«Portugal tem um problema de crescimento económico. Ou melhor, de falta dela. A causa está identificada há muito: ausência de competitividade. E um dos obstáculos ao aumento da competitividade das empresas portuguesas é a rigidez do mercado de trabalho. O resultado desta realidade está à vista de todos: uma subida anémica do produto que tem levado ao empobrecimento do país face à média europeia. E pior, um aumento do desemprego, cuja taxa atingiu, no primeiro trimestre do ano, o valor mais alto dos últimos 20 anos (8,4% da população activa). Este é o aparente paradoxo que é preciso explicar aos trabalhadores».
A linearidade do raciocínio e o tom paternalista são do sub-director do Diário Económico. O que é preciso explicar a Bruno Proença é que o crescimento anémico da economia portuguesa se deve antes de mais à escassez de procura agregada, para a qual contribui em larga medida o escassíssimo investimento público que se tem verificado em Portugal. Em vez de procurar justificações micro-económicas (como a legislação laboral), melhor fazia Bruno Proença em criticar as irresponsáveis políticas pró-cíclicas dos governos portugueses dos últimos 10 anos (que gastaram quando deveriam ter poupado e pouparam quando era necessário impulsionar a economia), bem como a arquitectura da política macroeconómica europeia (que associa uma política monetária recessiva a restrições injustificáveis à condução das políticas orçamentais nacionais).
Mas se o fizesse, Bruno Proença iria ter de moderar o seu entusiasmo face à perspectiva de alteração na legislação laboral. E não é isso que se espera de um sub-director de um diário económico, pois não?
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2 comentários:
Uma coisa que o dito senhor podia fazer era ler alguns colegas seus:
http://business.guardian.co.uk/story/0,,2110421,00.html
Ricardo,
Excelente comentário.
Abraço,
NRA
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