terça-feira, 22 de julho de 2025
Lá se foi a urbanidade de Fernando Alexandre
Num governo marcado por diversas figuras de duvidosa competência técnica e capacidade política, como aliás se viria a confirmar, Fernando Alexandre foi de início destacado como exemplo das poucas boas escolhas de Luís Montenegro. O facto de vir do mundo universitário e da investigação, a par do registo cordial e sereno, conferiam-lhe uma imagem de moderação, capacidade, pensamento próprio e urbanidade.
João Rodrigues já aqui dissecou devidamente, contudo, o indisfarcável entrincheiramento neoliberal de Fernando Alexandre. Entre outros aspetos assinalados, não é à toa, de facto, que se participa no insalubre e dissimulado menos liberdade, desfazendo a ideia de estarmos perante um social-democrata ou até, como se chegou a dizer no momento da sua nomeação, perante um defensor da escola pública.
Já enquanto ministro, a primeira brecha na imagem de moderação, seriedade e competência de Fernando Alexandre surge no modo como geriu a questão dos alunos sem aulas. Depois de ter alinhado num número de propaganda rasca, prometendo resolver o problema num ápice, o ministro não hesitou em manipular dados e inventar uma nebulosa de números para disfarçar o fracasso e, no final, preferir não saber sequer responder ao básico: quantos alunos iniciaram e chegaram ao final do ano letivo sem aulas a pelo menos uma disciplina?
Esvaziada a imagem de moderação na economia, e de rigor científico e seriedade académica, Fernando Alexandre sucumbe agora em matéria de urbanidade e cidadania, ao remover irresponsavelmente os conteúdos sobre saúde reprodutiva e sexualidade dos currícula, numa cedência sem escrúpulos à agenda medieval da direita conservadora e da extrema-direita. Depois de alinhar com a IL, Fernando Alexandre revela agora a sua sintonia com o Chega.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário