terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Regulação e a palavra «suja» começada por N
A conversão do «novo trabalhismo» às virtudes de uma paisagem económica marcada pelo domínio da finança de mercado, assente na poderosa City londrina, foi um dos mais mais eloquentes símbolos da extensão da vitória neoliberal nos anos noventa. Antes da actual crise, a regulação «ligeira» e um regime fiscal favorável faziam as delícias dos especuladores que afluíam para Londres aos magotes. O governo britânico «explicava» pacientemente ao resto da União Europeia e do mundo as virtudes deste sistema e bloqueava quaisquer veleidades regulatórias ou fiscais harmonizadoras. «Socialismo moderno» no seu melhor. Os neoliberais de todos os partidos aplaudiam o dinamismo da «economia» e viam as crescentes desigualdades como um preço a pagar ou como uma virtude a nutrir. As dinâmicas concorrenciais entre espaços nacionais pareciam ir acentuando o plano inclinado. E depois veio a crise e a comprometedora corrida ao Northern Rock a revelarem aos mais desatentos ou esquecidos o que acontece quando a finança anda demasiado solta e a «especulação» leva a melhor sobre a «empresa» (Keynes). Agora vem o tempo de revisão das crenças. Fala-se com mais intensidade de uma agência europeia de regulação. De maior controlo da finança. O «modelo britânico» começa a ser olhado com suspeição. O «novo trabalhismo», no entanto, permanece tão obcecado em livrar-se de qualquer traço socialista que a solução mais óbvia para o problema do Northern Rock - a nacionalização - é substituída por uma confusa ajuda pública aos investidores privados - «nacionalização sem os seus benefícios» (Financial Times).
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