Ora, em Portugal os sectores que, por regra, são os mais intensivos em I&D representam apenas 10% do valor acrescentado, o que é cerca de metade do que se verifica nos países mais ricos. E quase não há empresas com 500 ou mais trabalhadores nesses sectores – as que existem são sucursais de multinacionais que realizam a maioria da I&D nos países de origem. Sendo assim, faz pouco sentido esperar que Portugal tenha o mesmo nível de despesas em I&D que os países referidos. Na verdade, os gastos em I&D em Portugal são já superiores ao que seria de esperar, dado o perfil de especialização da economia nacional. E não é por sobreinvestirmos em I&D, sem grande critério nem estratégia abrangente de desenvolvimento, que Portugal ficará repleto de empresas gigantes a disputar os mercados mais sofisticados à escala mundial.
O sobreivestimento em I&D empresarial no nosso país é já evidente em vários sectores – por exemplo, o peso das despesas em I&D no VAB em Portugal é 3,8 vezes superior ao da Alemanha nas indústrias extractivas, 2,7 vezes no sector das madeiras, 3,1 vezes na indústria do papel, 2,5 vezes no sector da construção, 2,7 vezes no sector dos transportes e 4,4 vezes na banca e seguros. Serão estes sectores em Portugal tão mais inovadores do que os congéneres alemães? Não é provável. O mais plausível é que uma cegueira deliberada leve as autoridades portuguesas a tratar como I&D actividades que não o são verdadeiramente, empolando as estatísticas e concedendo incentivos fiscais e outros subsídios que em muitos casos não se justificam."
O resto do meu artigo pode ser lido no Público.
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