sábado, 3 de abril de 2010

Quem mata mais barato?

Num comentário a este post de Henrique Pereira dos Santos, escreve o Engº Jorge Pacheco de Oliveira, um dos autores e redactores do tal manifesto dos 33:


«queria elogiar a sua sagacidade ao descobrir a energia nuclear num Manifesto em que o termo “nuclear” não aparece uma única vez. Estou a ironizar, é óbvio, mas se estivesse no seu lugar teria tido a mesma clarividência. Qual a alternativa à política energética do pseudo engenheiro que empata o cargo de Primeiro Ministro, senão a opção nuclear? (…) Aliás, devo dizer-lhe que, pela minha parte, eu teria explicitado a proposta do nuclear no Manifesto. Votei vencido, mas enfim, em Portugal é difícil reunir um grupo capaz de afrontar o politicamente correcto de peito feito».

Se dúvidas houvesse quanto às intenções do dito manifesto, já estamos esclarecidos. Mas atenção, que isto não é só uma guerra de engenheiros a ver quem é que
quer ser califa no lugar do califa. Há uns anos atrás, defendia o supracitado Engenheiro:


«Aquilo que critico à Administração norte-americana na invasão do Iraque é o facto de não ter utilizado uma força muito mais destruidora para aniquilar todas as veleidades do inimigo. Quando se vai para uma guerra não se pode deixar o inimigo em condições de retaliar e de matar os nossos soldados da forma inglória a que se assiste no Iraque. Se eram necessárias armas nucleares tácticas, pois que fossem utilizadas

E o malandro do Amadinejad, também deve estar a pedi-las, hein?!!!... Temos aqui, portanto, um elixir mágico à base de urânio enriquecido para a resolução dos grandes conflitos internacionais (não custa nada, é só carregar no botãozinho) e, melhor ainda, para o problema nacional da competitividade. E palpita-me que o código de procedimentos vem escrito na
nossa 2º língua oficial. É ver quem mata mais barato! Quais tabus, qual quê?!

Atente-se na lista dos 33 patriotas:


ALEXANDRE RELVAS - Empresário
ALEXANDRE PATRÍCIO GOUVEIA - Economista e gestor
ÂNGELO ESTEVES - Engenheiro
ANTÓNIO BORGES - Economista e Prof. ISCTE
ANTÓNIO CARDOSO E CUNHA - Engenheiro
AUGUSTO BARROSO - Prof. UNL e Presidente da Sociedade Portuguesa de Física
BRUNO BOBONE - Empresário e Presidente da ACL
CARLOS ALEGRIA - Engenheiro e Prof. IST
CLEMENTE PEDRO NUNES - Engenheiro e Prof. IST
DEMÉTRIO ALVES - Engenheiro
FERNANDO MENDES DOS SANTOS - Gestor
FERNANDO SANTO - Engenheiro
FRANCISCO VAN ZELLER - Engenheiro
HENRIQUE NETO - Empresário
HORÁCIO PIRIQUITO - Empresário e Jornalista
JAIME DA COSTA OLIVEIRA - Físico e Investigador- coordenador
JAIME RIBEIRO - Engenheiro
JOÃO DUQUE - Prof. e Presidente do ISEG
JOÃO SALGUEIRO - Economista e Prof. UNL
JORGE PACHECO DE OLIVEIRA - Engenheiro
JOSÉ LUIS PINTO DE SÁ - Engenheiro e Prof. IST
LUIS CAMPOS E CUNHA - Economista e Prof. UNL
LUIS MALHEIRO DA SILVA - Engenheiro
LUIS MIRA AMARAL - Engenheiro e Prof. IST
LUIS VALENTE DE OLIVEIRA - Engenheiro e Prof. FEP
MANUEL AVELINO DE JESUS - Prof. e Presidente do ISG
MANUEL LANCASTRE - Engenheiro
MIGUEL CADILHE - Economista
MIGUEL HORTA E COSTA - Gestor
NUNO FERNANDES TOMÁS - Gestor
PEDRO SAMPAIO NUNES - Engenheiro
PEDRO FERRAZ DA COSTA - Empresário

SÉRGIO FERREIRA - Economista e Prof. ISEG

10 comentários:

Francisco disse...

A memória é um bem fantástico. Depois de ler este post quero deixar um obrigado pela sua.

José M. Sousa disse...

Só uma correcção : é "Henrique Pereira dos Santos"

Francisco Oneto disse...

Caro José M. Sousa
As minhas desculpas. Já corrigi. Muito obrigado pelos links!
Já espreitei o "Futuro Comprometido" e gostei! Bom trabalho!

alexandre disse...

Fui aluno de uns quantos no IST e garanto serem todos politicamente motivados para defenderem o que defendem. Foram maus professores.
Como engenheiro e estudante de doutoramento em engenharia, considero uma traicao 'a classe quando se usa o titulo de engenheiro para se defender uma opiniao que nada se baseia em pareceres tecnicos ou cientificos, mas sim em ideologia politica.
Ha uma e'tica a respeitar que cada vez menos se pratica no IST. O caso aeroporto OTA e Prof Viegas (transportes) foi um bom exemplo. A sua veia CDS pesou mais do que a sua veia tecnica.

Jorge disse...

Sociopatas, todos eles.
É preciso estarmos atentos, não vão ter em Passos Coelho o testa de ferro...

José M. Sousa disse...

Quanto mais não seja, existem hoje problemas logísticos que tornam a opção nuclear dificilmente acessível a um país como o nosso:

«Yet nuclear power’s own myriad limitations will constrain its growth, especially in the near term. These include:

* Prohibitively high, and escalating, capital costs
* Production bottlenecks in key components needed to build plants
* Very long construction times
* Concerns about uranium supplies and importation issues
* Unresolved problems with the availability and security of waste storage
* Large-scale water use amid shortages
* High electricity prices from new plants»

Anónimo disse...

Afinal de contas os abutres não são mesmo uma raça em extinção.
Sempre que há morte ou ela está proxima eles aí estão há espera da oportunidade.
Com abutres destes estamos todos bem servidos.
Com eles, não há dúvida que a competitividade - aquilo que eles usam e usam constantemente para lixar o pessoal - vai de vento em popa.
Gostava era que eles não fossem sempre os mesmos.
Que diabo antigamente estes srs diziam que com o Alvaro Cunhal era sempre a mesma cassete.
É tempo deles mudarem.

Klatuu o embuçado disse...

Por momentos assustei-me... OK, é «ferroada». Não conhecia o manifesto... e por momentos fiquei intrigado com o que pudesse ser.

Mas lá que Portugal está cheio de doidos. Eu aturo alguns, os lunáticos têm uma certa propensão para a Direita.

João Aleluia disse...

Mais um post que contribui para a discussão informada deste tema!

Anónimo disse...

Este grupo de pressão é uma cabala, uns vende pátrias, 1000 vezes piores do que se possa imaginar. A idade, o estatuto adquirido, retira-lhes discernimento. Em troca, querem elefantes brancos, tráfico de influências e muito branqueamento de capitais, a que chamam gerar valor mas, ignoram os custo-benefícios da sua própria civilização. Esta gente ignora a sua própria génese.