quarta-feira, 22 de junho de 2016
Limites
O Rui Tavares, já por variadas vezes, usou a linha de "os extremos tocam-se" para criticar as posições dos que, à esquerda, criticam a deriva liberal e autoritária das instituições europeias e colocam em cima da mesa a possibilidade de outros caminhos para a defesa da democracia e do Estado social. Não me alongarei muito sobre isso. O argumento das companhias é imprestável para qualquer debate sério e, convenhamos, aplicado ao RT, coisa que não faço nem farei, também o deixaria em maus lençóis.
Mas, neste artigo, o RT vai mais longe, bem para dentro de uma estratégia grave: co-responsabilizar a esquerda pelo assassinato de Jo Cox, através da sua eventual contribuição para o "ambiente" que o Rui designa como "Cosmofobia" é demais. O debate sobre a Europa é um dos debates decisivos à esquerda e vive bem sem golpes baixos. O RT escreve:
"Basta ver a forma como se ganha votos e aplausos fáceis carregando nas tintas da “chantagem” e da “ingerência” europeia, do “inferno” europeu de que é preciso fugir a todo o custo."
Ora bem, só para citar alguns exemplos frescos na memória, o que a UE fez à Grécia chama-se "chantagem", o que fez no caso BANIF chama-se "ingerência" (e corrupção, já agora) e as experiências de engenharia económica e social conduzidas ou toleradas pela UE em alguns dos seus Estados-membros estão a gerar um ou vários "infernos". Era só o que mais faltava que não se pudesse dar os nomes certos a essas realidades, sob pena de se ser acusado de cumplicidade com um assassino de extrema-direita. Isso, já agora, também é uma "chantagem".
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11 comentários:
Rui Tavares, mais um lobo neoliberal na pele de cordeiro de esquerda estou a ver…
Mais um que se diz democrata mas não entende porque razão haveria a população discordar da sua amada U.E. e de a não desejar como ele deseja.
O Rui Tavares é daqueles que parece não sofrer com crise, uma crise deliberada que os senhores “democratas” de Bruxelas têm aproveitado para impor o empobrecimento aos europeus, pois fique a saber o Rui Tavares muitos não são privilegiados, muitos estão fartos de ser saco de pancada de eurocratas/ tiranetes e muitos desejam agora querem ver-se livres desta UE que os impõe um futuro de miséria e ditadura.
Apoio a saída do Brexit, porque não há lugar para a democracia na UE e porque não estamos condenados a viver no desalento e na miséria como os tiranetes de Bruxelas e de Berlin nos querem!
Não lembro de onde li isto: ´A "esquerda" representa o povo, ouve-se desde a eternidade. Quem são portanto estes energúmenos que ousam nos contestar?´
Talvez seja um exagero mas apetece dizer como o Pinheiro de Azevedo, miseravelmente, disse aos trabalhadores da construção civil em Belém – bardamerda Rui Tavares - seu Miguel de Vasconcelos – há certo tipo de gente que utiliza a tal fórmula cobarde de - “Se não podes com eles, junta-te a eles”. Pelo menos um burgues deixou de fingir, já não e´ mau… de Adelino Silva
Há, no mínimo, uma grande ingenuidade de RT quando fala de “cosmopolitismo político”.
Muitos temos razões de queixa do funcionamento, ora discricionário, ora anti-democrático, que exibe a União Europeia, mas que, pelos vistos será uma vaca sagrada para alguns deslumbrados.
(aqueles corredores do PE devem ser viciantes!)
Caro José Gusmão,
Atente neste post, aparentemente inócuo, no blogue Aventar (https://aventar.eu/2016/06/18/em-defesa-de-portugal/):
"O ataque do PSD à Caixa Geral de Depósitos, o último pilar do sistema financeiro português, evidencia mais uma vez que os inimigos de Portugal vivem cá dentro ..."
O PSD defende (para simplificar), que a CGD devia ser privatizada. Discordando totalmente desta opção, reconheço nela uma opção política legítima e aceitável num sistema político democrático. Qualificar, a este propósito, adversários políticos (neste caso o PSD) como "inimigos de Portugal vivem cá dentro", ou seja "traidores", é "dar os nomes certos a essas realidade"?
Ainda a este propósito, relembro este artigo:
"Garcia Pereira: “Traidores não estão isentos da morte certa”"
http://expresso.sapo.pt/legislativas2015/outros/2015-09-24-Garcia-Pereira-Traidores-nao-estao-isentos-da-morte-certa
Há limites na linguagem usada no combate político que não deviam ser ultrapassados, sob pena de nos tornarmos instigadores e cúmplices (ainda que involuntários) de actos como este:"Presumível assassino de Jo Cox defende "morte aos traidores"" http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/presumivel_assassino_de_jo_cox_defende_morte_aos_traidores.html
Há uma regra que devia estar sempre presente em todo o debate político sério: por muito que discorde das opções políticas dos outros, e considere gravosas as consequências presentes e futuras dessas políticas, reconheço que o que move os outros é o mesmo objectivo de progresso para Portugal. No caso da CGD, como já afirmei, embora discorde totalmente da sua privatização (mesmo parcial) e considere que as consequências dessas privatização seriam catastróficas, reconheço nos defensores dessa opção a convicção (do meu ponto de vista, errada) de que era o melhor para Portugal.
Não é por acaso que Rui Tavares tem uma coluna no Público.
" reconheço que o que move os outros é o mesmo objectivo de progresso para Portugal."
Pinochet, Salazar e outros amigos do neoliberalismo também eram pelo "progresso dos seus países".
Então não eram...
Não, não eram!
Eram pelo progresso de uma minoria que é SEMPRE feita às custas da maioria.
Se Passos Coelho não atingiu, na prática governativa, os níveis de reacionarismo de Salazar é porque a 25 de Abril de 1974 algo aconteceu, e apesar de todos os defeitos, desde então desenvolveu-se um pouco mais a cultura democrática em Portugal!
O Anónimo das 16:28, bem pode acreditar no que escreveu mas na prática a realidade é outra, e se a História fizer justiça Passos Coelho será lembrado como um verdugo que pôs em prática uma agenda reacionária e esclavagista.
O Anónimo das 16:28 parece muito preocupado com o bem estar do Passos Coelho & amigos, será que tem a mesma preocupação pelas vítimas da agenda neoliberal, ou sequer alguma preocupação?
Os extremos tocam-se pelo que os caracteriza: o extremismo.~
Ignorando a chantagem da Grécia e proclamando a chantagem à Gtréca.
Chamando de ingerência à acção de quem disponibiliza milhares de milhões em ajudas e empréstimos.
Quanto aos infernos, sempre referem as consequências despidas de referências às causas.
Tudo fácil nos extremos!.
Os extremos tocam-se?
Essa é uma bojarda em busca de justificação para as habituais cobardias.
Não confundir um sítio da direita-extrema com sítios mais limpos e higiénicos
O mais do resto é esta conversa de agiota velho e caquético a tentar vender a agenda dos coitadinhos de quem vive à custa de empréstimos e de saques.
Ah! São uns bondosos estes que disponibilizam tantos milhares de milhões para ajudas não são?
Os caninos crescem-lhes tanto como o dinheiro nos bolsos e a conta nos offshores
Não há limite conhecido para a imbecilidade
Lá saberá que não tem limites a do tipo das 01 e 38.
Mas seria bom que em vez de proferir um slogan em jeito de reza fosse mais substantivo.
Os extremos tocam-se pode ficar bem num filme pornográfico mas a higiene pública não deixa passar esta bojarda a tentar desvalorizar aquilo que de facto separa a pulhice xenófoba da direita-extrema, da solidariedade tantas vezes patenteada pelo designado outro extremo.
Quem andava com os Pides ao colo e levantava a mão na saudação sinistra sabemos nós quem era.Quem combatia tais crápulas também.
O tocar-se deve referir-se à porrada que os primeiros davam nos segundos
Os extremos tocam-se pelo que os caracteriza: pela letra "e" e pela letra "d" e pela letra "r" e pela letra "a" que existem tanto na palavra direita como esquerda.
Boa.
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