscais durante anos devidos pelo reporte de prejuízos tido no presente, ou seja, uma "ajuda de Estado" indirecta. Depois, esses prejuízos apenas são sanáveis com as "ajudas do Estado" directas, através de injecções de capital, raramente pedidas aos accionistas privados, cobrindo os buracos, os desfalques, os créditos concedidos sem as garantias devidas e que rapidamente se tornam incobráveis, raramente indo atrás do dinheiro que se perdeu num negócio com offshores ou agentes económicos fraudulentos na Costa Rica. Há presos nas cadeias por roubos bem menores do que esses.

A estas "ajudas de Estado", a Comissão Europeia - na sua visão pouco técnica do problema e acintosamente político-ideológica - fecha os olhos. Mas apenas os abre quando um Governo legítimo pretende reforçar os capitais da banca pública ou das empresas públicas, que prestam serviços básicos à população. Aí, no seu entendimento, há uma desvirtuação do mercado e a Comissão Europeia defende, antes, a privatização das entidades descapitalizadas (de preferência a baixo preço).

A campanha actual é em torno dos caminhos de ferro... tal como em França. Veremos se o Estado não vai agora investir na infraestrutura ferroviária, para depois vender o produto já limpo...

Mas a Comissão nunca se pronuncia quando se verifica, depois, que a cartelização de preços (veja-se o caso da seguradora que a CGD foi obrigada a vender por imposição externa), a transferências de rendimentos através dos preços de transferência, enfim a dita concorrência de mercado se transformaram num pesadelo para a vida de todos, com preços mais elevados pelos mesmos serviços, com menores coberturas de serviço, tudo pagando os lucros que, finalmente, são exportados para o exterior.

9 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom

Jose disse...

O reporte de prejuízos como ajuda do Estado, levam-me a refrescar-me na piscina, imediatamente...

Anónimo disse...

Falcatruas na banca, créditos a amigos e desfalques? Pensava que se estava a referir à CGD. Mas esqueci-me que estamos no LdB, logo a CGD sempre foi gerida à luz dos princípios éticos e probos de gestão.

Anónimo disse...

As 11 e 30 temos o Vitor aonio Pimentel ferreira

Será altura de lhe relembrar o que já se lhe apresentou debaixo do nariz?

Al disse...

É isso. Clareza liminar neste texto.

Anónimo disse...

Percebe-se que a piscina seja mais atractiva para o jose quando se depara com o que é irrefutável

E o "reporte dos prejuízos" é um tema que o perturba. Que diacho, ele também não é consultor financeiro? Sabe do que a casa gasta

Pelo que a fuga encetada por jose, em direcção à piscina e mais além, pode ser útil para ele tentar escamotear a realidade.

Mas não passa

E socorrendo-nos das palavras preciosas do JRA:

"de repente, numa alteração de clima, os bancos tendem a dar muitos prejuízos. Esses prejuízos lapidam as receitas fiscais no futuro, através de créditos fiscais durante anos devidos pelo reporte de prejuízos tido no presente, ou seja, uma "ajuda de Estado" indirecta. Depois, esses prejuízos apenas são sanáveis com as "ajudas do Estado" directas, através de injecções de capital, raramente pedidas aos accionistas privados, cobrindo os buracos, os desfalques, os créditos concedidos sem as garantias devidas e que rapidamente se tornam incobráveis, raramente indo atrás do dinheiro que se perdeu num negócio com offshores ou agentes económicos fraudulentos na Costa Rica. Há presos nas cadeias por roubos bem menores do que esses"

Lembram-se dos "hinos" de jose a tal gentalha? E dos repenicos em relação ao governante nomeado por Passos para olear a máquina dos offshores?

Vai um tirinho, herr jose? Ou na sua linguagem moderna, um mergulhozinho na piscina?

Anónimo disse...

Para esclarecer o papel da CGD e o insulto ao LdB por um alvar personagem a 23 de agosto de 2018 às 11:28:

https://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2018/08/o-crime-compensa.html

"Os cargos na gestão do banco público serviram para distribuir lugares de acordo com prioridades que nada têm a ver com os interesses da CGD. Recuámos a 1989, à época da privatização da banca, da criação da União Económica e Monetária e das maiorias absolutas do PSD, com Cavaco Silva como primeiro ministro. Analisámos os dez mandatos que cobrem o período entre 1989 e 2015 e os números são claros: a passagem de ex-governantes, militantes, dirigentes e gente próxima do PSD, do PS e, a partir de 2004, do CDS tem sido regra na gestão da Caixa.

Mas uma análise caso a caso mostra outra realidade: a promiscuidade alastra-se ao regulador – o Banco de Portugal – e à banca privada. O que têm em comum Vieira Monteiro, Mira Amaral, Carlos Santos Ferreira, Tomás Correia e Jorge Tomé? Todos eles foram presidir a bancos privados depois de saíram da Caixa. Na verdade, os três primeiros ainda estão à frente do Santander Totta, do BIC, e do BCP, respectivamente.

Os conselhos de administração da Caixa Geral de Depósitos foram, ao longo dos últimos anos, território ocupado por gente próxima do poder político e económico, que muitas vezes se confundem. Na verdade, a actual composição dos órgãos sociais da Caixa não mostra qualquer ruptura com este passado, pelo contrário. Paulo Mota Pinto, ex-deputado e dirigente do PSD, preside à Assembleia Geral. Rui Vilar, o primeiro presidente do período que abordamos, é vice-presidente do conselho de administração.António Domingues, e metade da comissão executiva vieram directamente do BPI para o banco público."

Anónimo disse...

Mas alguém disse o contrário? Apenas demonstra que o banco não é por ser público que está imune a desfalques. É que os camaradas gostam de transmitir-nos a ideia de que se é público, é bom!

Anónimo disse...

Alguém disse o contrário sim senhor,

E a prova disso é aquele comentário sobre a gestão da caixa

À CGD não baste ser pública. É preciso limpar a trampa do bloco central de interesses lá entranhada. É preciso recuperar a lisura da sua gestão. É preciso colocà-la ao serviço da economia nacional. Ê preciso um escrutínio público rigoroso

É preciso voltar aos tempos duma banca nacionalizada, sem as fraudes, as negociatas, os crimes, os conluios, os desfalques, os roubos, as pulhices duma banca privada