sexta-feira, 1 de junho de 2007

Ainda sobre o outdoor da JS

São José Almeida, no Público de 26 de Maio, disse o seguinte: «a JS assinalou o dia mundial contra a homofobia com um cartaz, colocado na Praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, onde se lê a frase: "Somos iguais a ti." Na imagem uma jovem beija a outra na cara. Porquê na cara? Porquê ampliar um preconceito, cedendo ao pudor bacoco? Já agora, a estética do cartaz tem alguma coisa a ver com homossexualidade?»

É extraordinário. A JS foi a única organização política a assinalar a data. Não só foram afixados outdoors em Lisboa e Porto, como marcou a data com uma intervenção na Assembleia da República. É a única organização política que, neste momento, tem o combate contra a homofobia no topo da sua agenda. E o melhor que tem para ouvir é isto?

São José Almeida coloca questões. Respondo com questões: Porque não na cara? Qual era o sítio mais indicado? Aquele beijo parece-lhe um beijo entre amigas? Ampliar o preconceito, com um cartaz a assinalar o dia 17 de Maio? Já agora, o que é a estética homossexual?

Estas não foram as únicas críticas feitas ao cartaz. Houve quem dissesse que a JS foi pelo caminho mais fácil ao ter escolhido duas mulheres em vez de dois homens; houve quem dissesse que o cartaz foi feito para heterossexuais; houve quem dissesse que a JS deveria ter optado por duas mulheres de meia idade e não jovens e bonitas como as que estão no cartaz; houve quem dissesse que a imagem era sexual e que a JS deveria ter apostado numa imagem que transmitisse afectividade e não desejo sexual. Bem, como vêem, houve críticas e sugestões para todos os gostos.

É verdade que o cartaz era dirigido preferencialmente para heterossexuais e dentro destes para os homofóbicos. É verdade que é mais fácil duas mulheres mas prometemos que da próxima serão dois homens (somos pela paridade). Agora, optar por duas mulheres de meia idade e não duas jovens e bonitas? Porquê? As lésbicas não podem ser jovens e bonitas? O cartaz é de cariz sexual? E qual é o problema? Havia de ser sobre amizade, não? Claro que é sexual. É a orientação sexual que está na origem da homofobia, não é a amizade entre duas mulheres/homens.

Repito, a JS tem sido a única organização política que tem o combate contra a homofobia e a defesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo no topo da sua agenda. Não é na sua agenda, é no topo da sua agenda. E sobre este combate não recebemos lições de ninguém.

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daniel Oliveira disse...

Pedro, podes ter razão em tudo, mas numa coisa não escapas: é fácil ser a única organização que tem uma coisa qualquer no topo da agenda quando se é uma "jota". Enquanto o partido trata do que lhe interessa deixa a "jota" tratar do resto. Assim é mais fácil trabalhar para "públicos alvo". Isto não é nada contra a JS. É mesmo contra as "jotas".

Abraços. Já agora, se te recordas, fiz criticas ao cartaz mas elogiei a iniciativa.

Rui disse...

Pedro, apesar de te ter apoiado nestes dois mandatos este ponto sempre foi um ponto em que discordei da tua visao.

As prioridades dos jovens nao sao o combate à homofobia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

As prioridades dos jovens seguem uma clara ordem cronologica: Educação, Emprego, Habitação (a saúde está sempre presente em qualquer idade).

Para mim o problema não é o cartaz per si, mas ser o topo das prioridades da JS como referes neste texto.

De resto, parabens por estes anos à frente da JS.

LMF disse...

De facto, a JS ainda é uma organização política em Portugal que vai abraçando causas difíceis, incómodas mas muito importantes para a esquerda.