terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Porque precisamos de protecção. I

O Público de segunda-feira presenteou-nos com duas peças de opinião sobre uma aparente ressurgência do proteccionismo na economia global, devido à crise económica. A primeira, uma tradução de uma peça do Washington Post, ocupando as páginas 2 e 3 do jornal, apontava uma série de medidas “proteccionistas” tomadas um pouco por todo o globo. No entanto, não se percebe o alarme. O artigo não faz mais do que uma amálgama de decisões tão variadas e com razões tão diferentes como o plano de apoio à (há muito tempo em crise) indústria automóvel norte-americana ou a criação de um fundo público francês que proteja as grandes empresas de “takeovers” internacionais, não mais do que um novo instrumento para uma política que recua ao gaullismo. Dou o braço a torcer em exemplos como os do Brasil e Argentina. Parece que aumentaram as tarifas sobre produtos como o vinho e pêssegos (!?) no Brasil e Argentina. Isto de um jornal (o Público) que acusava a presidente argentina Cristina Kirchner de populismo quando, há alguns meses, esta tentou introduzir tarifas às exportações agrícolas – dificilmente uma forma de proteccionismo - de forma a corrigir a desequilibrada inserção internacional da economia argentina.


Mais divertido foi ler o editorial de José Manuel Fernandes, onde se tenta assustar os portugueses com supostos efeitos negativos do plano de recuperação norte-americano na “nossa querida” Auto-Europa, cujo mercado norte-americano é bastante importante. A competição de mercado não é um jogo de soma nula. Como aliás o próprio exemplo fornecido por JMF o aponta. Das três grandes empresas, a Ford parece estar bastante melhor de saúde, no entanto as consequências da falência das outras duas resultaria num impacto de tal ordem na economia norte-americana que arrastaria a primeira para a bancarrota. É óbvio que, mesmo estando mais protegidas de um tal choque, todo o sector automóvel seria atingido. É aliás interessante observar a escolha de JMF. Em vez de utilizar o sector automóvel como exemplo, porque não recorreu à salvação sector financeiro norte-americano? Na sua lógica, a falência dos bancos norte-americanos abriria o caminho para a conquista dos EUA pelos robustos e eficientes bancos portugueses.

JMF mostra o que eu e o João Rodrigues chamámos de “vício ricardiano” num capítulo deste livro. Primeiro, é falsa a dicotomia entre mercados livres e proteccionismo. O que são estes mercados livres? Como estamos cansados de repetir neste blogue, os mercados são criações do Estado, dependendo do contexto institucional que os rodeia. O mercado livre é uma ficção. O que é uma realidade é a construção de uma ordem internacional dos países ditos desenvolvidos que, depois de recorrerem, de forma bem sucedida, à protecção das suas indústrias nascentes, impõem a abertura assimétrica dos mercados ao resto do globo, promovendo padrões de especialização internacional em que só eles tendem a ganhar.

6 comentários:

Anónimo disse...

Mas o JMF, o vira-casacas, está careca de saber que essa coisa do mercado livre não existe, que é uma ficção.
Ele não pode é deixar de dizer as asneiras que diz, e são muitas, porque, no dia em que o fizer o patrão dele, o grande democrata Belmiro de Azevedo, manda-lhe um pontapé no trazeiro.
Depois, coitado do JMF lá tinha de ir trabalhar no duro.
Vocés não queriam mais nada, pois não.!? Então ele mudou de casaca para quê.!?
Vejam lá o exemplo do JMDB (trocado por miúdos um tal José Manuel Durão Barroso, um também ilustre vira-casaca desta praça, e que á conta disso e depois das misérias que são conhecidas é hoje um grande Sr(?????) na europa ganhando um principesco ordenado.

Anónimo disse...

Vício ricardiano não. Virtude ricardiana sim.
A vida é feita de escolhas.
Que o mercado livre é uma criação política só é verdade em parte.
Melhor seria dizer: começa por ser uma criação política para passar a reger-se por leis q escapam ao controlo dos homens e para as quais a politica tem poucas soluções qdo estalam as crises.
A conquista dos mercados é uma lei para os países capitalistas desenvolvidos, devido ao excedente de mercadorias q está inerente ao seu modo de produção. Por isso a espiral do proteccionismo tem sido sempre acompanhada por guerras de rapina, por guerras para ver quem controla tal ou tal mercado.
A escolha é obrigatória não fujam dela: proteccionismo ou mercados livres.
Com acção politica apropriada n temos de ficar no estádio, mercados livres.
Qto a mim é nesse ponto q devia residir a crítica aos defensores dos mercados livres. É preciso fazer com q este não seja um estádio final, ou pelo menos q não dure o suficiente para acabar com a vida no nosso planeta. E ele será um estádio final tanto como o proteccionismo foi.
Se voltarmos as nossas economias para trás, para o proteccionismo damos-lhe mais tempo de vida.

Concordo no entanto, que muitos países, dizem-se a favor dos mercados livres pelas más razões, algumas delas enunciadas neste blogue. Longe de mim dar-lhes razão a essas opiniões. Simplesmente qdo olhamos para a economia n basta olhar para o q existe é preciso olhar para o q tem possibilidade de existir.

jb2

L. Rodrigues disse...

Já nem Thomas Friedman, o homem da oliveira e do lexus, acredita em mercados livres...


Conferir aqui:

http://www.tinyrevolution.com/mt/archives/002748.html

Anónimo disse...

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