Fonte: Banco de Portugal, boletim estatístico |
Quem releia as crónicas dos directores de jornais de economia de há quatro anos a esta parte, fica com uma estranha sensação. Como foi possível que a sua maioria tivesse enveredado por um 25 de Abril ao contrário, pleno de esperanças de que o Memorando da Troika fosse o melhor programa de Governo - e a troika o melhor Governo - que Portugal jamais tivera? Ia-se arrumar a casa, era urgente arrumar a casa! Parecia o ambiente do PREC em 1975, um PREC conservador.
Estavam tão contentes. Havia uma lógica simples. Um consumo desenfreado e doentio, baseado na quebra da poupança e no endividamento, tanto público e privado, alimentava um desequilíbrio externo e um desequilíbrio orçamental. Atacando na raiz, ia melhorar-se tudo. As contas orçamentais seriam o espelho do défice externo e vice-versa. A austeridade era o instrumento para levar a cabo um novo pensamento sobre as funções do Estado. Mais parco, claro. E a libertação de recursos - com estas mesmas palavras, "libertação" - iria estar na base de um modelo económico mais saudável, assente na competitividade e nas empresas. Lembram-se?
Mas um ano depois, pleno de peripécias e casos da espuma dos dias, já estavam desiludidos. Afinal, era só impostos e não havia reestruturação da despesa. Afinal, eram PECs sucessivos, sem uma visão de conjunto, recessivos que, por sua vez, frustravam as metas traçadas e autojustificavam novas medidas, o dobro do que estava previsto. A poupança forçada não se transformava em crédito, asfixiando as empresas e deixando a economia sem instrumentos para crescer. O modelo tinha sido sabotado pelos seus próprios pais. O desemprego subiu, a desesperança espalhou-se.
Estavam tristes e desgostosos. Até se enraiveceram com o caso da TSU em Setembro de 2012! Até foram à manifestação... Era o povo, de esquerda e direita, a protestar por motivos diferentes.
Mas em 2013/14, eis que a melhoria dos indicadores os anima outra vez. Voltam a acreditar, voltam a ficar contentes. Mas não se questionaram sobre o que acontecera ao modelo novo prometido, ao regresso do desequilíbrio externo, ao que vai acontecer no futuro orçamental, aos seus diagnósticos de há três anos. O argumento é que, afinal, as mudanças estruturais levam muito tempo. Parecem dizer: crescimento e baixa do desemprego já não é mau. Afinal resultou, dizem.
Resultou? Aparentemente, o que está a acontecer é que a poupança criada até 2013 está a ser usada. O Estado aligeirou o esforço de austeridade e - indirectamente - "libertou" recursos. As famílias reduziram as suas poupanças. Maior consumo? Por causa de baixos rendimentos? Mais optimismo? O mesmo se passou com as empresas não financeiras. Tudo deve ter animado alguma coisa. Mas de forma insuficiente para absorver a montanha de desempregados criada pelo ajustamento. No fundo, algo parecido com aquilo que o "melhor" Governo de Portugal queria mudar em 2011. Só que um ou vários buracos abaixo no cinto.
Ficámos melhores? Fica apenas o regresso aos mercados, um regresso coxo ainda com os títulos ao nível de "lixo" e que poderia ter acontecdo há quatro anos, se o BCE tivesse feito o que faz hoje. E ficámos com uma dívida pública ainda maior, o que, aritmeticamente, torna a dívida insustentável. Sobretudo à luz do Tratado Orçamental.
Valeu a pena tudo isto?
23 comentários:
Valeu a pena?
Qual o sentido de perguntar ao inevitável se valeu a pena?
Vale a pena reescrever a história?
Vale a pena é assegurar o presente e criar futuro, e ter em mente que as mesmas políticas tendem a dar os mesmos resultados.
Só quem nada percebe de economia é que podia esperar um resultado diferente. Depois do Rogoff e o Alesina terem sido completamente desprovados, esta gente que se intitula tecnocrata baseia-se em que teoria económica, exactamente?
E depois temos os Josés aos montes, que ainda acham que percebem alguma coisa de economia e que as contas da mercearia da esquina têm qualquer coisa a ver com a macro-economia e dizem disparate atrás de disparate como se estivessem a dizer alguma coisa que se aparente à realidade.
Ora...
"esta gente que se intitula tecnocrata baseia-se em que teoria económica, exactamente?
"
Eu acho que se baseiam na realidade, ou se quiser no 1º principio da econimia:
Escassez
cumps
Rui SIlva
Nightwish
Tenha tento na língua.
Não ofenda o comentador-residente, o grande especialista em... chatear os outros com boçalidades.
Aliás, é para isso que recebe uma avença do Passos para aqui estar plantado os dias inteiros.
A viver do Estado Social que deseja que acabe.
Há cada cromo.
A politica que nos levou a banca rota é defensável ainda?
Continuemos a acompanhar as notícias da Grécia antes de apresentar o veredicto final sobre se valeu a pena.
Até lá (já não falta muito) algumas perguntas para reflectir:
- Porque é que Portugal usufrui de juros historicamente baixos (alguns negativos) e a Grécia não?
- Porque é que a Grécia ainda é obrigada a negociar com as instituições e Portugal não?
- Porque é que a Grécia tem problemas de tesouraria gravíssimos e Portugal não?
- Porque é que a Grécia voltou à recessão e Portugal não?
- Porque é que Portugal, apesar de tudo, tem um desemprego (oficial) na casa dos 14% e na Grécia é muito superior?
Ó Antonio cristovao, porquê isso tudo? Porque a dose de austeridade aplicada na Grécia foi o triplo da nossa, e uma quebra do PIB de 25% em quatro anos deixa qualquer país de pantanas...
Este texto, esta temática concita logo as atenções. Das atenções dos que pugnam por este modelo de sociedade, dos troikistas assumidos e dos que queriam ir mais além.
Ou não estívessemos nós em clima pré~eleitoral. Mas também porque do ponto de vista ideológico há que reforçar as fronteiras da besta e os bestiários.
Não vale a pena falarmos agora de quem tenta calar a História. Quem geralmente utiliza tal discurso é quem tem algo a esconder e pretende apagar o passado que lhe é incómodo.O exemplo dos alemães que negavam o nazismo, o exemplo dos colonialistas que negavam os massacres, o exemplo agora de quem nega a trajectória de pobreza e miséria que as troikas nos trouxeram...pela mão do mais despudorado e criminoso neoliberalismo e das suas políticas abjectas de direita e de direita-extrema.
Também não vale a pena falar no "primeiro princípio da economia" de que aí alguém fala. O disparate tem limites e nem os polidos cumprimentos permitem remendar o óbvio.
Falemos de quem mais não tem do que socorrer-se da Grécia , como exemplo.
Repare-se. O primeiro-ministro do alto da encomendada propaganda, fala de Portugal como se comparado ao Haiti. Agora, um sujeito foge para a Grécia ( já lá iremos) como forma de replicar o mesmo que o primeiro diz. E como forma de fuga.E como forma de propaganda à governança.
Impressionante é o silêncio comprometido, nauseabundo, cúmplice, sobre todos os dados aqui apontados e trazidos a debate.
Fala na Grécia em forma de trânsito para os caminhos do paraiso, esquecido que está que tudo está em aberto e que as nuvens que nos ameaçam não só não desapareceram como se agravam.Até nas palavras ditas (às claras ou entredentes) dos representantes néscios do poder imperial.
De
"Continuemos a acompanhar as notícias da Grécia" diz assim alguém.
O que pretende é apagar de todo as notícias por cá.Enquanto atira para o ar a sua versão sobre o notíciário da Grécia. Já lá iremos.
Mas enquanto o tenta, não disfarça a propaganda replicada de qualquer ministro da propaganda. A começar no "desemprego oficial" designação tão do agrado de qualquer oficioso apologista do paraíso neoliberal nacional
Qual é então esse "paraíso" escondido atrás deste processo de fuga, em tons de propaganda um pouco néscia?
Damos a palavra a Sandra Monteiro:
"Trabalhes ou estejas desempregado, serás pobre. É esta a mensagem subjacente às transformações que estão a ser feitas, em simultâneo, no mundo do trabalho e na protecção social no desemprego. É esta a sociedade de pobreza, com mais pobres e maior intensidade de pobreza, que está a ser construída de forma estrutural, porque o que se passa ao nível das remunerações salariais e da protecção social tem efeitos sobre todo o edifício económico, social e político. Uma sociedade que era já das mais desiguais antes da crise está a tornar-se mais desigual ainda.
Portugal caracteriza-se há muito por níveis salariais extremamente baixos quando comparados com a média europeia. Mas a "desvalorização interna" dos últimos anos mostra que termos salários que são pouco mais de metade da média dos salários na União Europeia (56,4%) não é ainda suficiente nesta corrida para o abismo do trabalho (quase) escravo. Nos últimos anos, além dos cortes salariais no sector público (26%) e no sector privado (13%), registou-se uma acentuada quebra dos salários nos novos contratos e nos contratos a termo (e mais no trabalho feminino do que no masculino). Assim, entre 2012 e 2013, " verificou-se uma travagem a fundo e os salários recuaram 1,9%, correspondendo agora a uma média de 808 euros mensais líquidos" ; e os trabalhadores que sofreram um corte maior, de 6% no último trimestre de 2013, foram os diplomados do ensino superior, apesar de continuarem a ter, em média, salários mais elevados
A confirmar esta percepção de que os novos empregos criados são cada vez mais trabalhos de miséria está a informação recente de que "os contratos de trabalho feitos de Outubro de 2013 para cá e que ainda estão em vigor apontam para um salário base de cerca de 581 euros brutos por mês" . Isto é, os novos salários tendem a aproximar-se do salário mínimo nacional, ainda agora aumentado para os 505 euros mensais.
A construção desta pobreza laboral, que não é uma característica nacional mas neoliberal, assenta em vários factores, da emigração forçada (superior a 400 mil pessoas) às várias formas de desregulação do emprego. Nestas formas incluem-se as deslocalizações, a precariedade, o trabalho temporário e a tempo parcial, os estágios remunerados com fundos comunitários ou públicos, sem perspectivas de inserção no mercado de trabalho, ou ainda o (auto)emprego através da criação de empresas de desespero, as quais, mascaradas por uma retórica de "empreendedorismo individual", são em geral uma via para o sobreendividamento pessoal. "
De
Continua Sandra Monteiro:
"É este admirável mundo novo da emigração, da precariedade, do biscate, do estágio perpétuo e do endividamento para poder trabalhar que facilita a aceitação de remunerações cada vez mais miseráveis. O exército de reserva dos desempregados é hoje inseparável do exército de reserva dos trabalhadores pobres e das remunerações baixas. As estatísticas que usámos durante décadas terão de ser muito afinadas para traduzirem bem as novas realidades que as políticas sociais e de emprego devem combater.
Quando organismos como o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresentam os dados do desemprego (13,7% no primeiro trimestre de 2015) causam entre os cidadãos uma certa ambivalência. Porque, sendo já de si elevadíssimos, percebe-se que não contam com realidades bem conhecidas: os que já desesperam das grilhetas da apresentação quinzenal no Centro de Emprego, de onde não vem qualquer trabalho; os que emigraram e continuam a pensar voltar mal arranjem trabalho cá; os que trabalham muito menos horas (e semanas, e meses…) do que estão disponíveis para trabalhar; etc.
É por isso importante surgirem estudos que ajudem a compreender melhor a realidade. Exemplo disso é o estudo do "Barómetro das Crise", onde se afirma que, "tendo em conta as diversas formas de desemprego, o subemprego e estimativas prudentes sobre a situação laboral dos novos emigrantes, a taxa real de desemprego poderia situar-se, no segundo semestre de 2014, em 29% da população ativa" . De facto, não só os números da criação de emprego são francamente decepcionantes (pouco e mau emprego), como os níveis do desemprego, em vez de descerem substancialmente, mantêm-se perigosamente estáveis a níveis muito elevados (muito e mau desemprego).
(De)
Ainda Sandra Monteiro:
"Regressemos à ideia de que as políticas actuais generalizam a pobreza, tanto de quem trabalha como de quem está desempregado, por via de uma actuação simultânea no mundo do trabalho e na protecção social no desemprego. Se existe alguma racionalidade individual – que não colectiva – em aceitar trabalhos miseráveis ("é melhor que nada"), é justamente porque esse "nada" foi fabricado, a montante, nas políticas sociais, pela crescente desprotecção social, desde logo no subsídio de desemprego e demais prestações, ainda para mais num quadro de permanência de níveis muito elevados de desemprego de longa duração.
É este o papel político da desprotecção social dos desempregados. Quando temos, segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), menos 100 mil empregos protegidos entre Dezembro de 2012 e Dezembro de 2014, e quando chegamos a taxas de absoluta desprotecção (sem subsídio de desemprego, nem subsídio social de desemprego inicial, nem subsídio social de desemprego subsequente) de quase metade dos desempregados "oficialmente" registados (46% no segundo trimestre, 49% no quarto trimestre de 2014) , compreendemos que é um dos pilares do Estado social que está a ser destruído. Qual? O direito à protecção social no desemprego, condição fundamental para a igualdade de direitos e de oportunidades, direito que combate a pobreza protegendo todos os trabalhadores e a própria Segurança Social, ao impedir o abaixamento das contribuições gerais pela aceitação de quaisquer níveis remuneratórios.
Ainda para mais, a outra prestação social – o rendimento social de inserção (RSI), não criado especificamente para os desempregados e dependendo apenas da falta de rendimentos – que poderia aliviar dramáticas situações de pobreza, não tem acompanhado as necessidades decorrentes da crise e deixa crescentemente sem protecção desempregados que já esgotaram a duração do subsídio. É aqui que importa mexer, com carácter de urgência, para que o Estado social garanta níveis dignos de protecção social.
Se nem para defender o Estado social se conseguir implantar políticas robustas, como escolher pelo menos um dos outros vértices (o Tratado Orçamental ou a dívida pública actual) do "triângulo das impossibilidades da política orçamental", na expressão do economista Ricardo Paes Mamede, de cujo cumprimento terá de se abdicar para ser possível reverter a austeridade e o empobrecimento?"
Da Grecia.falemos na Grécia para não falarmos do garrote que nos aperta e que continua a apertar.
A propaganda sempre foi um dos vectores chave da perpetuação do poder e dos seus serventuários
De
Escassez? De quê? De dinheiro? Isso, por definição, só faz sentido num país idioticamente agarrado a uma moeda idiota.
Escassez de tudo, caro Nightwish,
Se os bens não fossem escassos não estaríamos aqui a discutir estas minudencias. Eramos todos ricos. Como há escassez tem que haver gestão. Veja o caso da Venezuela, detém das maiores reservas de petróleo do mundo, está a importar petróleo...
Caro Rui Branca,
Evidentemente que você está equivocado. A Grécia não aplicou austeridade. E sabe porque? Porque nem sequer pode. A desorganização a incompetência e corrupção são tão grandes que nem cobrar impostos conseguem.
Não tem "máquina fiscal".
A Grécia ou melhor os seus lideres acreditaram que a fonte vinda da Europa nunca iria secar. Então foi um "fartar vilanagem" que se faz tarde.
cumps
Rui SIlva
O sr Silva parece que nem percebeu.
Parece que nem percebeu nem a figurinha que fez ao proclamar no alto da sua sapiência o "primeiro princípio da economia" . Mas sobretudo não percebeu o que foi e é a austeridade e o que se passou e passa na Grécia.
Em termos de economia política podemos dizer que uma lei fundamental, válida para todos os sistemas económicos, é a da correspondência entre as relações de produção e o desenvolvimento das forças produtivas. Esta lei traduz-se em capitalismo pela maximização do lucro e em socialismo pela maximização das necessidades sociais.
"Se os bens não fossem escassos não estaríamos aqui a discutir minudências""
Mas desde quando o que discutimos são minudências? Desde quando a distribuição da riqueza é minudência?Desde quando o saque governativo a mando do poder económico é minudência? Desde quando a exploração do Homem pelo homem é minudência?
Que fique então o registo: o desenvolvimento sócio-económico, a solução dos défices estruturais, do desemprego ou da pobreza, o avanço nos direitos sociais, ou o fim da exploração são minudências para os aprendizes neoliberais
Algum sentido de vergonha por favor
Há mais:
"Se os bens não fossem escassos ...éramos todos ricos"
Passemos de lado à relação directa (pueril?) entre a "não escassez de bens" com o sermos todos ricos. Foquemo-nos apenas nessa tal escassez.
Escassez? Mas dede quando as estórias da carochinha ainda rendem?
"Nos EUA, em dois anos da dita "recuperação económica", os 7% mais ricos aumentaram em 27% a sua riqueza, mas para os restantes 93% caiu 4%. O ganho acionista de 50% entre 2011 e 2013, à custa dos milhões pagos pelos contribuintes, foi na sua grande maioria para as mãos dos 5% mais ricos. Porém, o sistema de saúde é para quem pode pagar e segundo a "Feeding America" uma em cada seis pessoas passa fome".
Em Portugal o fosso entre ricos e pobres é o pior dos últimos 30 anos.
De
Há mais.
Porque temos de novo o tema recorrente da Grécia. Com a contaminação do que de pior e de mais acéfalo há dos blogs manhosos de personagens duvidosas dos antros fétidos do neoliberalismo onde o governo vai beber argumentos para, e passos vai fazer a colheita dos ministeriáveis.
Coisas como estas ": A Grécia não aplicou austeridade.Porque nem sequer pode. A desorganização a incompetência e corrupção são tão grandes que nem cobrar impostos conseguem.
( Não tem "máquina fiscal", dirá numa clara apologia à máquina em Portugal, que a cada dia que passa se revela mais cruel e ao serviço da oligarquia do sr silva)
Parece que a estória está reduzida a uns calões que nada fazem e que querem viver da fonte inesgotável vinda de fora.Desta forma se mente e se manipula.Se repetem barbaridades e se distorcem os factos.Se faz a apologia da alemanha e do capital.Se esconde a transferência da riqueza e quem de facto é vilão e vive da vilanagem.Se "esquece" que os tais dirigentes gregos são da mesma ninhada dos borges e que beberam o leitinho da Goldman Sachs.
E "esquece-se" o papel do euro, evidentemente
"Até 2002, o PNB alemão era inferior ao PIB alemão, o que significava que uma parcela da riqueza criada na Alemanha ia beneficiar os habitantes de outros países. A partir da criação da Zona Euro em 2002, a situação inverte-se rapidamente: o PNB alemão passa a ser superior ao PIB alemão, ou seja, superior ao valor da riqueza criada na Alemanha. Isto significa que uma parcela da riqueza criada em outros países é transferida para a Alemanha indo beneficiar os habitantes deste país. Só no período 2003-2015 estima-se que a riqueza criada em outros países que foi transferida para Alemanha, indo beneficiar os seus habitantes, atingiu 677.945 milhões €, ou seja, o correspondente a 3,8 vezes o PIB português.
Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente o contrário como mostram os dados da Comissão Europeia. Na Grécia até 2001, o PNB grego (a riqueza que o país dispunha anualmente) era superior ao PIB (o que era produzido no pais). No entanto, a partir de 2002, com a criação da Zona Euro, começa a verificar-se precisamente o contrário. Uma parcela da riqueza criada na Grécia é transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes dos outros países. Em Portugal aconteceu o mesmo mas logo após a entrada para a União Europeia em 1996".Como revelam os dados da Comissão Europeia constantes , se consideramos o período que vai desde a criação da Zona do Euro (2002-2015) a riqueza criada na Grécia que foi transferida para o exterior, indo beneficiar os habitantes de outros países, já atinge 48.760 milhões €. "
Eugénio Rosa
De
Rui Silva repete a cartilha que lhe imprimiram sem pestanejar e sem sequer se aperceber da estupidez contida nas suas palavras. Mas o facto é que a cartilha é eficaz o suficiente para manter pobres de espírito e de inteligência como Silva a repetir asneiras facilmente debatidas e desmontadas sem que esse facto lhes registe sequer na retina,quanto mais no cérebro...e é por isso que está cartilha para idiotas neo liberal é tão perigosa...
A austeridade passou pela Grécia com a força de um vendaval e com a ignomínia própria de quem arrasa tudo, para servir os interesses doa banca e do grande poder económico.
É indesmentível a austeridade grega. Tão indesmentível que não há praticamente nenhum local que fale sobre o tema que não aponte esta como um facto.
A austeridade falhou em toda a linha.Aqui e ali são vozes do FMI que constatam o facto.Os estudos sucedem-se e ainda recentemente um trabalho alemão veio confirmar o trajecto distinto ( para pior) da economia grega sob a pata austeritária
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/05/a-europa-o-euro-e-heinrich-von-thunen_10.html
Tal trabalho deixou em polvorosa a coorte neoliberal quando confrontada com o texto. No Ladrões tivemos apenas uma pequena amostra. Na maior parte dos sítios todavia o silêncio foi de chumbo.
Perante o falhanço clamoroso austeritário, o que sai das cabeças dos afeiçoados de hayek e de mises?
"Tudo" falhou porque a Grécia não aplicou a austeridade.
Não se riam por favor.
Podíamos inquirir então se não foi a Grécia , ou melhor o governo subserviente grego, quem a aplicou? A merkel directamente ? Indirectamente sem qualquer sombra de dúvida.Ou foi o passos mai-lo os trastes que nos governam,governando-se?
Diga lá o que disser o sr silva a austeridade existiu e foi exercida de acordo com os modelos habituais entre os círculos do FMI. E falhou como há muito diziam ( não os néscios economistas e os serventuários governamentais) algumas das vozes mais lÚcidas e esclarecidas. E nem todas de esquerda.
Os resultados aí estão bem patentes
Vir agora tentar fazer crer que o falhanço se ficou a dever a desorganização e incompetência e bla-bla-bla é simplesmente ser desonesto.
Os dados eram conhecidos antes da brutalidade da troika.Dados económicos, dados sociais,dados culturais, dados políticos. A muito posterior recusa das populações era algo perfeitamente expectável.A revolta contra os ditâmes da UE é algo que mais cedo ou mais tarde vai acontecer. Vir agora queixar-se da "gestão" parece aquela cena do dirigente do FMI que, furioso com a Argentina, dizia que as coisas estavam a falhar porque os argentinos não tinham ainda sentido o calor do chumbo como era expectável na época na América Latina. Pinochet não tivera qualquer pejo em o fazer para cumprir o programa da escola de Chicago, comprovando a aliança entre este facínora e friedman.
Tão simples e tão abjecto não é?
De
O que falta afinal ao governo Grego para implementar as medidas que considera serem as melhores para o desenvolvimento do seu país? Porque não adopta simplesmente essas medidas?
A pergunta do anónimo das 16 e 28 revela uma puerilidade notável ,tendo em atenção que o debate sobre a Grécia não tem sido escamoteado também por aqui, no Ladrões.
Por exemplo terá muito interesse ler este oportuno post colocado aqui há dias:
http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/05/as-instituicoes-e-grecia-
entreter-ate_12.html
Mas o debate sobre a situação grega é amplo e vasto e não se resume nem a este texto nem a estas perguntas um pouco infantis. Que têm todavia uma virtude ( involuntária ou não). Acrescentam mais ao debate e trazem mais luz para zonas que são manipuladas pelos nossos média e pela governança e seus sustentáculos.
"Se houvesse dúvidas sobre a possibilidade de países da zona euro divergirem das chamadas “políticas de austeridade” a experiência grega mostra-nos que isso é uma mentira. Mais, estes primeiro meses do novo governo demonstram-nos que a decisão soberana do povo grego só irrita mais quem manda na zona euro.
Parece evidente que só restam duas opções ao governo grego: dobrar a espinha ou defender a saída do euro.
Tiago Mota Saraiva
Daqui:https://observatoriogrecia.wordpress.com/2015/05/15/preparar-a-saida-do-euro/
De
"A pergunta do anónimo das 16 e 28 revela uma puerilidade notável ..."
A pergunta é propositadamente simples mas não deixa de ser esclarecedor que não teve uma resposta simples e directa.
A Grécia é um país soberano. O governo Grego tem um mandato popular claro e amplo. O seu programa eleitoral continha uma lista de medidas que foram aprovadas pela população. Porque é que o governo Grego não as implementa?
Ah,uma respsota directa e simples.
Deve ser cumprida a vontade popular
Porque infelizemtne o Syriza, por constrangimentos vários, não asusme de vez o corte com a troika.
Porque infelizmente o Syriza tem cedido à chantagem do directório e da Alemanha.
Não há nada a esperar desta UE
De
Vamos por partes e na ordem que me parece mais adequada.
1º "Deve ser cumprida a vontade popular" - concordo totalmente
2º "Não há nada a esperar desta UE" - concordo totalmente
3º "Porque infelizmente o Syriza, por constrangimentos vários, não assume de vez o corte com a troika.
Porque infelizmente o Syriza tem cedido à chantagem do directório e da Alemanha."
É o 3º ponto que devia ser aprofundado:
- O Syriza, quando fez o seu programa eleitoral, não sabia do ponto 2?
- Se sabia, das duas uma:
-- Ou já se preparava para enganar os seus eleitores e as suas propostas não eram afinal verdadeiras alternativas (por inviáveis à partida);
-- Ou tinha consciência que para ser fiel às suas propostas junto dos eleitores Gregos teria de romper definitivamente com a troika, o Euro e a UE.
Só na segunda hipótese o Syriza podia falar verdadeiramente de uma alternativa e só na segunda hipótese podia ter prometido o que prometeu. Conclui-se portanto que a 1ª opção não é verdadeiramente uma alternativa porque é inexequível. E é isso que faz a ponte com a situação Portuguesa: a opção deste Governo correspondeu a uma alternativa; a outra alternativa corresponde à 2ª hipótese. Todas as outras propostas (que dependem de uma mudança da UE, por exemplo) não são verdadeiramente alternativas porque não são exequíveis. E quem as promete está a enganar os eleitores. De forma consciente e fundamentada no caso Grego.
Finalmente, esta análise poderia ser complementada se listasse os tais constrangimentos vários (para além dos que já mencionou: UE, ...). É que se esses constrangimentos são de tal ordem que impedem o cumprimento da vontade popular pelo governo soberano Grego, então qualquer alternativa que envolva a sua violação é também inviável (mais uma vez, com base na experiência do Governo Grego).
Sinceramente não sei o que pensava o Syriza quando fez as promessas que fez.Pensava ainda que seria possível negociar com a UE Acreditava ainda nas virtualidades da moeda única.Ainda esperava alguma coisa da UE. Porque este é o primeiro constrangimento e reside na natureza do Syriza. Este não é um partido revolucionário, é um partido da social-democracia tradicional com laivos nacionalistas. (Porém,justo é que se diga que é o primeiro partido no governo na UE a contestar o pensamento único neoliberal. E isso bastou para soarem todos os alarmes)
A partir daqui os equívocos somam-se O texto do Tiago Mota Saraiva linkado permite responder a algumas das dúvidas levantadas
Claro que daqui tiro algumas ilacções, nomeadamente que as ilusões de reforma dentro do sistema não funcionam. Eu digo que não havia nem há nada a esperar desta UE. Esta não era a posição do Syriza.Pelo que o esquema elaborado cai logo por terra
Cito um trabalho de Vaz de Carvalho sobre o tema:
"Uma negociação sobre austeridade com a UE é uma negociação antagónica. Falar em parceiros e ajuda evidencia-se, face ao que ocorre, como uma desprezível mentira.
Não se pode iniciar uma negociação deste tipo sem um plano alternativo para enfrentar o confronto, designadamente: a saída do euro, o não pagamento da dívida até acordo sobre a sua renegociação, a obtenção de financiamento alternativo através do sistema financeiro criado pelos BRICS e a SCO (Shanghai Cooperation Organization).
O Syriza "esqueceu-se" de uma medida fundamental, evidenciando o seu carácter social-democrata, como o controlo público da banca implicando o fim da livre transferência de capitais. A contravenção à lei, posta em prática de imediato, implicaria a penhora de bens e um processo de pagamento de juros. Deveria também ser prevista a instauração de processos contra actos anteriores à posse do governo que configurassem ilegalidades ou sabotagem económica.
A capitulação do Syriza levou a que a CE insistisse na ofensiva contra os povos. O comissário dos assuntos económicos deu uma conferência de imprensa para denunciar (é o termo) cinco países – França, Itália, Bélgica, Bulgária, Croácia, Portugal – em situação de défice excessivo "que requer ações políticas decisivas e monitorização específica".
A UE tem os povos presos nas grilhetas do endividamento e do euro. Esta situação só será alterada pela resistência popular. O caso grego mostrou que esta resistência amadureceu na consciência dos povos. Quando o governo grego parecia querer afrontar a troika o seu apoio subiu para mais de 70%, e realizaram-se grandes manifestações de apoio ao governo. Face às pressões da troika, governo grego teria de imediato efetuar um referendo sobre as suas propostas eleitorais e a eventual saída do euro.
Por último, é importante verificar que partidos ou movimentos políticos sem referências ideológicas anticapitalistas expressas e evidenciadas na prática resvalam para o oportunismo rendendo-se ao neoliberalismo. Não queremos com isto dizer que para se defender a soberania nacional e políticas progressistas é necessário ser marxista. O que não se pode é ser antimarxista e não procurar a unidade com estes sectores"
Daqui:http://resistir.info/v_carvalho/acerca_de_negociacoes.html
De
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