Os dias passam e o mal-estar político não diminui, ainda para mais são pessoas que individualmente respeito, por quem tenho admiração e dívidas intelectuais. Custa mais quando assim é. Tenho de escrever mesmo assim, não ficaria de bem com a minha consciência política.
Faço então uma pergunta longa ao coletivo formado pelos distintos subscritores do texto levantar a nossa humanidade contra a guerra:
A 30 de junho de 2025, dia 634 do holocausto palestiniano perpetrado pelo colonialismo sionista, como é possível falar apenas de “atrocidades”, evitando a palavra genocídio e fazendo anteceder essa consideração com uma referência altamente equívoca ao “terrorismo”, embrulhando tudo num caldo surpreendentemente pretensioso sobre a guerra em geral, mas sem sequer referir a perigosa e ilegal corrida armamentista em curso na cúmplice UE?
A unidade antifascista, insisto, nunca se fez prescindindo da clareza, de distinções e de hierarquizações. Por isso, ao invés de estar para aqui a escrever, vou mas é para a manifestação pela paz, contra o genocídio na Palestina, pela autodeterminação dos povos. Fiquei de falar ali comummente, enquanto subscritor de um manifesto, dinamizado pela iniciativa dos comuns, onde a palavra genocídio aparece, não podia deixar de aparecer, como sublinhei à Visão.
Tenho personalidade, como todos, mas não sou, nem serei, uma personalidade, como alguns. E só a ação coletiva, onde estarão muitos milhares, gera bem-estar político neste mundo, só ela liberta e dá esperança. É o melhor antídoto contra as depressões, já dizia o arguto Mark Fisher, que perdeu a esperança de superar o realismo capitalista, infelizmente. Não temos direito a perdê-la, pelo povo palestiniano e por nós.
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