quarta-feira, 5 de junho de 2024
Propaganda de referência
“Recorde algumas conquistas que vieram com a adesão à união, e que nos facilitaram a vida, sem esquecer que há muitas outras que hão-de vir.”
Isto é jornalismo ou propaganda na véspera das eleições para o parlamento europeu, Sónia Sapage e Público? É propaganda, universalizando a situação facilitada dos que viajam frequentemente, uma minoria, e ocultando como os benefícios (e os custos, ai os custos...) desta forma de integração foram tão assimetricamente repartidos.
Vejamos dois exemplos de “conquistas”.
Em primeiro lugar, afiança Sapage que “se há um programa que simboliza a importância da União Europeia para os jovens, esse programa é o Erasmus.” Há 37 países que fazem parte deste programa e a maioria dos jovens não acede ao ensino superior, quanto mais a um programa que requer um certo desafogo material, inacessível, portanto, a tantos jovens que estão no ensino superior, como de resto reconhece quem nele participa no próprio Público.
Em segundo lugar, Sapage vê o euro sobretudo pela ótica estreita da maçada das “casas de câmbio” para deslocações ao estrangeiro. A moeda é uma expressão da soberania e um instrumento de política e o euro, moeda estrangeira para estes efeitos, teve custos significativos em Portugal, da estagnação ao endividamento externo, devido à perda de capacidade produtiva, passando pela dependência em relação a um banco central supranacional, sem controlo democrático.
O resto dos “milagres”, apontados por Sapage, falam por si. E entre as “muitas coisas que hão-de vir” conta-se mais neoliberalismo, agora armado, de pendor federalista. E isto requer propaganda tão social e ideologicamente reveladora.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
E ainda sobre o Erasmus, relembre-se que não é um programa exclusivo da UE, e que países como, por exemplo, a Turquia e a Noruega fazem parte do programa não estando na UE
Gostaria apenas de sublinhar o facto de o programa Erasmus+ permitir atualmente muito mais do que experiências mais alongadas no tempo para alunos universitários. Sob a designação Erasmus+ alunos de escolas como a minha, muitos dos quais não sonhariam em viajar na Europa, podem fazê- lo. O programa permite também a formação profissional de professores noutros países europeus.
Parabéns pelo blog e continuem o bom trabalho.
Enviar um comentário