No quadro das importantes mobilizações em torno da exigência de uma casa para viver, que este fim de semana se traduzem em manifestações por todo o país, aproveito para deixar por aqui alguns escritos de Ladrões de Bicicletas sobre a nova questão da habitação, num contexto de continuada financeirização do capitalismo em Portugal.
As crónicas de Nuno Serra no setenta e quatro, no quadro da colaboração do blogue, são um antídoto contra as fraudes e mitos liberais, infelizmente hegemónicos na condicionada esfera pública, em torno da escassez da oferta, do excesso da regulação ou do arrendamento.
Os artigos de Ana Cordeiro Santos no Le Monde diplomatique – edição portuguesa sobre “a economia mesmo política da habitação” são um antídoto contra os que no Governo se deixam levar por iniciativas liberais: das críticas pioneiras à financeirização do Estado, que a ineficaz nova geração de política de habitação promoveu, aos limites das mais recentes medidas anunciadas, passando pela denúncia dos custos sociais do rentismo.
E por aqui encontram-se alternativas para a construção de um Estado social na habitação: do aumento do investimento na provisão pública à eliminação de injustos e ineficientes subsídios aos proprietários e aos especuladores, passando por uma nova geração de políticas de controlo das rendas ou pelo reconhecimento de que a habitação tem uma função social e que por isso os direitos sociais associados a propriedade privada têm de implicar deveres sociais.
Nada se faz sem combate no plano intelectual e político.
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