segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

O declínio editorial é expresso


As memórias de sábados familiares, com jornais espalhados pelo chão, são inescapáveis e de vez em quando lá cedo à nostalgia e compro o saco com o Expresso. Arrependo-me sempre. Já basta a dieta diária do Público para imprensa convencional em português. Depois passam várias semanas ou mesmo meses antes de cair no mesmo erro. 

Afinal de contas, o Expresso é um símbolo maior da decadência e da vincada viragem para a direita desta comunicação social, que só tem paralelo na televisão público-privada. Juntem-lhe a complementar falta de gosto, bastando lembrar como promovem as Joanas Vasconcelos, expressão artística do porno-riquismo que propagandeiam naquela bolha. 

Um mero exemplo do que acabei de escrever, uma notícia sobre a liderança do PCP: 

“Ironia do destino, foi a esquerda de Jerónimo de Sousa que o deixou de fora deste seu novo combate político. Uma estenose carotídea na artéria esquerda do líder comunista – detetada nos habituais exames médicos de rotina antes de qualquer campanha eleitoral – ditou o seu destino político imediato.” 

Fazer ironia política com os problemas de saúde das pessoas é hábito decadente, num jornal dirigido por um produtor de lixo editorial, ou é só uma das facetas mais rasteiras do anticomunismo de sempre?

1 comentário:

Anónimo disse...

Comecei bastante novo a trabalhar(tipografia) no inicio dos anos setenta(habilitações a sexta classe),aprendi muito com os "velhos" tipógrafos,começando a ler o "Diário de Lisboa",quando hoje folheio um jornal (não tendo grandes estudos) vejo que não passam de mera propaganda aos poderes instalados.