quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A memória é um país distante (VIII)


«Rui Rio já não é o político que tentou criar no Porto uma democracia autoritária, na qual jornalistas mais críticos eram filmados e expostos nos placards da autarquia; onde os arrumadores deviam ser “escorraçados” ou detidos para identificação; onde colunistas ou atores foram processados por lhe dirigirem palavras duras – e absolvidos em nome da liberdade de expressão; onde os apoios municipais exigiam que os seus destinatários se “abstivessem” de criticar a câmara. Rui Rio também já não é o político que reclamou a suspensão de eleições nas câmaras endividadas, que limpou das listas de deputados os seus opositores internos e transformou o PSD numa máquina fiável, obediente e previsível.
(...) Rui Rio anda irreconhecível. O seu ar austero e ríspido deu lugar a uma longa coleção de sorrisos para os seus adversários. (...) O sucesso poupou-o à amargura e ao ressentimento. Coisa breve, porque, se Rui Rio tem um mérito, é o de não esconder o que é. O Rui Rio sorridente e com gatinhos acabará na primeira contrariedade. Com ele no governo, o “rigor” vai apertar a liberdade de crítica e de expressão, vai colidir com a separação de poderes, vai, enfim, tornar a vida pública do país mais tensa e áspera
».

Manuel Carvalho, Rui Rio paz e amor

2 comentários:

Anónimo disse...

Que gente é esta que utiliza as instituições democráticas para as subverter? As farsas e os farsantes não se reconhecem apenas pelo estilo, a vacuidade das ideias e os projectos reaccionários são o traço indelével deste gênero de pessoas.

jose duarte disse...

Este RR deve ter como livro de cabeceira a ímpar obra de um recente historiador que deu à estampa uma conjunto de coisas a que chamou:"Os factos escondidos da história de Portugal" O seu autor,também conhecido por ser o apresentador/comentador de um programa de"economia" na SIC dá pelo nome de José Gomes Ferreira.RR anda bem assessorado......