André Ventura fala de “Deus, Pátria e Família”, acrescentando, para tentar merecer o prefixo neo ou pós, o trabalho, se calhar até com alegria. Assumiu-se. Só mudam as circunstâncias históricas e não é pouco.
Ventura não tem qualquer fidelidade a estas palavras, como a sua tradição de resto nunca teve. Como já disse Francisco, é melhor ser-se ateu do que ir à missa e depois semear o ódio. Esta encarnação do cristianismo autêntico estava a pensar nos Venturas, certamente, nos vendilhões de todos os templos e de todos os tempos.
As pátrias estarão sempre vulneráveis com estes promotores de infernos fiscais, do capital menos fiel aos interesses dos que aqui e ali vivem. Ele foi lançado por um vende-pátrias chamado Pedro Passos Coelho, afinal de contas.
A maioria das famílias, as das classes trabalhadoras de todas as cores e feitios, que criam tudo o que tem valor, são sempre ameaçadas por quem quer escavacar o Estado social, tudo aquilo que dá segurança genuína, por quem integra quadros oriundos da especulação imobiliária mais desenfreada, dos negócios mais sórdidos com o Estado securitário.
O trabalho com direitos, já que as obrigações são sempre tantas, sem o qual a vida das famílias é infinitamente mais difícil, é ameaçado por quem quer sempre aumentar os direitos e a discricionariedade dos patrões mais medíocres e menos fiéis à ideia democrata-cristã da empresa como uma comunidade de e para humanos.
Nenhuma destas palavras – Deus, Pátria, Família, Trabalho – deve ser deixada a Ventura e aos seus financiadores e ideólogos, como Jaime Nogueira Pinto, um dos que beneficia de demasiada complacência por parte de gente desmemoriada. Por serem muito inteligentes e muito cultos, os fascistas históricos não merecem menos combate, antes pelo contrário.
Lembremo-nos da lição anti-fascista, dos comunistas aos católicos progressistas que a forjaram também nesta nossa pátria.
Não deixemos que gente desta fique à frente dos que lhe fizeram, fazem e farão frente. Aqui está, creio, uma resolução para o primeiro mês do ano que agora começa.
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