terça-feira, 7 de abril de 2020

O lixo editorial a que temos direito


Releiam o editorial do Financial Times da passada sexta-feira. Já está? Bom, agora experimentem ler um editorial de João Vieira Pereira no dia a seguir (sábado) no Expresso. Desculpem, mas não me apetece fazer ligação (e além disso paga-se para ler o esforço para nos transformar em lixo, em linha com crónicas antigas).

E agora leiam a sequência de Rui Cerdeira Branco, disponível gratuitamente no twitter (editado ligeiramente por António Vilarigues). Deixem-me só lembrar antes que Portugal não só tem o mais baixo investimento público (em percentagem do PIB) da UE, como tem das mais baixas percentagens de emprego público no emprego total, uma verdadeira desgraça para o nosso desenvolvimento.

“Ode a João Vieira Pereira! O João, no seu editorial de hoje [dia 4 de abril] no Expresso indigna-se por os funcionários do Estado não estarem a contribuir para o sacrifício nacional pois não há um único em lay-off com corte de salário (que seria pago pelo mesmo Estado). De quem falará ele?

Diz que não é dos 30 569 médicos, nem dos 49 022 enfermeiros. Nem será dos 9 670 técnicos de diagnóstico e terapêutica. Bem como dos 1 962 técnicos superiores de saúde. Também não será dos 51 366 polícias das forças de segurança ou dos 1 548 polícias municipais. Ou dos 2 292 bombeiros.

Se bem percebi também não fala dos 136 150 professores dos vários níveis de ensino básico e secundário que continuam a dar aulas à distância e a preparar o que aí vem. Ou dos 15 241 docentes universitários e 10 470 docentes superior politécnico que continuam com aulas não presenciais. 

Mesmo os políticos nacionais, regionais, locais estarão em overdrive como nunca pelo que também não será desses 2 374 que fala ou sequer dos autarcas que na larga maioria não contam para este totobola pois recebem senhas e não salário.

Será que fala dos 157 990 assistentes operacionais/ operário/ auxiliar (aqueles que constituem, no Estado, o grupo com mais infetados) que contém, lá pelo meio, a malta que está nos hospitais, centros de saúde, que nas autarquias continuam a desinfetar ruas e enterrar mortos? Se calhar não.


Talvez sejam os 87 448 assistentes técnico/ administrativos bom, mas também nesses os há que estão em teletrabalho a apoiar os 67 965 técnicos superiores que desenham e acodem a empresas e particulares com todas as medidas de exceção.

Já sei, são os dirigentes, os 11 107 dirigente intermédios e os 1 713 dirigentes superiores. Mas espera, quem define trabalho, organiza o trabalhado à distância, distribui pessoas para outras áreas críticas neste período? Não também não devem ser esses.

Talvez os 5 181 informáticos? Eh pá, também não! Esse andam completamente debaixo de água a tentar que tudo funcione à distância e a trabalhar como nunca. Os 403 diplomatas? Bom, esses andam em roda viva à procura de garantir equipamentos e razoabilidade entre pares.

Serão os magistrados, todos os 3 801? Bom, parece que há muitos processos ainda em curso e muito trabalho acumulado que implica ler, estudar e despachar. Ná. Também não andam a coçar a micose. 

Estão-se-me a acabar os suspeitos. Mas... serão os 3 441 tipos da investigação científica? Os de biomédicas? Os de economia? Quais? Sim haverá alguns que ficaram em casa mas até esses estão de prevenção e podem ser chamados a qualquer momento como determina o Estado de Emergência.

Pois é JVP, provavelmente NUNCA em tempo de paz os mandriões do Estado mandriaram tão pouco. Se calhar NUNCA tantos sentiram o peso e importância de cumprirem e se calhar NUNCA os que eles servem reconheceram tão facilmente quão importante é o seu trabalho para comunidade. Saúde!”

30 comentários:

jose duarte disse...

E é esta gente que marca a linha editorial do Expresso.
O Expresso foi, sem dúvida um jornal que marcou a fase final do Marcelismo e foi referencia , entre outros ,do jornalismo de noticia, opinião e investigação.
Hoje é o quê?No fundamental um expressão de jornalismo medíocre e nem sequer os "liberalóides" que por lá saltitam são capazes de perceber que o mundo está a mudar. "mudam-se os tempos e.." Estou convencido que eles não lêem a imprensa internacional de referência ou se a lêem não percebem.São os fundamentalistas do "leberalismo" serôdio.
E ainda querem que a malta assine a coisa.

PauloRodrigues disse...

Os media são a principal ferramenta de manutenção da hegemonia neoliberal.
O que falta em Portugal é ETIQUETAR os media.
Quem lhes dá atenção, percebe que aquilo não passa de instrumentos de propaganda barata, mas eles dizem-se independentes, generalistas e pluralistas, mas os manda-chuva fazem questão de mostrar quem manda.
E quem manda são os accionistas.

Mário Pinto disse...

Muito bem!

Geringonço disse...

A comunicação social está cheia de opiniões repugnantes!

Depois ainda dizem para ajudarmos a comunicação social "credível" a atravessar estes tempos difíceis... não me parece!

Os mesmos que nos andaram a tentar convencer do europeísmo/ neoliberalismo sem alternativa, da "bancarrota", das armas de destruição maciça e outras colossais aldrabices vão-nos lixar mais uma vez! Isto se deixarmos que isto aconteça...

João Pimentel Ferreira disse...

Com a Telescola precisamos mesmo de 400 mil professores? Não bastaria um por cada disciplina e ano lectivo? E os funcionários do estado que fazem atendimento ao público quando presentemente as repartições estão fechadas? E os auxiliares de educação, o que fazem com as escolas fechadas, auxiliam o professor no acesso à Internet? E os funcionários da ASAE com os restaurantes fechados, inspecionam a higiene e segurança na casa dos portugueses? E o parlamento com 1/3 dos deputados? Não há UM único funcionário público em layoff, logo sim, é motivo para sermos coletivamente considerados como lixo pois convivemos pacificamente com esta gritante dicotomia laboral de haver filhos e enteados.

João Pimentel Ferreira disse...

Oh José Duarte, não é no Expresso que escreve aquele protocomunista do Daniel Oliveira? Ou vai dizer-me que ele é fascista?

To disse...

Será que até o texto terá sido escrito pelo tio xico?
Incompetentes e subservientes apenas servem para isto.

Unknown disse...

Tristeza!

Pedro Ribeiro disse...

"Com a Telescola precisamos mesmo de 400 mil professores? Não bastaria um por cada disciplina e ano lectivo?"

Que idade tem quem escreve uma coisa destas!?!?

João Soares disse...


Ó Pimentel, vi o seu perfil no Blogger, diz ser “Poeta, Engenheiro, Matemático, Filósofo”, diz que é “Engenheiro Electrotécnico e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa e crê ser um individuo um pouco literato, e inteirado do mundo que lhe rodeia. É um apaixonado pela vida e pelas maravilhas do mundo, mas consciencioso dos seus limites libertinos. Gosta de indagar sobre tudo o que lhe rodeia enquanto ser empírico, e baseia o seu quotidiano no conceito do argumento do filme A Matriz, inspirado no clássico grego da Alegoria da Caverna. Adora escrever, tecer literáriamente as loucuras mundanas e as dementes vicissitudes do cosmos.” Etc… Diz você que “não há UM único funcionário público em layoff, logo sim, é motivo para sermos coletivamente considerados como lixo…” Isto é delírio poético, pá? Franchement…

Cruz disse...

Só um tipo que nunca deu aulas e não sabe minimamente o que é educação, é que proponha um professor por disciplina de cada ano lectivo. Se a situação já é difícil, imagine como seria. Em relação aos funcionários de atendimento ao público, este também fazem trabalho burocrático, estão em casa em teletrabalho porque têm acesso à base de dados a partir de casa. E digo lhe mais, há alguns que continuam a descolar-se para o trabalho, porque em casa não têm as melhores condições para trabalar.E faça um favor escreva lá no google Asae, e já fica a saber o que andam a fazer...

Nuno Alves disse...

Caro João Ferreira:
Se precisar de hospital dirija-se ao setor privado. Caso tenha filhos, não os inscreva em universidades públicas, use apenas as privadas. Não use transportes públicos para as suas deslocações, utilize o serviço Uber, cabify, ou o seu carro. Combine com os seus vizinhos e contratem empresas privadas para limpar o bairror e fazer a recolha do lixo. Suprimamos os serviços públicos e façamos desaparecer o grosso dos mandriões que paga com os seus impostos. Depois vergue a mola camarada, vais ter que dar ao pedal para pagar os bens e serviços que precisas, ou vais eventualmente precisar. E se tiver problemas a dirimir, nada de tribunais, a arbitragem privada resolve bem melhor e mais rápido, assim tenhas guito, claro!
Boa sorte!

A.R.A disse...

João P.Ferreira

Acredito que tenha noção do porquê do Lay-Off "simplificado" imposto assim como também creio que não deve ter filhos e se os tem saberá que muitos dos colegas dos seus filhos necessitam de que alguém recepcione os tpc's que os professores lhes deixam na escola por ex. (Tele-escola/ auxiliares) tal como me leva a acreditar que, ex., o seu IRS será para pagar (funcionários do estado que fazem atendimento ao público) ou que, ex., o material que utiliza (ou deveria) para se proteger do vírus não necessita de qualquer vistoria ou que a comida que compra no super está de certeza assegurada (ASAE) ... porque, quanto ao lixo, lamento que assim se considere mas recuso que me inclua no seu ideário generalista pois na minha freguesia a recolha do lixo não tem falhado.

Anónimo disse...

Já deste aulas, seja em regime presencial ou através da telescola"?? Sabes do que falas ao menos? Compreendes o que significa dar aulas? Dar aulas não é um macaco chegar a uma sala e "dar" literalmente uma "aula" (como se fosse um pastel de nata), a um grupo de alunos. Implica trabalho antes e depois da dita "aula". E implica um trabalho de gestão de pessoal, que não se vê em quase nenhuma outra profissão. Gostava de ver os militares ou as policias gerirem grupos de 20 a 30 individuos, com baixa motivação, diferentes backgrounds e níveis de literacia, sem terem os instrumentos da chantagem hierarquia e do castigo (e por vezes da violência) que existem nestas instituições. ASAE?? mas quem é que julgas que inspeciona se os cafés estão abertos ou fechados, quem é que inspeciona se as máscaras estão em condições, quem é que inspeciona se a comida que ainda está no pingo doce para tu comprares vem dos sitios que deve vir? São os banqueiros? és tu? Porque é que não te vais indignar com a Banca e o sistema financeiro? Esses reduziram o staff, reduziram as sucursais fisicas, prestam os mesmos ou menos serviços, receberam injecções de dinheiro de todos os Portugueses e mesmo assim subiram todas as comissões! Foi para quê? para pagarem as rendas das sucursais que já não têm ou os salários dos que já despediram? E um aparte, não, não sou funcionário público, trabalho no sector privado, já fui "patrão" quando tive uma empresa e trabalho no sector tecnológico. Mas não sou ignorante nem preconceituoso. Já vi as condições das muitas esferas do mundo do trabalho e sei que aqueles que odeiam o funcionalismo público não percebem de facto como as coisas funcionam... infelizmente

João Pimentel Ferreira disse...

Tivesse a Padaria Portuguesa o Orçamento de Estado a suportá-la, e os seus funcionários estariam todos na cozinha a fazer pão para fora ou a responder a dúvidas e requerimentos por email.

Não seria da mais elementar racionalidade orçamental em época de pandemia, poupar recursos em áreas supérfluas do estado e alocá-los para os hospitais?

Anónimo disse...

Com a LINHA EDITORIAL do Expresso- Sic.Tvs em que Ricardo Costa - Irmão do 1º Min. manda totalmente num APOIO sem limites ao actual Gov. PS nada é para admirar. Há intencionalidade na ocultação noticiosa de factos adversos à governação actual e um aumento exagerado da publicidade às acções por mais pequenas que sejam, do < fazer > governativo. Balsemão está velho foi ultrapassado ao ponto de não ver que já perdeu toda a credibilidade jornalistica que teve em tempos deixando de ser < a referencia > dos media.

Francisco disse...

O João P. Ferreira trouxe, a meu ver, elementos de grande utilidade ao debate que este "post" gerou, embora, não necessariamente pelas razões que o próprio haja suposto.
Subjacente a todo o seu raciocínio, mora a ideia de que na cadeia de produção e nas decisões que a sustentam, os trabalhadores são considerados não propriamente como seres humanos, cujo eixo paradigmático deve residir na respectiva dignidade essencial, mas são antes considerados como o equivalente a uma anilha, uma porca, um parafuso ou um programa informático, isto é, meros "factores de produção", cuja função e utilidade é determinada consoante a necessidade do respectivo contributo para a produção das utilidades que é suposto serem geradas nesse mesmo processo. A necessidade ou redundância desses "factores de produção", humanos incluídos, é determinada por conseguinte pelas decisões ao nível da oferta e, logo, da produção. Mas, sendo isso,. há uma segunda pergunta que se impõe: se são as decisões de produção que determinam o contexto da oferta, o que é que determina por sua vez as decisões de produção; isto é, que elemento é que define o que se produz, porque é que se produz e para quem é que se produz? No contexto das economias capitalista, o único critério é o do lucro, que é como diz, é a utilidade mercantil da produção, determinada sob a forma de multiplicação lucrativa do capital que diz o que deve ser feito, por quem e para quem, tornando redundantes, de forma cíclica e acentuadamente em períodos ditos de crise, anilhas, parafusos, programas informáticos e seres humanos. Contudo, se há um facto que a actual situação de pandemia generalizada tornou mais evidente, é que em, situações contingentes - por exemplo, quando está em causa a vida de seres humanos e a ruptura de serviços de saúde em todo o Mundo - essas regras têm que ser imediatamente desprezadas e aquilo que se passa a produzir tem necessariamente em conta já a não o valor de mercado dos bens (e a sua consequente capacidade potencial para a lucratividade do capital), mas antes a sua utilidade social. Imagine agora, que toda a produção +e determinada não pelo lucro, mas por essa mesma utilidade social. Num tal cenário, subsistirão seguramente roscas, anilhas e parafusos que se tornarão obsoletas, mas seguramente que já não seres humanos. Naturalmente que o Pimentel Ferreira, perdido que está em contas de merceeiro roda sobre o seu próprio eixo e modo interminável e sofre, consequentemente, de uma petição de princípio no seu raciocínio: é que enquanto só conseguir pensar dentro da caixa, nunca vai ser capaz de perceber que há outros mundos possíveis. E não pense que é assim desde 1917: se ler Platão e a alegoria da caverna, vai ver que a coisa tem uns bons anos a mais.

Anónimo disse...

Ao Joao Pimentel a falta de noção é um caso clínico que deveria falar com algum profissional.
Os alunos precisam na mesma de acompanhamento à distância. Não é por verem um vídeo na TV/PC que deixam de ter necessidade de ter as suas dúvidas esclarecidas ou de fazer exercícios e os mesmos necessitam de ser avaliados.
Os funcionários que fazem atendimento ao público continuam a realizar as suas funções à mesma. As dúvidas são colocadas por email ou telefone quando antes era presencial. A documentação é entregue por correio ou email e continua a ser necessário tratá-la. Nenhum serviço parou por completo.
Os auxiliares de educação mantêm escolas abertas para os filhos dos profissionais de saúde.
A função da ASAE vai MUITO além das inpeções a restaurantes.
Ainda bem que admite ser pouco literato. Pena que a falta de noção não o impeçam de ainda assim escrever sobre o que não sabe ou desconhece.

J.a.lourenco@sapo.pt disse...

Esta apreciação, com a qual concordo, do João Rodrigues a este texto do Sr. João Vieira Pereira, director do Jornal Expresso, diz bem naquilo em que está transformado este Jornal, que muitos apelidam de referência.
Num período de excepção como aquele que vivemos e em que os vários partidos políticos se desdobram na apresentação de propostas, quer na Assembleia da República, quer em vídeo Conferências, peço aos leitores deste artigo do João Rodrigues que façam um exercício, vejam quantas referências explicitas ou implícitas são feitas às várias forças políticas na edição do passado sábado do Expresso
Ao fim de algum tempo, concluirão com surpresa ou talvez não, que há um partido que em pleno estado de emergência, foi colocado pelo Expresso, na clandestinidade.
É verdade que ele foi o único que resistiu na clandestinidade a 48 anos de fascismo, mas não deixa de ser sintomático que este actual estado de emergência em democracia, seja aproveitado pelo nosso jornalismo de referência para silenciar esse mesmo Partido e as suas propostas.
Esta é simplesmente uma reacção pavloviana do nosso jornalismo de referência que hoje com João Vieira Pereira, temos no Expresso.

Mário Reis disse...

Oh, JPF, por mim, a mais elementar racionalidade e de maior justiça, era:
- nacionalizar as empresas de sectores estratégicos, EDP, GALP, REN, o Novo Banco, BCP e o BPI, entre outros que capturam a riqueza, que a "investem" em actividades rentistas improdutivas e especulativas e a repartem como nababos entre si.
- expropriar os bens e fortunas acumuladas nos últimos 35/40 anos, a maioria proveniente do trafico de influencia, desvios, corrupção que os partidos da ordem montaram para alegria da quadrilhice reinante.
- seguir sem limites, os milhares de milhões parqueados nos paraísos fiscais.
Não por ser época de pandemia, mas para terminar os privilégios e a festa para os parasitas, e o lixo dos que os assessoram terem que trabalhar. Desafio civilizacional: ser implacável com os parasitas e exploradores, e alocár os recursos aos hospitais e ao bem estar colectivo.

Inês Fernandes disse...

Eu acho que João Pimentel também devia entrar em layoff e já agora em blackout. Se estamos numa de altruísmo o João Pimentel deveria dar o exemplo e ceder todo o dinheiro que tem na conta para ajudar no SNS.

Henrique Chester disse...

É verdade nada mais perecido com um fascista do que um (pequeno) burguês assustado. O seu artigo esta muito bom, só falta acrescentar, esta gente tem desprezo pela classe trabalhadora, seja funcionário publico ou não.

Carlos Santos disse...

Provérbio chinês:
"O medíocre discute pessoas. O comum discute factos. O sábio discute ideias."
Raramente um jornalista português discute ideias, e quase todos discutem pessoas. João Pereira Vieira, você é um medíocre. E nunca chegará a sábio.

Anónimo disse...

Pondo fé nos números do artigo, conclui-se com inteira justiça, que 468.654 são absolutamente necessários.

Dito isto, e tendo presente que segundo numeros do pordata de 2019 existem 680.000 funcionários, ficam em casa ou sem funções essenciais durante esta pandemia cerca de 200.000 (façamos os cálculos por baixo para que este comment não seja fachosta e direitolas).

200.000 a um salário médio líquido de 1000€ na função pública, dará cerca de 333€ de redução de despesa fixa por mês. São só uns 65 Milhoes/mês. É isto, não é?

Expliquem lá isto a um funcionário da tap que vem para casa receber 2/3, e digam-lhe ainda, já agora, que a malta da emel está em casa a receber 3/3.


João Pimentel Ferreira disse...

Quero deixar bem vincado que nestes tempos de pandemia valorizo muito, não o SNS em particular pois não passa de uma sigla, mas os médicos, os enferimeiros e todo o pessoal que tem auxiliado os enfermos a superar esta crise de saúde pública. Quem resolve os problemas são as pessoas, não as instituições per se, pois as segundas em última análise são compostas pelas primeiras.

A) Contudo, e aí vem a adversativa, com a tele-escola precisamos mesmo de 150 mil professores? Não bastaria um por cada disciplina e ano lectivo, o melhor de todos, e depois para dúvidas usar-se-ia fóruns ou aulas de dúvidas, aliás como já acontece nas universidades com aulas teóricas e práticas?

B) E os funcionários do estado que fazem atendimento ao público quando presentemente as repartições estão fechadas?

C) E os auxiliares de educação, o que fazem com as escolas fechadas, auxiliam o professor no acesso à Internet?

D) E os funcionários das cantinas escolares que não estão adjudicadas a empresas externas, estão a fazer comida para fora?

E) E os funcionários da ASAE com os restaurantes fechados, inspecionam a higiene e segurança na casa dos portugueses?

D) E os funcionários dos tribunais, auxiliam julgamentos por vídeo-conferência?

E) E os funcionários do INEM quando houve um decréscimo acentuado no número de chamadas e ocorrências?

F) E o parlamento com 1/3 dos deputados?

Não há um único funcionário público em layoff, nem sequer apenas um. Quando perguntados os serviços o que estão a fazer nesta época de pandemia, dizem-nos imediatamente que "estão a fazer uma série de coisas úteis", tipo responder requerimentos por email em teletrabalho.

Não seria da mais elementar racionalidade orçamental em época de pandemia, poupar recursos em áreas supérfluas do estado e alocá-los para os hospitais?

Tivesse a Padaria Portuguesa o Orçamento de Estado a suportá-la, e os seus funcionários estariam todos na cozinha a fazer pão para fora ou a responder a dúvidas e requerimentos por email.

João Pimentel Ferreira disse...

Francisco, a prova de que as pessoas não são peças, é que ninguém paga salários às peças, nem as peças são geridas pelos recursos humanos, nem as peças têm direito a férias pagas. Mas no dia em que desacoplar por completo produtividade individual a salário, será o dia em que certamente caminhará para a total mediocridade.

Anónimo disse...

400000 profs? Vai à pordata antes de dizeres disparates. Quando fores a uma urgência o segurança diz-te o que tens que fazer sózinho, não há quem limpe, quem organize, aprovisione, etc.

A.R.A disse...

Meu caro
Como fez tábua rasa das respostas pedagógicas às suas "propostas" sem um qualquer vislumbre de as defender num modo no minimo inteligível apraz me registar a ironia do seu discurso ao utilizar uma padaria como exemplo para ajudas estatais pois é preciso uma pandemia para ver um pseudo liberal a gritar por Pão ... ao qual ainda vai a tempo de lhe juntar Educação, Saúde, Habitação
Realmente é complicado defender menos Estado perante a calamidade já que propõe mais lay-off's á conta do Estado, quando o SNS nada lhe diz mas vai dando alvíssaras ao pessoal de saúde que, visto não vislumbrar quaisquer respostas de primeira linha do sector privado da saúde, portanto deve-se estar a referir aos funcionários públicos do ... SNS... mas ... como seria possível tais proezas com menos Estado? É que você explica e eu complico talvez por falha cognitiva minha mas é que não consigo atingir o seu patamar de sabedoria e por isso peço lhe encarecidamente que tenha paciência comigo e me consiga descomplicar a sua ideia.

Anónimo disse...

O lay -off em Portugal da maneira como está a ser praticado em massa é um autentico mergulho no desconhecido. Na Dinamarca as empresas pagam 75% do vencimento aos trabalhadores e os restantes 25% é pago pelo Estado , o que como sabemos não acontece em Portugal.
A maior parte dos editoriais que em Portugal surgem na imprensa dependente normalmente numca fogem à tendencia do respectivo orgão e às suas características.
Parece que existe um desconhecimento do deficit de recursos humanos existente no Estado.
Não é com discursos retóricos que se resolvem os problamas graves, nem com chavões nem lugares comuns.
O que nós estamos a observar com preocupação para não dizermos mèdo, é a forma como Bruxelas e o BCE estão a abordar este problema grave, isto é. demonstram uma desorientação total.

Anónimo disse...

João Pimental, já colocou a hipótese de fazer um teste científico que comprove que V. Exa. não passa de um idiota?