sábado, 19 de abril de 2014

De todos para todos

«Imaginemos o que teria sido o país nestes últimos 40 anos, sem o desenvolvimento e o aprofundamento dos sistemas e das funções sociais do Estado. Viveríamos ainda hoje num país subdesenvolvido. Não teríamos com toda a certeza atingido os níveis de desenvolvimento humano que colocam Portugal entre os países mais ricos e detentores de níveis elevados de bem-estar social.
As progressões extraordinárias verificadas no aumento da esperança média de vida, na diminuição drástica da taxa de mortalidade infantil, no incremento da taxa de escolarização, são exemplos bem representativos do avanço civilizacional que o país conheceu nestas últimas quatro décadas.
A construção do Estado social e a decorrente universalização dos sistemas de proteção atenuaram drasticamente a exposição dos indivíduos a um conjunto de riscos sociais e ambientais. Neste sentido, o Estado social tornou-se um elemento insubstituível na organização da vida em comunidade dos indivíduos.
(...) Os portugueses sabem quanto perderiam sem o Estado social para todos, ou mesmo se ficassem limitados a um Estado social de amparo. Sabem sobretudo porque conhecem bem as maneiras como a população em geral dele beneficiou nas últimas décadas. E sabem também que pouca democracia lhes sobrará se não lhes valer este Estado social. A continuidade do Estado social implica a própria continuidade do regime de Portugal.
»

Depois de «A Crise, a Troika e as Alternativas Urgentes», o Congresso Democrático das Alternativas publica o livro «Estado Social: De todos para todos», igualmente editado pela Tinta da China e cuja génese remonta à Conferência «Vencer a Crise com o Estado Social e com a Democracia», organizada pelo CDA e que se realizou em Maio do ano passado no Fórum Lisboa, tendo contado com a participação de mais de meio milhar de pessoas inscritas, além de organizações políticas, sociais e sindicais. Lançamento a 30 de Abril.

12 comentários:

António Barreto disse...

Nada disso; de 1950 a 1974, Portugal teve um dos maiores desenvolvimentos do planeta em todos os rácios socioeconómicos, o resto é demagogia barata.

adelinoferreira disse...

A introdução e desenvolvimento do estado social após 25/4, levou alguns neoliberais a perderem a noção do ridículo.

Jose disse...

Seria interessante estimar quanto desse progresso significa dívida e quanto desse bem estar significou hipotecar o futuro.
Mas as contas de Abril são sempre feitas para os votantes de cada instante e o país resume-se ao presente; o passado é um negrume para que assegure o contraste pretendido e o futuro pintado das esperanças que outros haverão de realizar.

Anónimo disse...

Algumas alminhas ainda torcem pelo fim das funções sociais do estado,saudosistas provavelmente da caridadezinha humilhante e salazarenta de tempos idos.Com as consequências que a história ensinou.

Se houve verbas bem utilizadas foi precisamente nas funções sociais do estado

"Um escandalo… Não, não se trata dos perdões fiscais, dos 7 ou 8 000 M€ para BPN, BPP, BANIF, ou swaps, ou dos mais de 1000 M€ ano para PPP. Os espíritos neoliberais que nada se incomodam com o aumento de riqueza dos multimilionários são muito sensíveis ao dinheiro da ética: o grande problema são as prestações sociais que em percentagem aumentaram mais que o PIB.

Não enxergam que as prestações sociais e o investimento público são uma forma de compensar ciclos recessivos da economia capitalista. Pode dizer-se que o seu efeito foi reduzido, pois a gangrena económica do euro e dos iníquos tratados da UE minavam e minam o país: a economia foi progressivamente privatizada e entregue a monopólios anulando o que de outra forma poderia ter efeitos estruturalmente positivos.

Para entendermos o significado em termos de degradação das condições de vida – para enriquecimento de uns quantos e maior glória da Alemanha, "über alles" – a que estas políticas conduzem, vejamos o que se esconde.

Em 2011 as despesas de proteção social representavam na UE 19,6% do PIB; 39,9% das despesas dos Estados, (40,7% na zona euro) contra 36,7% em Portugal. As despesas em educação e saúde eram média na UE 26,9% (27,6% na zona euro) contra 24,9% em Portugal. O gasto por habitante em proteção social era na UE em 2011, 4 932 €,19,6% do PIB (5 716 € e 20,2% na zona euro) e em Portugal, 2 910 € e 18,1% do PIB! Os gastos em saúde eram na UE 1 843€, por habitante 7,3% do PIB (2 094, 7,4% na zona euro) em Portugal 1 097 € e 6,8 % do PIB. [5]

A deformação ideológica é não querer ver que "despesas do Estado", como salários, prestações sociais, investimento público, se patriótica e corretamente aplicadas, são consumo e investimento, direto e indireto. Representam além disto um fator imaterial com vastas repercussões no futuro: o investimento social, na educação, na saúde, no desenvolvimento do mercado interno"
Daniel Vaz de Carvalho

De

Anónimo disse...

JÁ consegui deixar-me de rebolar a rir no chão com a anedota do palhaço tóni barreto.
O jose sempre (no 5dias) sempre alucinado,se calhar bem aconchegado com o seu nível de vida um pouco acima da media das pessoas-os cães são assim-gostam de andar com a língua a limpar o chão,as botas,...

Um judeusito disse...

Ao senhor António Barreto, creio que se esqueceu da miséria que atingiu os Portugueses na década de 1960, e fez milhares deles emigrarem.

Sabe porque nunca se soube dos motivos dessa crise, a não ser a seguir ao 25 de Abril? Vamos lá pensar ....
PORQUE HAVIA CENSURA.

Esquece-se ou não sabe, da fome que grassava em tantas aldeias e vilas do Alentejo.
E porquê? Porque havia censura. Mais, inventaram aquela coisa que era o "celeiro de portugal", para calar ainda mais a oposição, e legitimar salários de escravatura.

Isto está bem documentado, a seguir ao 25 de Abril. Mais uma vez...

Havia censura, e sinais de crise e debate, etc, não existiam. Lápis azul para cima.

Isto leva a que o Sr António Barreto e outras pessoas, tenham estas ideias desfasadas da realidade. A censura a isso os levou.

Um judeusito disse...


Quanto ao Post, está excelente e bem resumido em tanto que o 25 de Abril nos trouxe.

Deixe-me acrescentar apenas, como Keynesiano que sou, que ao contrário do que defendiam vários Fascistas, e hoje os neo-liberais , estes desenvolvimentos em nada prejudicaram as nossas empresas.

Pelo contrário: quantas empresas beneficiaram destes desenvolvimentos ? Praticamente todas. Quantas devem a sua existência a este desenvolvimento das pessoas ? Imensas.

Peguemos no exemplo de tanta fábrica do Vale do Ave, que empregavam crianças, e pagavam salários de miséria. Várias destas e outras alike, eram e serão quem mais refilam e fazem Lobby, para salários baixos.
Muitas faliram, e ainda bem. Ainda bem.

Mas muitas deixaram de pagar esses ordenados de miséria, deixaram de empregar crianças, tem hoje empregados especializados, melhoraram o seu marketing, e continuam a existir.

Para um Keynesiano como sou, este aspecto é extremamente importante de referir.

Jose disse...

Se a moderação de ideias é censura, a moderação de vómitos é pura higienização!

Jose disse...

Ao judeusito keynesiano:
Em condições de paz e ordem, o desenvolvimento económico é inevitável consequência do progresso tecnológico, e nos últimos 40 anos a evolução tecnológica foi extraordinária.
O desenvolvimento humano - cultural, técnico, cívico, saúde e nível de vida - depende da economia e de uma multiplicidade de factores, e ignorar que em Portugal houve progresso significativo é puro disparate.
Isto dito, a questão é saber o que pode levar que tanto se fale de um tempo, tão diferente em tecnologia e em desenvolvimento humano, como se o que é o de hoje devesse sê-lo 40 anos atrás, quando não o poderia ser em lado algum?
A mim parece-me que há uma só razão para além da mais pura parolice: querem ocultar que nesse processo se perderam valores, se cometeram erros e adquiriram vícios que ameaçam não manter as 'conquistas' alcançadas.

Anónimo disse...

Fala-se dos tempos passados e presentes, porque é assim,porque "tem" de ser assim.

O apagar o passado é ir (ainda ) mais às cegas para o futuro.
O não aprender com os erros é puro idiotia.Ou então,num espectro oposto, é querer que se volte a cometer os mesmos erros- por cumplicidade, conivência ou por outro motivo ainda mais sinistro.

Por isso falar nos tempos passados é importante.Falar por exemplo na crise de 1383-1385 ou na geração de 1640.Falar na conivência das ditas classes dirigentes com Castela e do seu papel de traição ao povo português.

Por isso falar no fascismo também é importante.

Porque tais tempos não devem repetir-se. Mas não só.Porque eles também nos dão pistas de onde encontrar saídas para as crises.
Porque e com todas as distâncias possíveis entre os dias de hoje e os de ontem, se olharmos bem, os donos de Portugal dos anos negros do fascismo são praticamente os mesmos de hoje.

E isso ,também isso deve ser motivo de estudo e reflexão.

De

Anónimo disse...

Há indícios muito fortes que este Governo pretende desmantelar todo o progresso adquirido após 1974 , como também algum ainda obtido uns anos antes dessa data.
Temos por vezes a impressão que o que se pretende é o regresso à década de 30, 40, e 50.

R.B. NorTør disse...

Década de 50... de 1800! ;)