A economia portuguesa é um caso singular no contexto europeu: foi das economias que mais cresceu na década e meia que precedeu a entrada em vigor do euro (a terceira, a seguir à Irlanda e ao Luxemburgo) e uma das economias que menos cresceu na década e meia seguinte (a par com a Itália). Na verdade, como já aqui mostrei, se usarmos indicadores apropriados para medir a variação da riqueza nacional concluímos que Portugal é hoje um país mais pobre do que era na viragem do século.
Nenhum país registou um contraste tão grande entre os períodos pré e pós-euro no que toca ao crescimento do PIB. Mais, contrariamente a outros países em crise – como a Grécia, a Irlanda ou a Espanha – o fraco desempenho da economia portuguesa não é um fenómeno pós-'crise do subprime’, sendo observável desde o início dos anos 2000.
Dada a coincidência temporal, a pergunta impõe-se: a culpa da crise portuguesa é da moeda única europeia?
Tal como argumentei aqui há já algum tempo, o factor distintivo dos países em crise na periferia da zona euro é a sua elevada dívida externa. Assim, podemos reformular a questão acima e perguntar: o aumento do endividamento externo resultou da adesão de Portugal ao euro?
(*)
A resposta não é simples – e o gráfico abaixo ajuda a perceber porquê. Este gráfico mostra a evolução anual das contas externas portuguesas, em percentagem do PIB.
O endividamento da economia portuguesa face ao exterior resulta da acumulação, ao longo dos anos, de evoluções negativas do saldo conjunto das balanças corrente e de capital. [Eu sei, eu sei, isto agora começou a soar demasiado economês; mas não desistam: com um bocadinho de esforço, consegue-se perceber a ideia.]
A balança corrente (barras azuis no gráfico) é composta pela balança de bens e serviços (ou seja, as exportações menos as importações), pela balança de rendimentos (fluxos de juros, lucros, etc.) e pelas transferências correntes (remessas de emigrantes para Portugal menos remessas de imigrantes para o estrangeiro, e outras transferências unilaterais). A balança de capital (barras claras), por sua vez, corresponde fundamentalmente às transferências de fundos estruturais para Portugal.
Sendo Portugal um beneficiário líquido de fundos europeus, o saldo da balança de capital (barras claras) é positivo desde meados da década de 1980 (i.e., da adesão à CEE). Cresceu desde então até meados da década seguinte, estabilizando até 2000. Depois disso, o seu peso no PIB diminuiu, reflectindo o desvio relativo de fundos para os novos Estados Membros da UE.
Com isto, a posição externa da economia portuguesa piorou um pouco. Mas esta é apenas uma pequena parte da história do endividamento português.
Mais importante, o saldo da balança corrente (barras azuis), que foi quase sempre negativo, começou a agravar-se na segunda metade da década de 1990, mantendo-se ao longo dos anos 2000 a níveis sistematicamente mais negativos do que na década precedente. Como se pode ver no gráfico, há dois factores que contribuem para deterioração da balança corrente em Portugal no período referido:
(i) a redução das transferências correntes (linha côr-de-laranja no gráfico), a qual foi essencialmente determinada pela diminuição das remessas de emigrantes e de algumas transferências da UE; e
(ii) a deterioração da balança de rendimentos (linha vermelha no gráfico), fundamentalmente determinada pelo crescente peso dos juros pagos ao exterior, dado o elevado endividamento privado e público em Portugal, cujo maior crescimento se verificou ainda antes de 2000.
Há um terceira componente da balança corrente que ainda não foi referida – e que, analisando o gráfico, não aparenta ter contribuído para o aumento do endividamento externo após 2000 – a balança de bens e serviços (linha verde no gráfico). De facto, embora sendo muito negativo, o saldo da balança de bens e serviços na década de 2000 não foi pior do que na década precedente.
Ou seja, diz-se, por vezes, que a crise da economia portuguesa se deve ao facto de termos passado a viver com uma moeda demasiado forte, que expõe os produtores portugueses à concorrência externa, fazendo diminuir as exportações e aumentar as importações (o que se traduziria na degradação das contas externas). No entanto, não parece ter havido um agravamento do défice da balança de bens e serviços após a entrada no euro.
Pelo contrário, os factores que parecem estar na base do maior endividamento externo – redução das transferências da UE, redução das remessas de emigrantes e aumento do pagamento de juros – têm, à primeira vista, pouco a ver com o euro.
Assim, a pergunta que se impõe é outra: andarão equivocados aqueles que apontam o euro como a origem dos nossos problemas?
[Continua…]
(*) Esta é uma questão que o economista Ricardo Cabral analisou em detalhe aqui, num texto indispensável que está na base da discussão que aqui desenvolvo.
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29 comentários:
«o saldo da balança de bens e serviços na década de 2000 não foi pior do que na década precedente»
Foi só piorzinho?
Ricardo, escrevi algo desse género há uns tempos (passe a publicidade):
http://desviocolossal.wordpress.com/2013/06/19/o-falso-problema-da-competitividade-1/
http://desviocolossal.wordpress.com/2013/06/27/o-falso-problema-da-competitividade-2/
http://desviocolossal.wordpress.com/2014/05/02/viver-acima-das-possibilidades-algumas-pontas-soltas/
Pedro,
a publicidade é bem vinda. Mas a história não acaba aqui...
Como este primeiro post se apoia no texto de Ricardo Cabral, talvez seja pertinente recordar a propósito uma intervenção recente desse economista sobre a matéria:
http://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2014/09/24/006/
"O que é que o euro tem a ver com a crise da economia portuguesa?"tem tudo a ver com o agravamento dos desequilíbrios endógenos resultantes de uma inserção internacional feita à custa de uma política de desvalorização sistemática que acomodava esses desequilíbrios que quando deixou de ser possível atingiu o processo de financiarização que explode quando o produto nominal deixa de crescer como até aí e os défices primários se conjugam numa trajectória da dívida explosiva.
Anónimo,
precisamos de um pouco de mais de explicação, não lhe parece?
A verdade é que 2000 talvez não seja o melhor ano para ter em conta, mas 1992 , com a adesão do escudo ao Mecanismo das Taxas de Câmbio (MTC) do Sistema Monetário Europeu (SME). É a partir dessa altura que a utilização da taxa de câmbio como mecanismo de ajustamento a choques assimétricos começou a ficar severamente limitada.
De uma análise rápida do documento linkado de Ricardo Cabral há uma expressão que surge várias vezes e que me chamou a atenção.
"Constata-se, a partir da Figura 2,que o país, desde 1953, importa mais do que exporta, i.e., “vive acima das suas possibilidades”."
Afinal a expressão "vive acima das suas possibilidades" tem uma explicação simples e pode ser usada por não-neo-liberais sem que caia o Carmo e a Trindade. Como é bom ser de esquerda.
Pois, eu prefiro afirmar que produzimos abaixo das nossas capacidades.
a questao e q a divida so se torna um problems qd o pais nao tem controlo sobre a moeda, porque neste caso deixa de ser obvio q um governo a consiga pagar.
A divida so e um problema qd n se tem controlo da moeda e o risco de default e real. Com o escudo o problema q poderiamos ter seria d inflacao..
A questão é que a nossa procura interna teve uma evolução bastante comedida na década de 2000.
No entanto, continuámos a acumular défices bastante substanciais na balança corrente.
Portanto acho que é óbvio que com o Euro é impossível a economia apresentar um crescimento sustentado pois isso leva imediatamente ao agravamento da procura interna que depois se traduz num contributo negativo por parte da procura externa líquida.
Daí estarmos piores do que em 1998 em termos de PIB porque a economia não consegue crescer sem acumular défices externos. É preciso sair do euro para estimular a procura interna e substituir importações. Assim a economia já pode crescer e manter um equilíbrio externo.
Manter défices externos apenas faz sentido em situações em que seja necessário ir buscar capital aos exterior para financiar a FBCF.
Em Portugal o financiamento não se investiu e desbaratou-se em outras coisas que não a indústria.
Agora temos uma economia descapitalizada e que todos os anos perde capacidade produtiva sendo o FBCF insuficiente para cobrir a depreciação do capital fixo.
Caro Ricardo Paes Mamede,
Peço desculpa por voltar ao tema (e desviar um pouco do tema central desde post), mas confesso que ainda não recuperei da estupefacção: embora o Ricardo prefira dizer "produzimos abaixo das nossas capacidades", não o sinto particularmente escandalizado com o "vivemos acima das nossas possibilidades". E este é um exemplo de como a discussão na praça pública está hoje completamente dominada pela histeria e falta de racionalidade, eu diria até desonestidade intelectual. Experimente, por exemplo, pesquisar "acima das possibilidades" no Blogue Ladrões de Bicicletas (e este blogue até é dos mais comedidos na linguagem e dos que mais aprofundam a análise).
O que foi dito acerca do "vivemos acima das possibilidades"? Ao contrário do que foi muitas vezes afirmado, não é uma expressão que reflecte de forma bastante simples e sem qualquer moralismo uma realidade facilmente constatável? Porquê então a histeria?
O artigo de Ricardo Cabral utiliza a expressão e até a define de uma forma bastante simples, sem que isso faça levantar o coro de indignação a que estamos habituados. Porquê esta dualidade de apreciação?
Finalmente, porque não tenho qualquer dúvida que é uma pessoa com quem se pode conversar serenamente, um desafio: "produzimos abaixo das nossas capacidades" é incompatível com o "vivemos acima das nossas possibilidades" de Ricardo Cabral? Ou, pelo contrário, podemos "produzir de acordo com o máximo das nossas capacidades" e mesmo assim "viver acima das nossas possibilidades" (versão de Ricardo Cabral)?
Esta é uma das perguntas mais importantes que deve ser feita. É que existe uma narrativa demasiado simplista, de que o euro é o responsável pelo fraco desenvolvimento económico, pelo aumento brutal da dívida, etc.
A dependencia do país já nos anos 60 e 70 do séc. XX produziu trabalhos interessantes como os de Mirian Halpern Pereira. A crise atual tem tudo a ver com a finança, ou não?
Sejamos claros e honestos.
A expressão "vivemos acima das nossas possibilidades" é que foi usada até à exaustão, até à náusea pelo discurso oficial e oficioso governamento-neoliberal
Um exemplo de como a discussão na praça pública foi completamente dominada pela histeria e falta de racionalidade, eu diria até desonestidade intelectual.
Basta pesquisar todos os media ao serviço do poder. Basta pesquisar nos mais ou menos blogues fundados nas escolas neoliberais e na sombra do poder de direita e extrema-direita.
Sejam mais ou menos comedidos na linguagem, mais ou menos papistas que merkel ,ou mais ou menos troikistas que a troika
Agora virar o bico ao prego desta forma é deveras interessante. Ou de como o discurso neoliberal começa a ver tremer a sua postura axiomática
De
- "produzir de acordo com o máximo das nossas capacidades"
- "viver acima das nossas possibilidades" (versão de Ricardo Cabral)
- "viver abaixo das nossas necessidades"
É ou não possível que as três expressões acima coexistam num determinado momento para descrever correctamente uma economia/sociedade?
Estou curioso de ver a continuação. Deixa os teorizadores da culpada é a merkl corados de raiva(ou vergonha?)
Para terminar ("viver acima das nossas possibilidades").
O Ricardo Paes Mamede, o João Rodrigues e o Ricardo Cabral (e outros) fazem parte, sem dúvida, da elite de académicos em ascensão. Têm por isso, a meu ver, uma responsabilidade acrescida de contribuir para um debate público de qualidade. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que, por acção (por aquilo que escrevem e dizem), assim tem acontecido. Mas também têm, a meu ver, de contribuir para a qualidade e serenidade desse debate não deixando, por omissão, que ele resvale para a histeria, a falta de rigor, a demagogia, ... E o caso "viver acima das nossas possibilidades" ilustra, desculpe que lhe diga, que não estiveram à altura dessa responsabilidade. O artigo de Ricardo Cabral mostra como poderia ter sido uma contribuição serena no sentido de procurar logo à partida "desarmar" eventuais histerias demagógicas que se formaram à volta da expressão quando afinal ela tem respaldo na realidade.
O fundamentalismo histérico do " vivemos acima das nossas possibilidades " está bem patente nas palavras do césar das neves, quando , com um certo ar de messias na terra a pregar aos pobres de Cristo, proclamava em voz alterada que "o povo comprou casa, carro, frigoríficos (!), fez viagens". (RTP Informação, Contas Certas, 5/5)
A voz nessa altura adquiriu um estranho tom de falsete, tal a indignação pelos frigoríficos (!)comprados
De
Caro DE,
Como qualifica a utilização da expressão "vivemos acima das nossas possibilidades" (o país, desde 1953, importa mais do que exporta) no documento de Ricardo Cabral linkado neste post?
Está particularmente equivocado o anónimo de 18 de Novembro de 2014 às 21:12
O que eu critico e aponto é quem escreve isto:
" este é um exemplo de como a discussão na praça pública está hoje completamente dominada pela histeria e falta de racionalidade, eu diria até desonestidade intelectual" e continua por aí adiante.
E repito, para ser totalmente claro, que :
"A expressão "vivemos acima das nossas possibilidades" é que foi usada até à exaustão, até à náusea pelo discurso oficial e oficioso governamento-neoliberal
Basta pesquisar todos os media ao serviço do poder. Basta pesquisar nos mais ou menos blogues fundados nas escolas neoliberais e na sombra do poder de direita e extrema-direita."
E dei o exemplo de Cesar das neves como um oficiante da missa cantada ou do faduncho recitado. A doutrina oficial do governo, da troika, de merkel e tutti quanti.Fedia e fede.
Ou seja, a minha crítica directa relaciona-se com a tentativa de "virar o bico ao prego desta forma deveras interessante" .E concluí com um " Ou de como o discurso neoliberal começa a ver tremer a sua postura axiomática"
(Afirmações que considero excessivas e que qualificam como de "desonestidade intelectual" quem tem sido sistematicamente silenciado pelos media ( todos ou praticamente todos)têm que ser denunciadas . De caras e sem qualquer rebuço)
A questão do texto do ricardo cabral linkado neste post é uma outra questão, que merece mais texto e mais substância do que as qualificações acima citadas. Tal como o texto do Ricardo Paes Mamede promete muito mais substância do que aquela a que alguns o querem reduzir.
Acho que fui claro. E se o não fui é favor ler de novo o que se escreveu.
Talvez numa segunda leitura...
De
Já agora convém salientar que essa expressão é usada entre aspas pelo próprio Ricardo Cabral, bem como a palavra gastar. Decerto é reconhecimento do pouco rigor associado a essa expressão!
Há discussões que parecem servir apenas para desviar as atenções.
"vivemos acima das nossas possibilidades". Prefiro com o disse Ricardo "produzimos abaixo das nossas capacidades" pois grande parte do problema foi justamente termos ido no "engodo" de destruir a nossa capacidade produtiva. Será que tendo sido destruída essa capacidade a contragosto e por interesses que não são nossos, deveríamos passar a passar fome? Mas certamente como o estudo de Ricardo mostrará o problema assume outra dimensão com os juros da dívida.
"Como qualifica a utilização da expressão "vivemos acima das nossas possibilidades" (o país, desde 1953, importa mais do que exporta) no documento de Ricardo Cabral linkado neste post?"
"A questão do texto do ricardo cabral linkado neste post é uma outra questão, que merece mais texto e mais substância do que as qualificações acima citadas."
Caro DE,
Obrigado pela sua resposta directa à minha questão simples.
Não tem nada que agradecer.
Esclarecer as atoardas que nos querem impingir sobre a "desonestidade intelectual" quando esta provém exactamente de quem lança tais atoardas, (em defesa da missa neoliberal do "viver acima das possibilidades") é um dever ético.
Que como se sabe se sobrepõe aos exercícios de fuga em direcção ao século passado
Quanto à angustiante pergunta , que afinal surge tão singela e simples em torno do ano de 1953 que dizer para além do óbvio?
Que coelho/ portas/ gaspar/ albuquerque não tenham ido repescar tal estribilho a esse distante ano é motivo de séria preocupação.Que diacho, a força de choque troikista estava distraída ou o triste slogan só servia mesmo para o curto prazo?
Mas sinceramente não deixa de ser divertido ver tão pueris exercícios de ocultação de luzes. A que se mistura a suspeita de alguma pusilanimidade pelo facto de se assistir ao desaparecimento do teor "indignado" com que se procurava inverter os factos e a realidade.
Eduardo Baptista põe o dedo na ferida e retoma o fio à meada.
Ainda bem
De
Caro Ricardo Cabral, Portugal viveu acima das suas possibilidades?
Sim. Desde 1953, importa mais do que exporta.
Ultra-neo-liberal!!
Hum....
O que dizer de quem faz uma pergunta "simples" e a essa pergunta dá uma resposta ainda mais "simples" (simplória mesmo)?
Tal não será um pouco patético?
Que voltámos ao tempo da primárias e que quando as respostas não correspondem às formatações dos interrogadores, estes se apressam a desbobinar o o formatado como pueril prova da vacuidade argumentativa?
Já foi aqui focado, com o devido respeito, que isto é conversa para boi dormir.
Não custa nada reler o já escrito para cada um tirar as suas conclusões
E abandonar-se estes trejeitos de "censuras " do género da "desonestidade intelectual " e " do não estiveram à altura dessa responsabilidade".
Que obriga a mais exercícios de fuga se este mesmo paleio não for de per si um exemplar típico desse mesmo processo de fuga.
De
Não sendo esta, de todo, a questão que me parece mais interessante discutir, não tem para mim qualquer sentido a expressão "vivemos acima das nossas possibilidades" quando aplicada a um país.
Uma das questões essenciais em economia é que um país não é uma pessoa, uma família ou um empresa. Primeiro, porque os países não têm (em princípio) um tempo de vida finito. Segundo, porque que, ao contrário de outros agentes económicos, produzem grande parte do que consomem e consomem grande parte do que produzem. Finalmente, porque os Estados têm instrumentos para influenciar as economias dos países que em nada se comparam à capacidade que as famílias ou as empresas têm para a controlar a sua situação económica e financeira.
As famílias ou as empresas podem viver acima ou abaixo das suas possibilidades. Já as economias nacionais podem ter mais ou menos desequilíbrios macroeconómicos, que podem decorrer de inúmeros factores e que nem sempre são aquilo que aparentam. Por exemplo, há países que vivem durante décadas com défices comerciais, sem que isso tenha de constituir um problema para o desenvolvimento económico e social.
Falta dizer o óbvio: a expressão "vivemos acima das nossas possibilidade" é tudo menos neutral ou inocente. A sua utilização tem o objectivo de fazer recair sobre o conjunto de cidadãos a responsabilidade pelo desequilíbrio das contas externas. No caso português, tais desequilíbrios decorrem fundamentalmente do processo de liberalização financeira na década de 1990 e dos termos em processou a integração económica de Portugal no quadro da UE (e da UE no quadro global). A sugestão, implícita muitas vezes naquela afirmação, de que o comum dos cidadãos teve comportamentos financeiramente irresponsáveis e que tal está na base dos problemas da economia portuguesa é um ignomínia que deveria envergonhar as pessoas que a fazem. Não me parece que seja o caso do Ricardo Cabral.
Obrigado por este último comentário, Ricardo.
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