segunda-feira, 13 de abril de 2020

Cortar veias ou morrer asfixiado

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Colaboradores!
Vamos colocar à vossa disposição aquilo que mais querem. Preferem ter o contrato suspenso e receber 66% ou trabalhar e receber um ordenado a tempo parcial? Eu sei que vocês não ganham muito, mas sabemos que estamos todos no mesmo barco e todos temos de fazer sacrifícios. A empresa não pode fazer os sacrifícios sozinha e tem de ganhar liquidez. E não pode ir aos bancos procurar as linhas de crédito porque isso representa mais dívida. Por isso, vocês têm de colaborar nisto. Vá lá! Pensem! Têm dez minutos...

... Querem cortar as veias ou preferem um saco na cabeça?

Esperemos que os economistas que António Costa vai ouvir amanhã lhe digam que estas não são alternativas viáveis nem aceitáveis. Não há economia nem trabalhadores que vivam com meio salário. Sobretudo quando não temos ordenados suíços nem europeus. Tem de haver outras soluções que não passem por reduzir salários, porque isso já foi usado em 2012/13 e não deu bons resultados. Não sei se se recordam. Criou uma vasta multidão de despedidos - 1,4 milhões de pessoas.

7 comentários:

Jose disse...

Toca a sair do euro para termos volumosos salários que compram coisa nenhuma!

Em alternativa, empobrecemos, que é o que acontece a quem - não importa para o caso a razão - não tem trabalho.

Geringonço disse...

Porque o João está a limitar as opção de suicídio?

Há outras opções para além de cortar as veias e asfixia!

Outra opção é ficar confinado numa sala com o director do "Público" Manuel Carvalho, o corpo e alma não aguentam a tortura...

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,
Por favor, 66% de um ordenado médio de menos de 1000 euros torna-se o SMN. Agora, pense que parte significativa da mão-de-obra nacional - até no sector que é a grande aposta nacional... - é mesmo o SMN.

Sem palavras.

Óscar Pereira disse...

Caro José,

«Em alternativa, empobrecemos, que é o que acontece a quem - não importa para o caso a razão - não tem trabalho.»

Então e quem mesmo trabalhando, continua a empobrecer? Eu não sou defensor de uma saída do euro -- embora prefira esse cenário à submissão eterna -- mas se houve uma constante desde da crise dos bancos de 2008, ela foi o empobrecimento gradual de quantos dependem do trabalho para ter rendimento. (Tanto quanto sei, antes de 2008 a tendência para a moeda única reforçar as desigualdades foi escondida pelo mar de crédito fácil que inundou as periferias europeias.)

Poder-se-ia argumentar que os salários de topo mostram o contrário (e que por conseguinte, o sistema actual recompensa o mérito, etc...). Mas como explicou Alexandre Abreu, os salários de topo, apesar de nominalmente serem um rendimento sobre o trabalho, são melhor caracterizados como (mais) uma forma de rendimentos do capital -- e essa sim, muito beneficiou com o euro. Ver o segundo parágrafo deste texto: https://expresso.pt/blogues/bloguet_economia/blogue_econ_sandro_mendonca/2019-07-11-O-recuo-dos-rendimentos-do-trabalho

Portanto deixo a pergunta: e quem, mesmo trabalhando, ainda empobrece? Devemos encarar isto como um mero capricho dos deuses, c'est la vie e pronto? Karl Marx disse certa vez que a religião é o ópio do povo -- e a julgar por comentários destes, o mesmo se aplica à trupe neoliberal.

Jose disse...

Caro João

Que os salários são baixos, senão miseráveis, é consenso nacional.
Os lucros da maioria das empresas são igualmente miseráveis ou nulos.
O país é ums miséria!

Vai daí, qual o propósito de reclamar rendimentos a serem obtidos do que não existe?

O que há a reclamar é que as empresas se tornem lucrativas e que paguem aos seus trabalhadores salários decentes ou desapareçam.
Mas tudo o que se fala vai no sentido contrário: empresas transformadas em asilo de incompetentes e de gente sem ambição, gestores não responsabilizados, um Estado a tudo parasitar de formalidades, taxas e impostos, para se dedicar à caridade ...uma mesquinharia confrangedora.

Trabalhadores em luta, seguramente; mas não esta ladainha dos coitadinhos, dos explorados que nem sabem medir nem reclamam que seja medida a exploração: só os apresentam como consumidores descontentes com o seu rendimento, e desgraçadamente é provavelmente assim que se sentem.
E este queixume permanente!
É um triste destino o do Portugal dos coitadinhos!

Emigrante 2013 disse...

Não é esta a Hora de Criar uma "espécie" *Moeda Local* do tipo *LUSO-BONDS* tendo como *lastro um Crédito Fiscal concedido e controlado pelo Ministerio das Finanças e pelo Ministério da Economia e uma Comissão Parlamentar com pelo menos funções de fiscalização!*
E que não passe, sobretudo, pelas mãos da Sub-sucursal (Banco de Portugal?) do BCE.

Emigrante 2013 disse...

Um P.S. ao meu comentario anterior: Era até uma boa ocasião de começar a *Descolonização* do Imperio Germânico, perdão, do *€uro moeda!*