quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
O espectro de Keynes continua a perseguir a direita liberal
As várias direitas liberais da blogoesfera andam assustadas com a insurgência keynesiana em curso. Assustadas é o termo certo porque escasseiam argumentos. O curso da política monetária ou o pacote de estímulos fiscais, agora apoiados pelo FMI, sublinham aquilo que os que conhecem um pouco da história dos EUA já sabiam: o keynesianismo (na sua versão progressista do New Deal ou na sua envergonhada versão militarista e regressiva neoconservadora), assim como o proteccionismo, sempre foram usados quando foi preciso tirar a economia da crise e colocá-la numa trajectória de crescimento (lembram-se dos défices de Reagan? E da experiência monetarista de Volcker que durou apenas dois anos?). A ideologia reaccionária da futilidade, perversidade e risco (termos de Albert Hirschman) da política económica sempre foi para exportação ou para uso académico. Mas mesmo o domínio intelectual das concepções neoliberais, financiado pela generosidade capitalista (para uma próxima posta), está ameaçado. Quem tiver paciência pode ler a «comunicação presidencial» do Prémio Nobel George Akerlof ao encontro da American Economic Association de 2007: como uma abordagem mais realista ao comportamento dos agentes económicos ajuda a recuperar as principais ideias dos modelos keynesianos. Quem tiver lido a Teoria Geral no original, e não nas suas versões abastardadas de manual, sabe que há ali muita sabedoria sobre o comportamento dos agentes económicos, por exemplo, nos mercados financeiros. Muitos especuladores têm confirmado isto ao longo dos anos. Além disso, alguns dos desenvolvimentos recentes da finança comportamental corroboram-no. Keynes está de volta. Habituem-se.
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5 comentários:
Tantas vezes... e tantos comentários auto-censurados... apenas fica o sentimento: SSSIIIIIIIIMMMMMMMMMMMMMM! E obrigado, e se um dia alguém descobrir... até caio, mas o importante é que sonhei com o Ladrão e depois descobri que ele era real!!!!!!!!!! 5, 3, 27 vezes, obrigada, não, desculpem, não obrigada, mas sim! sim ,é mesmo, mesmo isto que eu quero poder ler...
Olá, muito interessante esta entrada. Lamento não ter tempo para lhe responder, não é por falta de educação ou de paciência, é mesmo por falta de tempo.
Gostaria apenas de chamar a atenção para um pequeno pormenor. Eu costumo ter cuidado com as palavras que escolho e, na minha entrada que linkas. Nunca me referi a Keynes. Foi sempre aos keynesianos. O Keynes não tem culpa da forma como abastardaram com as suas teorias económicas e as suas recomendações de política.
Grande abraço do
LA-C
Caro LA-C,
Pois isso dos keynesianos dava uma conversa interessante. Pós, Novos, Neo... Mas acho que se te estavas a referir aos participantes do Prós e Contras erraste no alvo.
E depois sempre se teria que discutir as recomendações de política do Keynes na TG: «socialização do investimento» e «eutanásia do rentista» são uma grande empreitada.
Um abraço
Li algo recentemente que reportava o Hicks admitindo ter feito ou permitido um grande "disservice" as ideias de effective demand de Keynes...
Keynes, nunca se importou muito com o caminho que o ISLM levou...
Keynes sendo um matemaatico, podia ter feito o que Hicks tentou fazer...
Talvez Keynes tenha tido receio de uma histooria deste geenero: http://farmaciacentral.wordpress.com/2007/12/26/the-evolution-of-ignorance/
http://farmaciacentral.wordpress.com/2008/02/12/raramente-isto-acontece/
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