quinta-feira, 10 de abril de 2014

Com Passos ninguém treme


Passos Coelho, no último debate quinzenal, e noutras intervenções posteriores, ensaiou a ideia de que a redução das taxas de juros e o alargamento das maturidades dos empréstimos da troika foram obtidos através de intensas negociações lideradas pelo governo português. Já todos sabemos que o primeiro-ministro português tem uma relação muito precária com a verdade mas há mentiras que chocam de tal forma com a realidade que revoltam o ouvinte mais tolerante e pacífico. Desde 2011 que foram sendo alteradas algumas condições dos empréstimos aos países intervencionados mas nenhuma se deveu à iniciativa ou reivindicação do governo português. A extensão das maturidades dos empréstimos para Portugal e para a Irlanda, por exemplo, resulta, em primeiro lugar, das condições dadas à Grécia na sequência do processo negocial para o seu segundo programa de ajustamento.

A concessão destas condições a Portugal e à Irlanda não foi automática, foi antecedida de negociações e, como é público, o governo português não liderou coisa nenhuma, antes foi um obstáculo à obtenção de resultados melhores que os conseguidos no fim. É importante recordar que depois do ministro das Finanças irlandês ter afirmado que a extensão de maturidades seria de 15 anos, Vítor Gaspar, comportando-se como o quarto membro da troika, veio dizer que isso seria "inconcebível" - o resultado final acabou por ficar nos 7 anos.

O governo português não liderou, prejudicou; não conseguiu nada por sua iniciativa, antes beneficiou do que os outros conseguiram. Nem podia ser diferente quando o governo é liderado por um primeiro-ministro que em Junho de 2011 disse que ia "surpreender e que ia mais além do acordo" com a troika, onde pontuou um ministro das Finanças que acabou contratado pelo FMI ou onde um secretário de Estado dos Assuntos Europeus é apresentado pela imprensa grega como "o alemão" quando na Grécia recusou uma frente de países do Sul. De Passos Coelho ninguém esperaria que fizesse "tremer as pernas dos alemães", nem ninguém lhe pede tanto, pede-se apenas alguma coragem e algum patriotismo.

(crónica publicada às quartas-feiras no jornal i)

3 comentários:

Anónimo disse...

pedir "patriotismo" a um angolano é mudar a capital para Luanda

Jose disse...

Quando a falta de assunto e de informação eleva a maledicência ao nível de opinião...

Anónimo disse...

O José continua a andar por estas paragens.?
Pensava que tinha emigrado seguindo o conselho do seu querido líder aquele que todos sabemos mente compulsivamente.
De facto, quem mente de dia e de noite e até para si mesmo apenas pode ser considerado um mentiroso compulsivo, porém, convencido que diz a verdade.
Este tal Passos Coelho á semelhança de um tal Maçães, mais conhecido pelo alemão, certamente entrará na história como o PM mais falso e mentiroso da nossa história.