segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Toda uma história


O governo holandês foi obrigado a demitir-se por causa de um escândalo: milhares de famílias, injustamente acusadas de receberem abonos ilegais, muitas delas de dupla nacionalidade, foram perseguidas pelo mesmo Estado que concede todas as facilidades às multinacionais, em linha com a concorrência fiscal promovida pela UE realmente existente. 

Note-se que o Ministro responsável por tal operação, que resume toda uma economia política neoliberal de Estado forte com os fracos, é do Partido Trabalhista, que será o principal penalizado nas próximas eleições, a fazer fé nas sondagens. A social-democracia a caminho da completa obliteração, depois de já ter sido reduzida à quase irrelevância política. Uma desgraça merecida para o partido de Jeroen Dijsselbloem, o do vinho e das mulheres, e do actual vice-presidente da Comissão Europeia, da mesma linha ideológica, questões de carácter à parte. A extrema-direita está em segundo lugar, a seguir aos liberais. 

A europeização da social-democracia contribui para o seu fim nas nações europeias. Uma lição de história, como se esta desse lições: não se sobrevive a uma economia política desenhada para impedir políticas económicas decentes às quais se estava justamente associado, ainda para mais quando se participa na sua criação e aprofundamento, sendo a deslocação para a direita um dos seus efeitos estruturais mais salientes deste processo multiescalar. 

5 comentários:

Anónimo disse...

A chuva de demissões que se está a observar na europa nada tem a ver com escândalos.
Tudo tem a ver com a urgência de implementação do projeto autoritário, que a finança precisa para sobreviver e manter o satus-quo neoliberal.
O que eles chamam o GREAT-RESET teve um contratempo nos EUA: os americanos recusaram trump, o que fez quebrar o ritmo da mudança e a necessidade de a acelerar na europa.
Reparem no caso Português: alguém consegue explicar o ch*ga?
Acham que aquilo aparece assim do nada e consegue reunir um consenso mediático imediato, sem que haja um financiamento colossal a "vender" a coisa?

Miguel disse...

As dificuldades que enfrenta a social-democracia são profundas pois ela floresceu no pressuposto (comum desde o pós-guerra, mas que é irrealista) de que a redistribuição se faz a partir do aumento do bolo (crescimento económico, produtivismo a toda a força, na ignorância do esgotamento dos recursos naturais). Um crescimento exponencial não é um estado estacionário estável por muito tempo. O problema que se nos coloca é o de saber como organizar as relações sociais e económicas numa sociedade sem (ou com pequeno) crescimento económico (com certas áreas a crescer enquanto outras obsoletas e/ou nocivas diminuem e que vai forçosamente convergir para uma solução global assimptótica constante). É esse o estado normal, historicamente falando, das sociedades. Não é possível intensificar ad eternum todos os processos extractivos e produtivos. Note-se que há várias décadas que o crescimento no Ocidente se resume (isto a traço grosso) aos "computadores" por um lado e a sucessões de espirais de Ponzi por outro. Não é por isso estranho que os mais ricos acumulem uma fracção cada vez maior da riqueza disponível: é a lógica implícita em todas as nossas instituições (pensadas para uma época de bolo a crescer), e por tabela também da nossa maneira de pensar e de viver, que leva inevitavelmente a esse lúgubre resultado. É preciso repensar muita coisa. Precisamos de reexaminar os nossos pressupostos, e os valores que consideramos mais importante preservar. Para onde queremos ir, como queremos viver. Os preguiçosos e os que não têm a preparação para a análise vivem no mundo das conspirações. É urgente estender-lhes a mão, mas como?

Anónimo disse...

Ó Miguel, como estão aí as coisas com o seu amigo , o holandês canalha?
Nem uma palavra agora sobre os seus amigos parasitas? Foi a chamar preguiçosos aos outros que a canalha floresceu Tb aí na Holanda

Miguel disse...

Ó Anónimo, há preguiçosos e "preguiçosos": o canalha refere-se aos últimos quando estes lhe respondem "I would prefer not to" enquanto eu me referia aos que preferem não usar as celulazinhas cinzentas (tiveste uma boa amostra no Capitólio no outro dia). Espero que não seja o teu caso ; enquanto tentas não morder a língua podes ir estudando qualquer coisinha, olha à falta de melhor ideia começa por isto:

https://www.youtube.com/watch?v=5JV0BbCrecA&list=PLaqJ7ovfaiPERcw2K7ph-_MV-NXSMwT-K

JE disse...

"Miguel" e o problema que se nos coloca

O problema que se nos coloca é desmontar este discurso da treta, pretensamente "técnico", "tecnocrata" e pseudo-científico do "miguel"

Um discurso velho como a desonestidade reinante nestas coisas.Com uma novidade. A segunda derivada, com que tentava alavancar Passos Coelho, foi substituida pelas espirais de ponzi e pelos computadores

Entretanto o silêncio de chumbo de "miguel" sobre o denunciado no post. O escândalo dum governo, o holandês, que no meio da sua larvar sobranceria político-ideológica, impregnado do seu racismo larvar e das suas atitudes neoliberais pesporrentas, trata assim de forma grosseiramente ilegal quem está na parte de baixo da sociedade. Enquanto convida para cocktails da moda, multinacionais, para aí estacionarem as suas lojas de proxenetismo institucionalizado

O silêncio do "miguel", amigo daquele ministro holandês, berra mais alto que todo o seu paleio a raiar a asnice dos "preparados" e dos eleitos

Com uma agravante. O tal miguel pimentel ferreira ainda tem o despudor de papaguear a palavra fetiche do canalha do ministro holandês : preguiçosos

Enquanto ensaia a teoria do mundo das conspirações, para ver se se exime desta vez ao confronto com a sua real figurinha desonesta