domingo, 10 de maio de 2015

A Europa, o euro e Heinrich von Thünen


Cada vez mais a Europa parece destinada a reproduzir, à sua própria escala, o modelo dos círculos concêntricos de Heinrich von Thünen, concebido para interpretar o padrão de relações entre a cidade e o campo que a envolve, segundo uma lógica que estabelece a distinção entre centro e periferia. Se a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro, a austeridade conduziu ao aprofundar das assimetrias, nomeadamente nas economias do Sul, onde foi aplicada, comprometendo as suas perspectivas de desenvolvimento futuro.

Como se torna cada vez mais evidente, não tinha que ser assim, desde logo no que à aplicação da austeridade diz respeito. Como demonstra o estudo recente de um instituto alemão que se dedica a análises de conjuntura e de política macroeconómica (Institut für Makroökonomie und Konjunkturforschung) que a Filipa Vala fez o favor de dissecar e sintetizar aqui, a economia grega, por exemplo, poderia ter tido um desempenho bem distinto, caso não tivesse sido sujeita às doses de austeridade que lhe foram impostas. E quem diz a Grécia, diz Portugal ou a Irlanda.

20 comentários:

Jose disse...

Ele são círculos concentricos, ele são os quadrados divergentes, ele é um sem fim de teorias para dizer o óbvio: havendo quem adiante a nota não há pobreza que dure!
Quem aderiu à UE sabia ao que ia: conhecimento, tecnologia, eficiência.
Os exemplos eram óbvios, a globalização fez-se às claras, as leis eram traduzidas e explicadas.
Od gregos vigarizaram, os portugueses fizeram auto-estradas, assobiaram para o lado e acreditaram que não lhes faltariam com a nota.
Enganaram-se! Ponto.

Anónimo disse...

"Só a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro".
Qual será o alto pensamento económico que sabendo que a moeda representa a produtividade pode afirmar tal coisa?
Faz-me lembrar que eu não podia usar o mesmo meio de pagamento (moeda) que aqui o meu vizinho que em relação a mim é "podre de rico".
Em relação á austeridade, fico a perceber, que o autor, acha que a Grécia devia manter o tipo de governação que tinha , bastava continuar a tirar dinheiro aos outros países e mete-lo na Grécia para se resolver o problema "ad infinitum".

cps

Rui Silva

Unknown disse...

Estranho é que quando a realidade não condiz com as teorias )Inglaterra) omite-se a realidade.
Claro que a culpa dos gregos e nós estarmos em maus lençois é mais que evidente da Merkl e da politica de austeridade; tanto assim que a Alemanha vive uma crise terrivel.

Anónimo disse...

O ensino do jose de facto parece que se pautou por muitas debilidades.

Será que é por causa disso que sempre que pode manifesta o seu rancor a todas as profissões e estudos para os quais não conseguiu os mínimos?

Que pobreza.

Eis a demonstração em concreto da vacuidade dos axiomas neoliberais.E a sua fuga espantada e em desordem quando perante dados e números.
O óbvio agora esconde-se atrás dum slogan que cito "havendo quem adiante a nota não há pobreza que dure".Às urtigas a realidade e a demonstração serena dos factos.

Que tristeza.
Mas infelizmente há mais

De

Anónimo disse...

Cristovão é outro que necessitaria de mais precauções ao pronunciar-se da forma como o faz.

Afirma que"quando a realidade não condiz com as teorias )Inglaterra) omite-se a realidade".

Pobe Cristovão que confunde desta forma sondagens com as teorias ,sejam lá o que estas forem.

Se nunca tais temas tivessem sido alvo de debate, aqui , no ladrões, ainda poderíamos estar a abrir espaço para um debate plural e enriquecedor.
Mas "isto"? O repetir temas estafados já ditos e reditos, já esmiuçados, já desmentidos, já focados ? Desta forma tão manhosa, em que se fazem declarações já rebatidas por hipócritas, manipuladoras e pueris?

Adivinha-se o cheiro das eleições e a necessidade de replicar os slogans expandidos por passos e companhia.

Infelizmente para tais personagens não estamos nos bas-fond de blogs que por aí pululam com a marca de água duma helena ou dum manuel josé fernandes.

De


Anónimo disse...

Um trabalho ( ainda por cima de origem alemã) que demonstra que a lógica austeritária é responsável pelo agravamento das condiçoes económicas deve deixar alguns em polvorosa.

Cita-se:
"Como os autores salientam, de acordo com estas projeções, a Grécia estaria em melhores condições de assegurar compromissos com credores se não tivesse implementado austeridade nenhuma, ou se tivesse adiado para um período de retoma económica as medidas de consolidação. Um programa de consolidação adiado e faseado implicaria uma contração do PIB de 9,1% (contra os 26% que se verificaram). Os autores salientam ainda um erro que o próprio FMI já reconheceu: os cortes na despesa do estado não aumentam a confiança dos investidores privados e, por isso, estas medidas têm um efeito multiplicador bastante mais recessivo do que o estimado."

Então porquê o sobressalto e o correr para o teclado desta forma tão...característica?

A resposta adivinha-se no final do texto em causa:
"Talvez, enfim, a insistência em programas de consolidação pelo lado da despesa não tenham tanto por objetivo a retoma económica, mas antes a destruição das funções sociais do estado.

Ou dito de outra forma:
"A austeridade foi a forma de colocar os povos a pagar as consequências de um sistema em crise, com a arrogância antidemocrática de que não há alternativa ao aumento das desigualdades e da pobreza, à entrega da riqueza criada à especulação financeira, aos monopólios, às privatizações, etc. Uma moral que se limita a "espoliar a classe trabalhadora e dar alguma coisa aos pobres" (Jane Rockfeller).

Por isso a irritação e a crispação

De

Anónimo disse...

VEJAM O QUE ACONTECE EM PORTUGAL VER ATÉ AO FIM


https://www.youtube.com/watch?v=7YCpxX22Wc8

Anónimo disse...

Alguém fala na dívida ( sem ter a coragem de a apontar pelo seu nome,claro)
E depois diz:
"Quem aderiu à UE sabia ao que ia: conhecimento, tecnologia, eficiência"
Deixemos para lá a propaganda tosca à definição da UE . Por mais que custe aos que cantam hossanas aos paraísos europeus, ninguém foi consultado por aqui em relação à adesão à UE.Quem forçou a adesão foram e são os mesmos que nos tentam impingir as grilhetas de submissão.

Infelizmente para quem fala de forma escondida da dívida:
"Até 2002, o PNB alemão era inferior ao PIB alemão, o que significava que uma parcela da riqueza criada na Alemanha ia beneficiar os habitantes de outros países. A partir da criação da Zona Euro em 2002, a situação inverte-se rapidamente: o PNB alemão passa a ser superior ao PIB alemão, ou seja, superior ao valor da riqueza criada na Alemanha. Isto significa que uma parcela da riqueza criada em outros países é transferida para a Alemanha indo beneficiar os habitantes deste país. Só no período 2003-2015 estima-se que a riqueza criada em outros países que foi transferida para Alemanha, indo beneficiar os seus habitantes, atingiu 677.945 milhões €, ou seja, o correspondente a 3,8 vezes o PIB português.

Na Grécia e em Portugal aconteceu precisamente o contrário como mostram os dados da Comissão Europeia. Na Grécia até 2001, o PNB grego (a riqueza que o país dispunha anualmente) era superior ao PIB (o que era produzido no pais). No entanto, a partir de 2002, com a criação da Zona Euro, começa a verificar-se precisamente o contrário. Uma parcela da riqueza criada na Grécia é transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes dos outros países. Em Portugal aconteceu o mesmo mas logo após a entrada para a União Europeia em 1996.

Como revelam os dados da Comissão Europeia constantes , se consideramos o período que vai desde a criação da Zona do Euro (2002-2015) a riqueza criada na Grécia que foi transferida para o exterior, indo beneficiar os habitantes de outros países, já atinge 48.760 milhões €.

Em Portugal tal situação começou poucos anos depois de entrar para a União Europeia. Em 1995, o PNB português, ou seja, a riqueza que o país dispôs nesse ano ainda era superior ao PIB, ou seja, à riqueza criada nesse ano em Portugal, em 353 milhões €. A partir de 1996, o PIB passou a ser superior ao PNB, ou seja, uma parte crescente da riqueza criada em Portugal começou a ser transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países. No período 1996-2015, o valor do PIB deste período (20 anos) é superior ao valor do PNB deste período em 70.751 milhões €. Tal é o montante de riqueza líquida criada em Portugal que foi transferida para o exterior indo beneficiar os habitantes de outros países, incluindo os da Alemanha. E como mostram também os dados do quadro 1, após a entrada de Portugal na Zona Euro em 2002, a transferência da riqueza criada em Portugal para outros países aumentou ainda mais (só no período da "troika" e do governo PSD/CDS a transferência liquida de riqueza para o exterior que foi beneficiar os habitantes de outros países atingiu 20.807 milhões €).

Portanto, afirmar como fazem os defensores em Portugal da sra. Merkel e dos burocratas de Bruxelas que é a Alemanha que financia tudo é não compreender os mecanismos de funcionamento atual da economia mundial; é no fundo mostrar ignorância ou mentir.
Eugénio Rosa

Afirmar isto:
"Quem aderiu à UE sabia ao que ia: conhecimento, tecnologia, eficiência.
Os exemplos eram óbvios, a globalização fez-se às claras, as leis eram traduzidas e explicadas."
... é no fundo mostrar ignorância ou mentir

De

Emmanuel disse...

na Europa falta algo que existe na India:

as zonas mais pobres recebem dinheiro das zonas mais ricas

é isso que define um país

God bless you!
Immanuel

Anónimo disse...

Falar na "clareza das leis", bem traduzidas e explicadas é mais um dado que permite ver a manipulação que se esconde atrás das palavras gratuitas e dos slogans néscios

Dois casos concretos:

-O banco central europeu, a sua origem e as suas cartas secretas( lá se vai a clareza ao fundo)
"Sabemos que não há soberania sem moeda e capacidade de emissão monetária. Quem manda é quem tem o poder de dizer “não há dinheiro”. Dizem-nos que os países da zona euro “partilham” essa soberania. Mas o que significa “partilha da soberania” monetária? Pelos vistos sujeição a um Banco Central dito “independente” que não responde perante nenhum parlamento e que não hesita em exorbitar do seu mandato para impor programas de governo com um claro viés de direita e, como no caso do BES, decisões políticas que põem em risco milhares de milhões de todos nós.2
José M. Castro Caldas

Daqui:http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2014/09/refens-de-um-banco-central-independente.html

-O TTIP
"No segredo dos cidadãos, em junho de 2014, a CE recebeu mandato dos ministros do Comércio Externo da UE para negociar com os EUA um tratado de comércio livre, também designado por «Transatlantic Trade and Investment Partnership» (TTIP) para entrar em vigor em 2015. Desde julho que as negociações decorrem.

Este secretismo mostra bem o nível a que os políticos ao serviço das oligarquias desceram. Trechos do tratado vieram a público no sítio da internet do L'Humanité. O ministro francês do Comércio Externo indignou-se com "as fugas".

Aqueles que imaginam a UE como um espaço de progresso e democracia, "abandonem toda a esperança", como, na Divina Comédia, Dante viu escrito "em letreiro escuro" à entrada do Inferno e, já agora, tapem o nariz: para publicar o documento foi necessário decifra-lo, pois estava encriptado! Eis por onde anda a "glasnot" na UE…

"As negociações são secretas para impedir os povos de descobrirem o que verdadeiramente está em jogo. Por outro lado, 600 "conselheiros" oficiais das grandes empresas dispõem de um acesso privilegiado a estas negociações para forjar o seu ponto de vista"
Daniel Vaz de Carvalho

Daqui:http://resistir.info/europa/tratado_comercio_eua_ue.html

(De)

Anónimo disse...

Em Portugal existe um grupo económico que manda neste governo provas disso é que este desgoverno tudo faz para ajudar a dar lucros a esses deixando o povo e afins de lado passando mesmo por cima da saúde de um povo já doente por sofrer tanta autoridade que ao fim ao cabo de nada serviu porque as dividas aumentaram três vezes mais ,a fome aumentou a miséria o desemprego os sem abrigo o poder de compra que é o maior inimigo da economia de um País porque sem poder de compra nada existe mais a não ser a pobreza de um povo e País !!!

Jose disse...

(Continuação)
Em tudo que se traduzisse em subsídios e sinecuras a mensagem da adesão foi bem entendida:
- Formação profissional; transformada em fonte de financiamento de sindicatos, associações de todo o tipo, e multidão de chicos espertos.
- Conhecimento; universidades e institutos a granel, professorado à grosa, escolas em todo o canto e sítio, sob o alto principio de que ninguém ficasse para trás, todos numa mesma molhada.
- Tecnologia; subsídios à modernização industrial, pilhas de equipamentos subsidiados, muito cimento por conta do Estado e seus anexos.

O que faltou? Nada!
Limitaram-se a acrescentar falta de rigor, facilitismo, direitos, garantias, benesses e o mínimo de economicismo, que isso é pensamento afrontoso que só à custa de troikas é a custo introduzido e logo coberto de vilipêndio e horror!

Anónimo disse...

Rui Silva

Demonstre com o seu alto pensamento económico que não é assim que se passa: «Se a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro, a austeridade conduziu ao aprofundar das assimetrias, nomeadamente nas economias do Sul, onde foi aplicada, comprometendo as suas perspectivas de desenvolvimento futuro». Aceitam-se esquemas, gráficos de barras, concêntricos, circulares, pontos e outros desde que assentes em dados reais. Lembre-se que os anteriores governos gregos eram neoliberais e manipuladores como vç e em conluio com um banco que por certo admira martelaram à força toda a contabilidade estatal. Por cá conhecemos bem a receita de todo o arco onde vç se abriga.

Anónimo disse...

De forma curiosa jose faz o esquemazinho planeado sobre o paraíso da UE.

Desapareceu a referência ao "sabiam ao que vinham" Despareceram os "exemplos óbvios" sobre a globalização, as leis e a transparência.

Ficou uma lista sobre a governação instituída pelos que nos governaram - o arco da governação - a saber, PSD , PS , PP


A tentativa de misturar tudo e todos é no mínimo desonesta. A tentativa de misturar a UGT e as suas trafulhices, com outras instituições sindicais é um dos exemplos. O seu silenciamento sobre o sucedido com as associações patronais é suspeito. O seu mais do que mutismo sobre o sucedido com os auditores privados,pagos por todos nós e a cobrarem privadamente é revelador.

A sua raiva à escola pública é indesmentível e fala do sucedido na educação nivelando as responsabilidades e apagando responsáveis.
Mais do que o cimento o "esquecimento "das auto-estradas revela um cuidado em poupar um dos seus ídiolos, precisamente aquele que contribuiu para a ruína do nosso tecido produtivo.

Mas o mais impressionante é o silêncio absoluto sobre o Capital e os seus desmandos, sobre os políticos que o servem e se servem.

Sobra aquela viscosa e submissa ode à troika, apanágio da direita extrema.

Porque no fundo,no fundo:""A austeridade foi a forma de colocar os povos a pagar as consequências de um sistema em crise, com a arrogância antidemocrática de que não há alternativa ao aumento das desigualdades e da pobreza, à entrega da riqueza criada à especulação financeira, aos monopólios, às privatizações, etc. Uma moral que se limita a "espoliar a classe trabalhadora e dar alguma coisa aos pobres" (Jane Rockfeller).

E a governança coube ao arco da governação do dito jose
O sistema em crise.A barbárie assoma e vem com pezinhos de chumbo

De

Anónimo disse...

A única explicação que seria necessária seria o que é o dinheiro, e para isso você tem no mercado boas obras sobre o assunto.
Sem entrar em grandes teorias "e parafraseando Occam", não é preciso ir mais longe desde que você explique porque é que eu não posso usar o mesmo meio de pagamento fiduciário ( moeda actual) que Américo Amorim ou Belmiro de Azevedo ?
Se é tão evidente, deve ser fácil para si apresentar uma explicação.

cumps

Rui Silva

Anónimo disse...

"Só a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro"

Indesmentível.
Quem tiver dúvidas que consulte a vasta documentação aqui publicada, no Ladrões.

A realidade tem destas coisas. Desmente os axiomas neoliberais. A menos que no caso vertente nem se consiga perceber do que se está a falar

Anónimo disse...

Pela sua lógica os EUA tem que acabar com o dólar para se desenvolverem...

A "vasta informação" aqui incluída não é informação económica mas informação politica.
Não trata de informação económica mas sim desejos daquilo que os seus autores queriam que fosse segundo, os seus pouco rigorosos modelos preveem.

cumps

Rui SIlva

Anónimo disse...

Alguma seriedade no debate por favor.

Quem como o sr silva classifica os últimos 40 anos como corporativos e socializantes não está a fazer mais do que política.
Rasca e medíocre é certo mas política.

Quem para contrariar esta frase
"Só a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro".
afirma esta coisa
"Pela sua lógica os EUA tem que acabar com o dólar para se desenvolverem..."
não só está a fazer política ( desta vez eventualmente não rasca) mas sim a exibir uma ignorância gritante

Sob todos os pontos de vista.

O que significa que não tem aprendido nada com as discussões e se continua a ater à doutrina neoliberal da forma acrítica típica dos da escola de Chicago. Axiomática e vazia, como um odre velho e bolorento.

"Uma moeda comum a paises com dferentes niveis de desenvolvimento, mas representativa da economia mais desenvolvidas,, somente deve existir, se as economias mais desenvolvidas, sem quaisquer encargos para as menos desenvolvidas,financiarem estas para conseguirem a igualdade, o que nao aconteceu com a U.E.resultando um desastre para as economias menos desenvolvidas, escrevia em tempos um leitor do Ladrões ) Magoal)

"A Europa e o euro caminham para o suicídio", afirmou J. Stiglitz: O problema fundamental é que a concepção geral da UE foi errada. Em função dos acontecimentos recentes, a UE teria de se ter dado conta que essas regras não eram suficientes. A união monetária é um problema em si mesma.

"O euro tem um problema insolúvel. Os países gravemente endividados, são vítimas de uma falha fundamental na sua moeda. Já antes do arranque do euro se havia advertido que uma moeda única apenas pode funcionar se os países participantes são economicamente homogéneos"
Daniel Vaz de Carvalho

o truque que faz equivaler euro, UE e “Europa” e a inacreditável ideia de que o euro “devia servir” para nos proteger da “globalização financeira”, quando o euro foi um dos principais mecanismos, nas suas intenções e nos seus efeitos, da mais perniciosa globalização financeira, a que gerou um endividamento externo recorde. ... a UEM foi um fracasso colossal e irremediável.
João Rodrigues

De

Anónimo disse...

"A nível económico, existe justificação teórica para a criação de uma moeda única para um espaço formado por diversas economias quando esse espaço cumpre as condições de uma zona monetária óptima.

Nessas condições a introdução de uma moeda comum aumenta a eficiência na alocação de recursos e permite às economias que compõem a União Monetária desenvolveram-se em melhores condições do que se mantivessem as respectivas moedas próprias.

No caso da União Europeia pode dizer-se que nenhuma das condições necessárias à criação de uma zona monetária óptima existia quando foi criada a moeda única e sem surpresa, a evolução das economias desde 1999 veio acentuar ainda mais essa realidade.

Hoje, os países da zona euro não só não se aproximaram, como antes pelo contrário formam um espaço económico cada vez mais desigual.

Alguns outros economistas defenderam e continuam a defender que os custos de se criar o euro num espaço que não era à partida, uma zona monetária óptima, existem, sem dúvida, mas que os benefícios da criação da moeda única mais que compensam esses custos.

A principal razão que era apontada para afirmar que os benefícios sobrelevam os custos tem a ver com a suposta protecção que uma moeda como o euro, de peso na esfera mundial, daria ao equilíbrio monetário e financeiro dos países que compõem a união monetária, resguardando-os dos impactes destabilizadores da globalização financeira.

A profunda crise que vivemos actualmente demonstra que tal não tem sucedido.

... o projecto da moeda única não tinha qualquer racionalidade económica, era e é um projecto político.

A criação do euro confirmou-se como parte do projecto estratégico de domínio do grande capital e das principais potências europeias, um instrumento ao serviço da exploração dos trabalhadores e dos povos e do aprofundamento das condições de rendibilidade do capital.

A principal motivação política que esteve na base do projecto da moeda única foi criar um factor suficientemente poderoso para impulsionar a integração política na Europa, sob o domínio dos interesses dos alemães.

José Alberto Lourenço

(De)

Anónimo disse...

Verifica-se que Rui Silva não foi capaz de demonstrar o contrário daquilo que o Nuno Serra afirmou:
«Se a moeda única constituiu, por si só, um importante travão da convergência entre as economias da zona euro, a austeridade conduziu ao aprofundar das assimetrias, nomeadamente nas economias do Sul, onde foi aplicada, comprometendo as suas perspectivas de desenvolvimento futuro»
porque no fundo, para lá da sabujice manipuladora, não consegue contrariar a flagrante realidade de Portugal e da Grécia.
Escusa de se armar em esperto/estúpido desviando-se do assunto do post: Portugal e os outros periféricos nos anéis exteriores (campo), em clara divergência com o centro (cidade-euro), numa adaptação do modelo de HvT, e complementado por um estudo alemão (pouco rigoroso …?) que mostra que a receita da austeridade imposta pelo euro-centro falhou totalmente, e que por outro lado a sua componente instrumental neoliberal, e que não é pouca, de ataque ao estado em geral e na área social em particular, funcionou, e fez os estragos que se vêem e sentem.