quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Da representação democrática (IV)

À semelhança do exercício para as Legislativas de 2011, a conversão em lugares dos «votos desperdiçados» traduz-se, para as Legislativas de 2015, numa composição parlamentar distinta da que resulta do atual sistema eleitoral, mais limitado em termos de uma efetiva representação democrática. Isto é, adotando para o continente uma aproximação à lógica do círculo único (e não de circunscrições eleitorais distritais), e mantendo os critérios de representação nos círculos regionais (Açores e Madeira) e da Europa e de Fora da Europa, obtém-se uma representatividade partidária bem mais próxima da votação expressa nas urnas.


De facto, e tal como em 2011, a tendência é a de que os dois maiores partidos percam deputados (5 no caso do PS e 9 no caso do PSD, com o CDS-PP a perder 2 deputados pela circunstância de concorrer pela PAF), verificando-se um reforço do PCP-PEV (em 3 deputados), do Bloco de Esquerda (em 6 deputados) e do PAN (em 2 deputados). Ao que acresce a entrada de 3 deputados do PDR e de 2 deputados do PCTP/MRPP.

Em termos mais gerais, e para se ter uma melhor noção dos entorses democráticos que resultam do atual sistema eleitoral, assente em círculos distritais e gerador de um número muito significativo de votos que não contribuem para a eleição de deputados (quase 500 mil, em 2015, para um universo de votos válidos a rondar os 5 milhões), refira-se ainda que o bloco central (PS e PSD) perderia 14 deputados e a direita parlamentar 11 assentos, para além do reforço do PCP-PEV, BE e PAN, e da entrada de 5 deputados de partidos que não conseguiram representação parlamentar. Mantendo-se o sistema eleitoral como está, veremos no próximo dia 6 que contornos assumem estes enviesamentos.

1 comentário:

estevesayres disse...

Sendo assim; Vou votar no PCTP/MRPP!