A par de muitos bons casos de estudo, em Portugal não faltam também exemplos de investimentos estrangeiros cujos benefícios líquidos para o país são questionáveis, para dizer o mínimo. Casos como a compra da ex-Sorefame pela canadiana Bombardier (na produção de comboios) ou da Cimpor pela brasileira Camargo Corrêa (no sector do cimento) alertam-nos para o risco de perda de capacidade produtiva nacional em resultado de opções internas aos grupos multinacionais (ou até de interesses individuais, como no caso da compra da TAP por David Neelman). A venda da ANA à Vinci está a revelar-se um bom negócio para o grupo francês, mas são menos óbvios os seus benefícios para o desenvolvimento do país. O investimento estrangeiro em imobiliário, favorecido pelo Estado português, proporciona bons retornos financeiros, mas é mais um contributo para a crise da habitação que vivemos. Os exemplos não param aqui.
É pouco prudente, por isso, fazermos da atracção de investimento estrangeiro o princípio e o fim da política económica em Portugal. Algum desse investimento pode ser crucial para o desenvolvimento das capacidades produtivas nacionais. Mas sem uma perspectiva estratégica coerente e global sobre o desenvolvimento do país, acabaremos a atrair investimento que pouco interessa ou a tirar pouco partido daquele que conseguimos atrair.
O resto do meu texto pode ser lido no Público.
Sem comentários:
Enviar um comentário