quarta-feira, 9 de julho de 2025

Discurso


Gosto cada vez mais de ensaios curtos e incisivos. Lá vou ter, por uma vez, de violar a regra do blogue sobre palavras feias. A culpa é de Alberto Pimenta e do seu brilhante discurso, já com décadas, de Paulo Coimbra, que mo ofereceu, bem como deste contexto histórico que gera uma sobreprodução deste tipo de gente. 

Há no ensaio uma tensão fecunda entre a busca de uma essência trans-histórica do filho da puta, a sua historicização, em geral, e a sua vinculação ao sistema de poder capitalista, em particular. 

O que é então um filho da puta? Há de vários tipos, claros, sendo a sua classificação crucial. Seja como for, um filho da puta, para Alberto Pimenta, é um antecipador da morte, buscando colocar obstáculos que impeçam a fruição despreocupada da vida pelos outros, seja dificultando a ação livre, seja ordenando e compelindo a ação assim condicionada. As formas variam, mas o propósito que faz do filho da puta um filho da puta mantém-se. 

Há naturalmente no ensaio uma pulsão de vida libertada, sem medo, uma vida vivida sem preocupações de maior, sem filhos da puta de maior. Um ensaio a não perder.

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