quarta-feira, 1 de março de 2023

Como é que se diz PREC em alemão austríaco?


Sabem qual é o maior senhorio da Europa? É o município de Viena, que resistiu à privatização dos anos 1980 e 1990, mantendo e expandindo o parque público, hoje com centenas de milhares de casas com rendas controladas (mais de metade do total), fazendo desta cidade um oásis de segurança e de liberdade sociais. Não há outras formas decentes de segurança e de liberdade. 

Tudo começou há um século na “Viena vermelha” liderada pelos austro-marxistas do partido social-democrata. Tendo vivido em Viena, nos anos vinte, Karl Polanyi escreveu sobre este socialismo municipal, considerando-o o maior avanço moral e cultural desse tempo no seu livro clássico de economia política histórica. 

De tal forma que os liberais só conseguiram bloquear esta grande obra social a ferro e fogo, com o expediente fascista. Este foi apoiado por Ludwig von Mises, que chegou a consultor do ditador Engelbert Dolfuss: Mises é um economista político liberal que o Chega e a IL têm hoje explicitamente por referência, tal como os intelectuais bolsonaristas no Brasil. Está tudo ligado, estão a ver? E tudo começa pela retórica.

Um dos maiores blocos de apartamentos, confortáveis e elegantes, com amplos jardins, porque as classes trabalhadoras merecem o melhor, tem o nome de Karl Marx. Está lá uma placa a assinalar os que aí tombaram a resistir ao fascismo em 1934. A Viena vermelha “acabou por sucumbir ante o ataque de forças políticas poderosamente sustentadas por argumentos puramente económicos”, afirma Polanyi em A Grande Transformação. A derrota não foi definitiva, no entanto. 

Temam sempre os “economistas puros”.

2 comentários:

TINA's Nemesis disse...

Se pelo menos os vienenses tivessem tido esse santo ultra-liberal Ricardo Arroja para os proteger dos demoníacos marxistas e das suas patranhas como “habitação de qualidade para todos”.
É um horror o que se passa em Viena, tenho muita pena daquela gente sofrida e da sua cidade que é considera a cidade com melhor qualidade de vida do mundo ano após ano, ninguém merece tanta crueldade...
Sei que terra marxista é muito perigosa, mas o nosso santo Ricardo Arroja, um dos melhores de nós sem dúvida, devia aceitar a missão de ir a Viena explicar ao povo oprimido sobre como habitação não é um direito, é uma aspiração e como lhe roubaram a liberdade, prevejo grande sucesso ao nosso santo Arroja...
Nós enquanto povo livre temos a obrigação de libertar os povos do jugo marxista!

Já nós, neste país de liberais costumes (e graças a Deus que assim é!), esperamos pelo alojamento local para requalificar as cidades... tão espertos e livres que nós somos…

Querem habitação pública?
Avisem o nosso guerreiro da liberdade José Milhazes imediatamente, há marxistas-putinistas entre nós que conspiram para destruir o paraíso liberal que é Portugal!!!

Anónimo disse...

E os preços de compra em Viena são bem mais caros que em Lisboa. Talvez porque o que sobra sejam meia dúzia de casas em mercado livre que obviamente são inflacionadas pela escassez. Apoio o parque habitacional público mas também vejo riscos nessa política, sobretudo num país de cunhas e corrupção.