sábado, 15 de outubro de 2011

Vemo-nos gregos

(A imagem é de Gui Castro Felga, claro)

A investigação sobre os determinantes sociais da saúde já tinha permitido concluir que a injustiça social faz muito mal à saúde ou que as privatizações maciças matam. Um novo estudo, publicado na prestigiada revista médica The Lancet, desta fez sobre a Grécia, vem confirmar que o círculo vicioso de austeridade degrada a saúde dos indivíduos ao destruir o sistema público de saúde. A luta contra a austeridade é, literalmente, uma luta de vida ou morte.

Entretanto, dou a palavra às forças da morte: “A recessão será maior do que foi previsto em Junho e a recuperação só é esperada de 2013 em diante. Não existe evidência de que tenha melhorado o sentimento dos investidores e aumentado o investimento que lhe está associado, em parte porque a trajectória de reforma não alcançou a massa crítica necessária para transformar o clima de investimento”. Esta novilíngua da troika serve para disfarçar a geração de custos sociais em curso na Grécia, mais um fracasso do ajustamento estrutural, uma distopia.

Qual é a racionalidade, assumindo que isto tem de ter alguma? Yannis Varoufakis argumenta que se trata, entre outros potenciais propósitos, de assustar os “países” em dificuldades, nomeadamente a Espanha e a Itália, usando o exemplo da destruição grega, e já agora da portuguesa, apenas um pouco mais atrasada, para assegurar a sua submissão aos sempre fracassados planos do eixo credor que tem comandado esta desunião. Até quando é que os cidadãos e os governos nacionais vão aceitar isto? Até quando esta desunião?

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