«Um relatório que já está na posse do Ministério da Saúde há quatro meses regista que quatro especialidades médicas estão maioritariamente privatizadas ( . . .) Os autores do documento propõem a redução dos benefícios fiscais em despesas de saúde em sede de IRS; o aumento anual das taxas moderadoras; a revisão do regime de isenções; e a extinção ou fim do financiamento pelo Orçamento do Estado dos subsistemas públicos de saúde, nomeadamente a ADSE». (Público)
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12 comentários:
Esta filosofia do Estado ao serviço do capital, defendida pelo neo-liberalismo, é uma perversão da livre-concorrência que eles cinicamente dizem defender. Na verdade, eles acham que o Estado deve ajudar os empresários, não os trabalhadores. O regime ideal, para os neo-liberais é portanto "socialismo para os ricos, livre-concorrência para os pobres", como bem assinala o Gore Vidal.
jms,
Se há uma coisas que liberais de qualquer tipo não querem é que o estado ajude empresas. Querem é que o estado esteja afastado da vida das pessoas.
O Zé povinho vai percebendo que os mesmos que defendem o aumento do peso do estado são os que vivem do estado.
Pois, o problema é que esses "liberais de qualquer tipo" não existem. O que existe, e abundantemente, são os "liberais" que vivem em grande medida dos favores do Estado. Como? Não faltam "soluções" para ajudar os ricos: legislação amiga do capital, alienação por tuta e meia de património público (depois vendido, no dia seguinte, por dois balúrdios), desclassificação de áreas naturais protegidas para grandes projectos de "interesse" imobiliário, promoção de obras públicas faraónicas e inúteis para servir o interesse dos bancos e dos construtores, promoção de guerras de agressão para assegurar mercados e matérias primas baratuchas para as empresas petrolíferas, ou agro-alimentares (por exemplo) e seus accionistas etc., etc.
Não admira que a técnica de socializar os custos de produção seja cada vez mais popular entre os gestores de topo. A empresa dedica-se aos lucros, enquanto o Estado trata dos efeitos colaterais (desemprego, destruição do tecido social, etc) gerados pela insana busca do lucro acima de tudo.
Ora, se isto não é viver largamente à custa do Estado...
"Querem é que o estado esteja afastado da vida das pessoas."
Sem dúvida. Se eu fosse mafioso e vivesse da extorsão defenderia exactamente isso: que o Estado ficasse "longe das pessoas", pois assim o meu negócio poderia prosperar mais rapidamente. Tal como a Mafia, o Capital pretende substituir-se ao Estado, pretende substituir o poder político pelo económico. Compreendo perfeitamente o interese que o capital tem nisso. Só que, infelizmente, isso não coincide com o meu interesse.
Ah, e eu não vivo do Estado. Sou - como é que se diz? - um profissional liberal, um free-lancer. E não beneficio nem nunca beneficiei de contratos com o Estado, ao contrário de muitos dos seus detractores.
O mais triste disto tudo é que os portugueses vão deixando isto passar. Depois da lavagem cerebral de que foram alvo a partir do segundo Governo de Guterres, o Governo tem carta branca para fazer quase tudo, tudo este que tem resumido a delapidar o estado e destruir os serviços públicos para que os privados possam encher o bolso com o dinheiro do povo...Obviamente basta falar em redução de défice, gestão profissional, privatização, redução de custos etc. etc. enfim, nas vacas sagradas do panfleto neo-liberal enfiado à força na cabeça dos portugeses com discursos apocalípticos como o da tanga, para as pessoas, pavloviamente, não se oporem tal é o medo inconsciente do pseudo-descalabro financeiro do país que a direita tanto profetizou...Obviamente, depois apercebem-se do que lhes foi roubado (saúde, reforma, etc.) mas aí já é tarde demais
"Sem dúvida. Se eu fosse mafioso e vivesse da extorsão defenderia exactamente isso: que o Estado ficasse "longe das pessoas", pois assim o meu negócio poderia prosperar mais rapidamente."
Cá está. Eu preocupo-me muito mais com a justiça, que impeça exactamente esses mesmo mafiosos de extorquir e de não resperitarem as liberdades fundamentias dos outros indivíduos. Prefiro que a justiça esteja aí em vez de estarem a controlar se alguem fuma ou não dentro de propriedade privada. Prioridades...
" Tal como a Mafia, o Capital pretende substituir-se ao Estado, pretende substituir o poder político pelo económico. "
Tem de me explicar quem é o "capital"....
"Ah, e eu não vivo do Estado. Sou - como é que se diz? - um profissional liberal, um free-lancer. E não beneficio nem nunca beneficiei de contratos com o Estado, ao contrário de muitos dos seus detractores."
É dos poucos...em portugal é muito, muito difícil não fazer negócios com o estado ou com entidades que dependam do estado. Mas não diga mal da malta do Partido comunista. Alguns mesmo que não trabalhassem para o estado ou entidades dependentes do estado continuariam a ser comunistas. Tenho a certeza.
Capital é o antónimo de Trabalho. É o que distingue o Joe Berardo (traficante de títulos da PT) da Joana Vanessa (operadora no call center da mesma empresa). Curiosamente, ambos se servem do telefone para trabalhar. Mas oh que diferença entre um e outro. A Joe basta-lhe uma chamada e a palavra "venda-se" para encaixar mais 5 ziliões, enquanto que a Joana, por muito que fale ao telefone, não consegue sacar mais de 600 por mês. Joana por muito que trabalhe nunca hã-de ficar rica, Berardo, por muito que descanse, nunca há-de ficar pobre. É essa a diferença entre Capital e Trabalho. O primeiro enriquece, o segundo empobrece.
Quem enriquece - Capital
Quem empobrece - Trabalho
Isso significa que todos os que viram os seus rendimentos aumentarem mais que a inflação são capital!!!!
Eu recuso-me a ser capital, sou uma pessoa. um indivíduo. Tenho algum dinheiro que gasto ou invisto e vou ganhando mais dinheiro por troca do meu trabaho e como resultado dos meus investimento. Uppppsss acabei de definir a vasta maioria dos Portugueses!
"Isso significa que todos os que viram os seus rendimentos aumentarem mais que a inflação são capital!!!!"
Não, significa que o seu trabalho foi remunerado de forma a permitir um crescimento do poder de compra. Mas repare que você está a falar de uma realidade que, pelo menos em Portugal e para a maioria dos trabalhadores, já é quase mítica: crescimento dos salários acima da inflação.
"Uppppsss acabei de definir a vasta maioria dos Portugueses"
Receio que você não conheça muito bem o país, Ricardo. Talvez o facto de ser de Lisboa não ajude muito. Quem vive em Lisboa tende necessariamente a uma percepção completamente errada da realidade do país. O Portugal profundo está muito longe da situação que o Ricardo descreve: essa é, quando muito, a de uma vasta minoria dos portugueses. Ou acha que quem ganha 500 ou 600 € por mês tem folga suficiente para "investimentos"?
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