

O Banco de Portugal é agora parte da tentativa em curso corrigir os défices das periferias através da barbárie de anos sem fim de recessão e desemprego, exaurindo o país, mas sempre no interesse dos credores. Opera-se uma contracção das importações e um suposto aumento das exportações à pala da redução dos salários directos e indirectos obtidos pelo desemprego e pelas alterações na legislação laboral e social. No entanto, o colapso da procura interna e a desaceleração da procura externa devido à generalização da austeridade expõem a irracionalidade global da desunião europeia com mercado interno contraído, ao mesmo tempo que as chamadas “reformas estruturais”, a eufemística designação para o capitalismo de pilhagem financeira, aumentam a fractura social, retiram ainda mais instrumentos ao Estado e minam qualquer possibilidade de transformação estrutural progressista da economia portuguesa. E quem investe neste contexto depressivo? O investimento cairá mais de 20% nos próximos dois anos, depois de ter caído mais de 20% numa primeira década do euro que viu o desemprego triplicar. Um sucesso este euro, diz-se na Almirante Reis. A inanidade do “Consenso da Almirante Reis”, a versão caseira do sempre fracassado “Consenso de Washington”, renascido entre Bruxelas e Berlim, será mais uma vez exposta.
Há duas alternativas a este consenso e que passam pela recuperação de instrumentos de política económica, de pilotagem política da economia, a uma escala relevante e que permitam debelar rapidamente a crise, corrigindo os desequilíbrios económicos e financeiros gerados pelo euro e pela liberalização financeira que o acompanhou e ajudando a uma transformação da economia que a torne compatível com o Estado social: a saída por cima, com a correcção da assimetria da integração europeia através das euro-obrigações, intervenção maciça de um BCE com outras prioridades e reforço da acção do Banco Europeu de Investimento, acompanhadas a prazo de verdadeira estruturas federais democráticas, ou a saída por baixo, com o fim do euro. A primeira, volto a frisar, é preferível à segunda, mas a segunda é preferível a ficarmos nesta austeridade permanente sem futuro. Não podemos perder nenhum cenário de vista, mesmo que isso implique correr riscos e enfrentar incompreensões e preconceitos. Correr riscos é sempre preferível a um mais do que certo definhamento económico-político...
Há duas alternativas a este consenso e que passam pela recuperação de instrumentos de política económica, de pilotagem política da economia, a uma escala relevante e que permitam debelar rapidamente a crise, corrigindo os desequilíbrios económicos e financeiros gerados pelo euro e pela liberalização financeira que o acompanhou e ajudando a uma transformação da economia que a torne compatível com o Estado social: a saída por cima, com a correcção da assimetria da integração europeia através das euro-obrigações, intervenção maciça de um BCE com outras prioridades e reforço da acção do Banco Europeu de Investimento, acompanhadas a prazo de verdadeira estruturas federais democráticas, ou a saída por baixo, com o fim do euro. A primeira, volto a frisar, é preferível à segunda, mas a segunda é preferível a ficarmos nesta austeridade permanente sem futuro. Não podemos perder nenhum cenário de vista, mesmo que isso implique correr riscos e enfrentar incompreensões e preconceitos. Correr riscos é sempre preferível a um mais do que certo definhamento económico-político...
Procurarei abordar alguns destes temas em mais uma conferência do IDEFF, desta vez sobre a troika.
1 comentário:
Muito bem.
Faltaria dizer que as opções quando ao conteudo da despesa publica foram muitas delas erradas.
Teria sido mais eficaz ter iniciado medidas de apoio aos sectores/empresas transacionáveis em vez de derreter Euros em despesa inutil ou demasiadas auto-estradas.
Enviar um comentário