domingo, 9 de outubro de 2011

Sopa de pedra


Descobriram agora que a austeridade provoca a recessão. Ele é o Presidente, ele é o comentador de serviço na TV, ele é “o grande partido da oposição”... No entanto, todos eles continuam a dizer: o memoradum da troika tem de ser cumprido, o memorandum da troika tem de ser cumprido, o memoradum da troika tem de ser cumprido…

Para estes descobridores o que seria necessário era uma mistura de austeridade com crescimento. O princípio teórico em que isto se baseia é o da sopa de pedra: parte-se de água e pedra (a austeridade) e vão-se acrescentando condimentos. O resultado final, como sabemos, é um revigorante caldo.

Acontece porem que esta mistura é tão improvável e/ou desejável como uma maionese feita por mim. Compilando o que anda no ar chego a quatro receitas:

Receita 1 (mistura troika): redução dos custos indirectos (TSU) e directos do trabalho, redução dos preços de produção dos bens exportáveis, crescimento pelas exportações.

Receita 2 (mistura Passos Coelho): investimento externo em massa, a começar nas privatizações.

Receita 3 (mistura Krugman): Austeridade na periferia compensada por expansão orçamental no centro.

Receita 4 (mistura Maria João Rodrigues): “Plano Marshall” europeu que financiasse o investimento público e privado.

Vejamos quais são as dificuldades que cada uma destas receitas:

Receita troika: Estamos conversados no que diz respeito à TSU – hipotético efeito expansionista da redução seria anulado pelo mais que certo efeito recessivo do aumento do IVA; a redução dos salários directos ocorre mesmo, à medida que aumenta o desemprego, mas demora tempo; para mais o efeito positivo nas exportações seria enfraquecido pelo efeito recessivo na procura interna.

Receita Passos Coelho: “investimento” é uma palavra muito traiçoeira; a privatização é aquisição de capital “velho”, não cria e até pode destruir emprego; investimento em “novo” capital nos dias que correm é coisa que escasseia; é claro que podemos sempre rezar para que isso aconteça ou acabar com a legislação laboral e ambiental para sermos muito “amigos do investimento”.

Receita Krugman: Pode ajudar, mas o Ricardo Coelho identificou bem o problema: “Uma Europa dividida entre países devedores empobrecidos pela austeridade e países credores em expansão é uma Europa cada vez mais desigual. Ora, um dos factores para o falhanço do euro é precisamente o de pretender agregar países com níveis de desenvolvimento muito diferentes sem qualquer política de redistribuição que permita uma convergência real”

Receita Maria João Rodrigues: Na prática corresponderia a uma “desorçamentação” do investimento público e dos incentivos públicos ao investimento privado. Se Maria João Rodrigues conseguir convencer Durão Barroso e Durão Barroso conseguir convencer a Srª Merkel, então óptimo. Mas será que isto ainda é austeridade?

2 comentários:

Anónimo disse...

PORTUGUESES BILDERBERG:

Francisco Pinto Balsemão,
Manuel Pinho,
José Sócrates,
José Pedro Aguiar-Branco,
Santana Lopes,
José Manuel Durão Barroso,
Nuno Morais Sarmento,
António Costa,
Rui Rio,
Manuela Ferreira Leite,
Augusto Santos Silva,
Marcelo Rebelo de Sousa,
António Guterres,
Ferro Rodrigues,
Jorge Sampaio,
Luís Mira Amaral,
Vítor Constâncio,
Manuel Ferreira de Oliveira,
Ricardo Salgado,
Fernando Teixeira dos Santos,
José Medeiros Ferreira,
Joaquim Ferreira do Amaral,
António Miguel Morais Barreto,
João Cravinho,
Artur Santos Silva,
Francisco Luís Murteira Nabo.

PERCEBEM AGORA PORQUE PORTUGAL ESTÁ COMO ESTÁ? Basta ver os nomes...

Anónimo disse...

Boa análise e qual é o tempero que falta?