Dimitrios Papadimoulis, eurodeputado do Syriza e vice-presidente do chamado parlamento europeu, insurgiu-se na passada quarta-feira, em artigo no Público, contra a ida de Barroso para a Goldman Sachs, lembrando, entre outras coisas, as políticas neoliberais promovidas pela Comissão Europeia quando este último foi presidente.
Acontece que o Syriza cresceu durante esses anos em oposição a essas políticas, mas depois aceitou implementá-las, confirmando de forma decisiva o triunfo político das forças sociais que a venal transição de Barroso acaba por simbolizar.
Este eurodeputado termina a lembrar o eurocepticismo assim promovido por Barroso, associando esta tendência à extrema-direita, esperando assim implícita e penosamente que as elites do poder se rendam a uma suposta razoabilidade europeísta para combater o que no fundo tantas vezes lhes tem sido funcional.
O moralismo é o que resta quando não se tem instrumentos de política e quando não se está disposto a recuperá-los. O moralismo e os EUA, agora transformados em equivocada referência. Assim se revela a impotência absoluta e também assim se abre o caminho às direitas, a todas elas. O drama é claro: a esquerda europeísta pode desaparecer que cada vez menos darão politicamente pela diferença.
O que dizer mais dos que pretendem “mudar a Europa” e trazê-la de volta a um qualquer lugar imaginado de justiça social, um truque gasto, gasto, enquanto aceitam ser a face interna da economia política da regressão no seu assim fundadamente desesperançado país?
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7 comentários:
Sempre acontece a quem tem falta da tenacidade e gradualismo associado às reformas, vêm numa qualquer crise uma viragem, sem que possam garantir que tal não seja no sentido oposto às suas aspirações.
Tanto um como o outro não passam de dois anticomunistas serventuários do capitalismo. Mais dois escroques da sociedade!
Como sabemos o capital paga bem a quem lhe serve bem. Ainda que o segundo depois de enganar o povo grego enganou-se a si próprio. Quanto a´ “moral”, na actual conjuntura, e´ verde e o asno comeu-a!
E´ necessário afirmar ate ao infinito que o capital não tem pátria nem moral.
E que todos os Durões Barrosos, sejam eles portugueses ou de outra nacionalidade, não passam de “crédito mal parado”!
De Adelino Silva
Refere-se concretamente a quem na frente interna, João Rodrigues? É que eu vejo mudanças para melhor, ténues, é verdade, resultantes da atuação da nossa Geringonça. Já quando o Syriza tentou irromper pela austeridade dentro foi o que se viu. Em vez de continuar a arengar contra quem defende que o que existe por pouco que seja é melhor do que saltos no escuro, sugiro-lhe que faça um esforço por mostrar a mão, em vez de se limitar a atirar pedras. Ainda não percebi bem, confesso, o que sucederá se levar a sua avante. Segundo o seu colega Jorge Bateira, se sairmos do Euro nacionalizamos a Banca e deveremos, imagino eu, igualmente nacionalizar todas as empresas que falirem como resultado. Ou seja, coletivizamos uma grande parte dos meios de produção. É isto que verdadeiramente quer, não é?
O Syriza tentou o quê?
O Syriza traiu em toda a línha. O Syriza traiu o voto popular e submeteu-se às políticas de Barroso e de Merkel.
Donde não deixa e ser cómico( sinistramente cómico) que quem fala de pedras não veja que as pedras continuam a chover sobre a Grécia, cada vez maiores, cada vez mais ameaçadoras. Sob a batuta do directório e com o apoio sem vergonha de quem serve o directório.
Um excelente post de João Rodrigues.
Lúcido e sereno . E a chamar, exemplarmente, o nome aos bois.
"falta da tenacidade e gradualismo associado às reformas"
O que significa concretamente esta frase?
Um mantra ao género doutro mantra recitado por um senhor da banca:
"Ai aguenta, aguenta". Ou outra forma de convocar à tenacidade.
( o gradualismo é apenas uma piada dita gradual de quem pedia mais troika para além da troika e que suspirava pela continuação da governança troikista. Era apenas uma questão "gradualista"
Mais uma da alta roda da vampiragem que nos cerca:
" Christine Lagarde vai ser julgada
Tribunal rejeitou o recurso de Lagarde. Directora do FMI julgada pelo seu envolvimento no pagamento de 400 milhões de euros ao empresário Bernard Tapie".
Até quando esta cegueira perante esta valsa neoliberal?
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