sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

O declínio editorial é um negócio semanal

Ontem tinha prometido acabar por agora com esta série do declínio editorial, mas hoje não resisto a deixar mais um exemplo. Estava a fazer zapping num destes dias e parei por breves minutos num programa chamado Negócios da Semana na SIC-N: estavam lá quatro viúvas de Passos Coelho a rezar pelas alminhas para que as taxas de juro subam.
  
Até parece que tal processo seria o resultado de uma desordem espontânea de mercado e não um processo deliberado pelas autoridades monetárias que controlam esta variável crucial e que se têm revelado mais sensatas por enquanto. O país no lixo é tudo o que as viúvas desejam e, dada a falta de soberania monetária, pode ser que triunfem uma vez mais a prazo, ainda que com outros protagonistas. Em última instância, dependemos de estranhos que não respondem pela nossa gente, não nos esqueçamos.

Este programa é imoderado por José Gomes Ferreira, cuja “ignorância enciclopédica” já foi escalpelizada por gente competente, e que inacreditavelmente ainda tem responsabilidades editoriais, mesmo depois de ter escrito o equivalente historiográfico de um panfleto negacionista das vacinas. Na economia política, Ferreira usa dos mesmos métodos obscurantistas. É consistente. 

E depois queixem-se das “redes sociais”, um verdadeiro Olimpo intelectual ao pé disto.

1 comentário:

Jaime Santos disse...

Ó João Rodrigues, o Gomes Ferreira, escreveu o equivalente astronómico (em sentido literal e figurado) de um panfleto anti-vacinas. Mas cabe lembrar que isto foi na estação que difundiu o interrogatório judicial de um antigo PM, acusado de corrupção.

Não vale a pena falar de declínio editorial porque a SIC tem menos credibilidade do que no tempo em que era uma estação transformadora de tele-lixo, nas palavras do saudoso João Carreira Bom, do tempo em que o Expresso ainda tinha lá muitas vozes livres.

O que espanta é que Daniel Oliveira ou Francisco Louçã emprestem alguma respeitabilidade à TV de Carnaxide.

Não vale a pena andar com queixumes, o que a Esquerda precisa é mesmo de um projeto editorial alternativo. Mas isso implica que vocês se organizem à margem do Estado e já se sabe, não gostam disso...