domingo, 31 de janeiro de 2021

Dos lugares dos outros


«Gerir a atual crise é um jogo de equilíbrios entre a proteção da saúde e da vida, a prevenção de outras futuras doenças e de atrasos de desenvolvimento, e também a proteção da economia. Nenhuma solução é boa, todas trazem consequências nefastas quando se defende apenas um destes aspetos. E mesmo neste jogo, o equilíbrio é sempre desequilibrado. (...) Tomamos decisões na educação tendo em conta a saúde pública e de todos os que trabalham na escola, os impactos nas aprendizagens, no desenvolvimento das crianças e na sua proteção social. Esta é a equação irresolúvel, porque também aqui, na esfera estrita da educação, qualquer solução é demasiado fácil e, ao mesmo tempo, perturbadora daquilo que se conseguiria com outras soluções. (...) E é preciso apreciarmos as soluções possíveis a partir dos lugares dos outros: um aluno com computador e internet que vive num T1 com o quarto partilhado com o irmão e os pais em teletrabalho, a aluna cuja mãe sai sozinha de madrugada para ir trabalhar na caixa do supermercado e fica sozinha, deixando-se dormir e não tendo a mãe ao lado para ajudar nas suas dúvidas, os pais que não valorizam a escola e até impedem o filho de aceder ao computador, os que não têm boa rede ou bom computador, todos juntos estes são a maioria. Olhar para isolamentos, aberturas ou fechos implica pormo-nos a ver através de muitos outros olhos além dos nossos.»

João Costa, Covid e empatia

12 comentários:

Anónimo disse...

A tempestade perfeita está a formar-se.
E tudo está ameaçado: o ambiente, a economia, o nosso modo de vida e a própria vida.
O pior pode estar para vir.
Os ocidentais não se podem queixar muito das consequências do confinamento.
Os ocidentais estiveram a borrifar-se para a sorte dos milhares de refugiados que fugiram (fogem) da guerra e da fome.
Guerra e fome que, em muitos casos, foram provocados pela ganância dos ocidentais.
Não queremos saber se as crianças Sírias estão a crescer sem ir à escola.
Porque raio alguém haveria de querer saber se as nossas crianças vão à escola?

Jose disse...

Estamos em tempo de lamentos e de igualização pela miséria.

É um tempo em que se valoriza o que se tinha, mas ainda não há sinais de ser o tempo de se valorizar o que se perdeu; a casa de família em demasiados casos não está disponível para acolher os universos individuais que a habitam.

Torna-se aparente que sociedade do 'colectivo' não passa de um somatório de indivíduos num universo institucionalizado.

JE disse...

Um bom texto que obriga a pensar.
Talvez a oportunidade para colocar tudo em causa, a começar pela forma de organização societária em que nos movemos

Não interessa se ocidentais ou não ocidentais. Embora interesse sobremaneira o motivo pelos quais as crianças sírias não vão à escola. E o que se passa é que o seu país é um país ocupado pela maior potência militar do mundo, que depois dos seus aliados do fascismo islâmico, procuram a todo o custo impedir qualquer normalização naquela sociedade. Com o saque do petróleo paredes meias.

E interesse sobremaneira o que se passa aqui.

As crianças sírias são usadas para muita coisa. Até para esconder o óbvio do que é aqui abordado.

Tavisto disse...

As consequências de um confinamento prolongado são terríveis, sendo as crianças o elo mais fraco nos distúrbios sociais associados. Sabendo-se que a vacinação em massa é uma arma fundamental no combate ao vírus, torna-se incompreensível este jogo económico-político a que estamos a assistir em torno das vacinas. As multinacionais farmacêuticas confirmam ter na avareza do lucro a principal motivação, muitos países mostram total falta de solidariedade entre povos e nações.

Vivemos um tempo em que um bocado de ARN mostra mais inteligência que o animal que alardeia ser único em inteligência e racionalidade neste planeta.

Anónimo disse...

"Ainda falta informação quanto a horários no ensino público, mas quem tem os filhos no privado, regra geral, já sabe com o que vai contar. "
https://rr.sapo.pt/2021/02/01/pais/telescola-falta-de-horarios-no-ensino-publico-deixa-alunos-e-pais-ansiosos/noticia/224909/

Anónimo disse...

Fala-se em Covid e empatia. Não se fá-la naqueles privilegiados que podem contar com outras condições económicas
Um motivo forte para a defesa da escola pública sem a parasitagem da demagogos. Um motivo ainda mais forte para denunciar a publicidade oculta aos negócios privados da educação

Anónimo disse...

João Costa é bom a fazer discursos, cheios de superioridade moral.
E depois conclui: "Estas medidas permitem-nos mudar para, após esta pausa, retomarmos as aulas, muito provavelmente, para muitos em regime não presencial, com a preparação e ferramentas que não pudemos ter em março de 2020."
Com a preparação que não pudemos ter em março de 2020?!? Para além dos discursos, que preparação existe agora?

Sou pai de 2 crianças no ensino público e, passada uma semana de confinamento, não sei o que vai acontecer com os meus filhos. Duas semanas sem fazer nada em casa, sem qualquer contacto da escola, sem qualquer comunicação sobre como vai funcionar o ensino não presencial. A ver o tempo passar.

Assisti ainda antes do confinamento, na escola dos meus filhos, a alunos irem para casa sem qualquer acompanhamento, turmas inteiras de quarentena sem que nada fosse feito para lhes dar um mínimo de continuidade no ensino, professores de baixa, aulas de substituição (faz de conta) todos os dias. 15 dias antes do confinamento já era tudo faz de conta.

Vejo as notícias do SNS todos os dias e sei que os seus profissionais estão a dar 200%. Faz-se o planeamento possível e, apesar de tudo, o SNS tem continuado a funcionar. Há escrutínio, com dados sobre taxas de ocupação, tempos de espera, ...
E sobre a Escola Pública, que escrutínio há? Que dados sobre quarentenas, isolamentos, professores de baixa, aulas de substituição, aulas síncronas realizadas, ... Nada. Porque a realidade é demasiado deprimente e a inação é total.

O Sr. SE pode continuar a fazer estes discursos bonitos e cheios de moralismo, mas a realidade nas escolas é de total impreparação e inação. E tudo sem qualquer escrutínio.

"é preciso andar passo a passo", diz o Sr. SE. Não não é. É necessário agir, rápida e decisivamente. Chega de anúncios sobre computadores que vão ser adquiridos. Um ano depois já todos os deviam ter. Num post abaixo critica-se a lentidão da UE na aquisição e distribuição de vacinas e diz-se que Portugal estaria melhor se estivesse fora da UE. A ver pelo processo de compra e distribuição de computadores, se estivéssemos fora da UE provavelmente nem estas vacinas tínhamos.

Falta uma semana para o ensino recomeçar em modo não-presencial. O Sr SE tem de ser responsabilizado pelo que realmente vier a acontecer, e deixar de se esconder nestes discursos da treta.

Anónimo disse...

A sociedade é mais do que a soma de indivíduos
Aprende-se na escolinha. Os neoliberais ainda acreditam no terraplanismo

Anónimo disse...

No outro dia era um tipo que sabia do que falava porque estava em Inglaterra. Outro estava em qualquer sítio e exibia isso como prova da verdade
Este exibe os filhos e diz que é pai. E exibe mais esta treta de paleio que acaba na defesa à UE e à sua incompetência nas vacinas
Tenta por os ovos das vacinas em cesto alheio. Ê vergonhoso mas é suspeito. Um Venturinha ou um ruizimho?

Anónimo disse...

Então mas agora este blog é um órgão oficial do governo? Está na altura de mudar de ares...

JE disse...

Um órgão oficial do governo?

Não me parece. Anda distraído ou anda com a derivada do outro, a segunda, na cabeça. Mas isto é um território livre. E se o outro pantomineiro foi para a Holanda...

Anónimo disse...

"Estudantes a caminho da escola online sem tarifa social de Internet"
Desconto na Internet básica chegou a estar prometido para 2020. Governo diz que espera ter a medida concluída “o mais brevemente possível”.
https://www.publico.pt/2021/02/02/economia/noticia/estudantes-caminho-escola-online-tarifa-social-internet-1948325

Não houve tempo. A prioridade são discursos moralistas ("eu é que defendo as crianças, os outros não têm empatia") no Jornal de Letras. Tretas, portanto.