Quem não quiser falar da política económica de Centeno, ou seja, da UE, a política de cativações e de quebra do investimento público, de aposta no nexo turismo-finança-construção, deve calar-se sobre a ascensão da extrema-direita.
Pequei apenas por falta de imaginação quando defendi, em 2018, no Le Monde diplomatique - edição portuguesa, que não valia a pena tocar o sininho no Eurogrupo.
Ver agora gente que se diz de esquerda a elogiar Centeno é bem revelador do estado de realismo capitalista a que chegámos. Não é só no PS que a ideologia pré-keynesiana das contas erradas para a maioria domina. Obviamente, há quem resista.
E não foi só como ministro das Finanças que Centeno, ou seja, a UE, deixou a sua marca negativa. Como governador do Banco que não é de Portugal, exibiu uma arrogância sem fim ao serviço de lucros privados e de prejuízos públicos, ao mesmo tempo que fazia declarações pífias para não tocar na banca e gemia em nome da austeridade sem fim, tudo competentemente denunciado por Paulo Coimbra.
Nada disto não é pessoal, claro. Não há nada mais político do que a política económica. A atuação de Centeno está em linha com as regras do jogo da sucursal do BCE. Não é defeito, é mesmo feitio.
Naturalmente, com estes serviços ao Consenso de Bruxelas-Frankfurt, Centeno pode ambicionar um lugar lá fora.
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