terça-feira, 28 de abril de 2020

Como se fosse coisa pouca

«O Parlamento fez uma homenagem ao 25 de Abril que consistiu em explicar porque é que estava a fazer uma homenagem ao 25 de Abril», diz João Miguel Tavares (o «Éder» de um certo 10 de junho, que editaria para a posteridade o discurso desse dia).

Como qualquer um, Tavares tem todo o direito a dizer o que entender sobre o que entender (também por isso, coisa simples, se fez Abril). A mim, por exemplo, parece-me indisfarçável o recurso do cronista, uma vez mais, à fórmula fácil e populista do «nós e eles», na sua apreciação da sessão comemorativa do 25 de Abril. Com o detalhe, delicioso, de cuidar de retirar o Presidente Marcelo («treinador» do tal «Éder») da amálgama interesseira que faz com os diferentes discursos proferidos no Parlamento. Se os ouvisse com maior predisposição talvez percebesse porque é que se homenageia Abril explicando a importância de homenagear Abril.

7 comentários:

Jose disse...


Homenagear Abril é missão falhada se não se invocar o que levou a Setembro e a Março e a Novembro.

Cobrir com o romantismo associado a Abril o muito que se passou de ardil e de serviço a interesses estranhos ao ideal fundador, sempre fará das comemorações uma elegia da divisão e
do agravo.

Bmonteiro disse...

Pois. Contudo, creio ser a existência de críticas, um razoável louvor à mudança e até ao regime.

Anónimo disse...

Alguém que tem um ódio desmedido a Abril resolve "cagar" sentenças

É mesmo o termo

A "missão falhada" é um patuá da treta. Há documentos por aí que comprovam que tanto de um lado como do outro, ou seja,tanto do lado dos que ansiaram este dia como o Dia Libertador, como do outro, dos que queriam o fascismo porque dele foram servidos ou o serviram, houve quem pensasse inicialmente que o 25 de Abril pudesse ser um golpe dos ultras, leia-se Kaúlza de Arriaga

Para estes últimos homenagear Abril foi também uma "missão falhada". Porque falharam a sua missão.

Não cola o uso destes rodriguinhos pseudo-romanticos ou pseudo-não-românticos dum sujeito que anda com Salazar pregado pelas paredes da sua casa.

Não passa assim esta medíocre e idiota tentativa de escamotear o significado de Abril e o enterro da besta fascista

Será preciso dizer mais?

Rão Arques disse...

"Com o detalhe, delicioso, de cuidar de retirar o Presidente Marcelo"
Não havia necessidade, dado que o Presidente Marcelo retira-se por ele próprio da função presidencial.

Anónimo disse...

O Tavares queixa-se da falta de talento e imaginação dos deputados nas "comemorações do 25A". O Tavares confunde a AR com o circo de Monte Carlo e os deputados com organizadores de eventos. O Tavares é totó.

Anónimo disse...

Rao arques é um dos outros nicks de joão pimentel ferreira

Assim mais ao estilo caceteiro, mais frontalmente labrego e mais assumidamente de direita extrema

Teve um caso amoroso com Cavaco Silva,na vigência do consulado de Passos Coelho. E desde esse dia, nunca mais perdoou a Marcelo.

Ficou todavia enfeitiçado pelo Coelho. Até lhe dedicou um poema chamado " A segunda derivada"

jose duarte disse...

Nestes tempos conturbados e infetados, em que se discutiu muito se se deve ou não celebrar o 25 de Abril, celebremos nós e enfatizemos o valor da data, a liberdade e a democracia.

Subscrevendo Seixas da Costa: o dia é de quem o celebra, de quem o canta, de quem lhe grita as palavras de ordem, de quem, todos os anos, dá nova vida aos seus símbolos.