domingo, 16 de outubro de 2011
A outra globalização
A outra globalização é a dos milhões que se coordenam para protestar pacificamente no mesmo dia.
O que há de importante no 15 de Outubro não é só os milhares em Lisboa, Porto e outras cidades portuguesas. É a escala mundial do movimento. A globalização de pernas para o ar.
Não faltam razões para o protesto.
Até agora nada de importante mudou quanto às razões que provocaram a crise: a compressão dos salários, o enriquecimento do 1% que vive de rendimentos, o desvio desses rendimentos do investimento para aplicações especulativas via off-shores, hedge-funds e outras aberrações financeiras.
Esta crise não é Grega, Portuguesa ou Irlandesa. É o episódio final de um regime de acumulação de compressão dos salários e procura sustentada a crédito. A tentativa desesperada de preservar este regime e os privilégios do 1% que vive de rendimentos é o verdadeiro nome da crise. O alvo escolhido pelos 99% é certeiro.
Agora é preciso alargar, unir, avançar ideias e propostas em que os 99% se reconheçam. Ser inteligentes, apesar de indignados. Perceber que querem confundir protesto com motim para produzir imagens chocantes para os telejornais. Nada disso é difícil para os serviços de provocação mesmo que sejam pobrezinhos.
Mas ontem não conseguiram. Pareceu-me até que os profissionais da PSP não estavam para aí voltados. E se algum dia estiverem é preciso resistir... pacificamente. Esse é um dos ensinamentos mais importantes de muitas lutas ganhadoras.
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6 comentários:
Não esqueçam que a PSP também foi atingida com estas medidas.
Gostaria de colocar a seguinte pergunta ao Professor:
-Será legal esta medida, será legal discriminar nas contribuições Fiscais trabalhadores ligados ao sector Público, dos que se encontram ligados ao sector Privado?
Na verdade o que aconteceu não foi isso. não foi a fiscalidade que foi alterada. Foram mesmo os vencimentos que foram retirados. Para além disso, como o Orçamento de Estado é uma lei, a lei nunca é ilegal. Pode ser inconstitucional, mas ilegal a lei nunca é. Muito provavelmente existirá uma violação do princípio da igualdade, embora isso não seja isento de dúvidas. Contudo, a batalha jurídica é muito complexa, pois os cidadãos não podem recorrer directamente ao Tribunal Constitucional. Podem um conjunto de deputados e pode o Provedor de Justiça. Os funcionários públicos podem recorrer à Justiça Administrativa e os sindicatos podem representá-los. Vai ser uma confusão...
Obrigado André.
O problema de Portugal é conseguir trabalhar em grupo; é não reconhecer o verdadeiro problema até ele já estar comodamente alojado no nosso país.
A inteligência da revolta já devia ter começado há muito, como por exemplo, não votar para PR uma das pessoas que mais desfalcou o país.
Avancemos então numa espécie de "Movimento dos Espoliados da Função Pública e Pensionistas" para tentar travar estas medidas, ou na pior das hipóteses obrigar a repor estes valores no futuro...Porque não propor um retorno em Títulos do Tesouro reembolsáveis ou disponibilizados a um determinado Prazo?
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