Lembrei-me disto quando assisti à birra pública de uma das principais encarnações do capitalismo de herdeiros perante a descida do IVA, mais uma prenda do governo à burguesia compradora: Diálogo com a distribuição é possível “desde que o Governo se torne honesto”.
Toda esta birra de Pedro Soares dos Santos, porque alguém do governo fez umas declarações inconsequentes sobre a grande distribuição. Os pequenos ditadores, habituados a que ninguém os conteste dentro da sua redoma autoritária, são assim.
Os liberais nacionais, por sua vez, não passam de apoiantes destes indivíduos agressivos e autoritários, como a última crónica de João Miguel Tavares ilustra. Falam de mérito, mas é só conversa, já que apoiam de forma intransigente estes herdeiros e querem que o poder do seu dinheiro distorça ainda mais o processo político democrático. É tudo bastante transparente e mal-educado. A fundação pingo doce já não lhes basta. Querem mais financiamento para PSD, Chega e IL, no fundo.
Diz ele que “os empresários portugueses devem ter uma palavra a dizer sobre a forma como o sector público gasta a riqueza que o sector privado cria.”. Na realidade, no capitalismo liberal esta era A palavra. O neoliberalismo não passa de um regresso a formas de democracia censitária.
Já agora, note-se que trabalhadores do sector público criam riqueza como trabalhadores do sector dito privado. Os bens e serviços produzidos pelo sector público têm, pela sua natureza tipicamente não-mercantil, um preço socializado a que chamamos imposto e o seu acesso tem por isso menos barreiras pecuniárias. Além disso, sem Estado não há sector privado, mas o contrário não é necessariamente verdadeiro. De resto, a despesa de uns, pública ou privada, é rendimento de outros.
É tempo de acabar com esta mimalhice liberal.
Já somos crescidos e não gostamos de pequenos ditadores.
1 comentário:
Um asco, esta conversa dos Sonae e Jerónimos e dos liberaloides que repetem esses mantras do "privado criar riqueza". Não lhes chega todo o mal que fazem, toda a distorção que imprimem no mercado, todo o abuso aos pequenos fornecedores (empresários...) e consumidores, bem como os salários de forminha que pagam. A servidão alheia é o sonho. E querem sempre mais, com centenas de milhar a contar cnetimos enquanto anunciam lucros de milhoes
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