quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Aprendizagem e proteção


«O secretário de Estado adjunto e da Educação justificou hoje a “cautela” do Governo em manter as escolas abertas, recordando que quando a escola fecha “há crianças que não comem” e situações de abuso que não são identificadas.
Convidado para a conversa online que a candidata presidencial Ana Gomes promove diariamente nas suas redes sociais, hoje sobre Educação e Cultura, João Costa disse que, apesar de os números relativos à pandemia de covid-19 serem alarmantes, é preciso “algum sangue frio, nervos de aço” na forma como se analisam os dados.
Após declarar publicamente o seu apoio à candidata apoiada pelo PAN e o Livre, porque “nestas eleições está em debate (…) a salvaguarda maior da (...) democracia”, o secretário de Estado falou sobre o impacto que a pandemia teve até hoje nos sistemas educativos, que segundo “algumas análises” foi “ainda maior do que a 2.ª Guerra Mundial”.
O governante explicou por isso que é preciso olhar para o eventual encerramento das escolas com cautela.
“Sobretudo não olhar para o que é uma escola fechada a partir de um lugar privilegiado”, disse João Costa, sublinhando que alguns alunos não têm as condições para estudar em casa: “Não é só não terem computador, ou Internet, é não terem um espaço sozinhos em casa, terem um contexto barulhento, violento por vezes, não terem quem os acompanhe, quem os tire da cama para ligarem o computador, não terem a quem recorrer para pôr dúvidas”.
Para o governante, é preciso ver a escola “não apenas como espaço de aprendizagem, mas como espaço de proteção social”, onde “situações de abuso são muitas vezes identificadas pela atitude do aluno, um olhar triste”. “À distância, por ‘Zooms’ e ‘Teams’ isto não se vê, não se deteta”, alertou.
Exemplificou ainda que, segundo a avaliação do próprio Ministério da Educação, “há um grande desaparecimento de alunos das comunidades ciganas após o confinamento”. “E como são populações nómadas é muito difícil encontrá-los”, disse, lembrando que há um trabalho de prevenção do casamento precoce junto destas comunidades.
Citando a Sociedade Portuguesa de Pediatria, João Costa lembrou que algumas crianças tiveram “profundas regressões em termos de desenvolvimento” no confinamento da primavera.
E alertou que “há crianças que não comem quando a escola está fechada”, reiterando intervenção anterior no debate da deputada na Assembleia Legislativa da Madeira e mandatária da candidatura de Ana Gomes naquela região autónoma, Elisa Seixas.
Por outro lado, recordou, citando mais uma vez Elisa Seixas, a escola é um espaço onde até é mais fácil a prevenção da contaminação com covid-19, sobretudo para os alunos mais velhos. “São espaços muito mais controlados do que andarem pela cidade sem qualquer contenção”, disse, afirmando lembrar-se bem de como era ser adolescente.
“Há aqui muitas dimensões do que é uma escola plena, que ensina, mas também desenvolve competências sociais, proteção social”, considerou, reiterando: “Não podemos ser precipitados”.
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Da reportagem no Sapo 24 (Covid-19: Quando a escola fecha há crianças que não comem, diz secretário de Estado)

12 comentários:

Anónimo disse...

O histerismo da direita nesta campanha eleitoral, desejosa que o v*ntura consiga ficar no 2 ou 3 lugar do pódio, está a ser acompanhado pelo histerismo mediático-político do covid-19.
Tal como nos incêndios de 2017, a direita não hesita em usar as tragédias para fins eleitoralistas.
Ainda gostava de saber quantas pessoas morrem de cancro, de enfarte, de avc, de frio, etc e comparar esses números com o histórico antes da pandemia.

Jose disse...

Tudo questões pertinentes que sempre têm que ser avaliadas com duas ponderações:
- Qual o tempo de duração de um eventual fecho.
- Qual o volume da população a abranger pela medida e se a discriminação por condição é possível de implementar.

Lowlander disse...

Tretas. Inanidades. Petas.

A verdadeira razao subjacente a manutencao das escolas abertas e, simplesmente, subjugacao ao poder economico que quer continuar a "extrair valor" da sua forca de trabalho precaria sem empecilhos - os filhos em casa sao um empecilho.

1 - TRETAS: As criancas tem fome e estao sujeitas a ambientes abusivos e inadequados?
1.1 Em primeiro lugar isso acontece porque os pais sobrevivem em empregos de trampa - os mesmos empregos que garantem que os filhos tem fome e nao tem condicoes em casa, sao, ja agora, os empregos precarios e mal protegidos que garantirao que os pais e o agregado familiar sera infectado com COVID...
1.2 Em segundo lugar, o Estado nao tem mecanismos de identificar estas familias e distribuir refeicoes/providenciar apoio? Se ate o Reino Unido que tem um Estado Social miserabilista o faz, Portugal nao consegue? Nem se tenta?

2 - INANIDADES: “São espaços muito mais controlados do que andarem pela cidade sem qualquer contenção”
2.1 Desculpe... como disse? Sera que sou so eu a perceber que esta frase esta ao nivel dos grunhos da extrema direita que dizem que aos pobres nao se pode providenciar dinheiro porque o gastam todo em tabaco, vinho e mulheres?
2.2 Entao... mas nao ha uma situacao de confinamento geral? A populacao - toda ela - nao e suposto se manter em casa? Ja gora, quem garante que "os adolescentes" vao mesmo estar fisicamente na escola e nao a passearem, sem qualquer contencao? O ensino a distancia nao pode sublinhar as campanhas de prevencao de transmissao de COVID? Ou presume-se mesmo que sem

3 - PETAS: "o secretário de Estado falou sobre o impacto que a pandemia teve até hoje nos sistemas educativos, que segundo “algumas análises” foi “ainda maior do que a 2.ª Guerra Mundial”."
3.1 Estas "analises" sao copy paste do que foi publicado na BBC ha umas semanas atras, talvez ja ha um mes, foi noticia plantada na opiniao publica britanica com o objectivo de direcionar a opiniao publica britanica num certo sentido e ao menos, no contexto britanico, tem um minimo de aderencia com a realidade historica de uma Nacao que foi interveniente directo e significativo na II Guerra Mundial e que tinha sistema educativo digno desse nome nos anos 40 do Sec XX.
Em Portugal, que foi neutral e que nao tinha sistema educativo digno desse epiteto a nao ser para as elites que, de resto, puderam fugir para os EUA, quando necessario durante a Guerra - Em Portugal como dizia - estas "analises copy paste" nao passam de uma aldrabice saloia para distrair palermas.

Anónimo disse...

Se os professores e funcionários auxiliares das escolas públicas portuguesas já sabiam que o Estado português se estava borrifando para a sua saúde (veja-se a pouca vergonha que são as decisões das Juntas Médicas deste país), agora viram, sem margem para dúvidas, que esse mesmo Estado se está lixando para a sua vida.
A idade média de professores e de funcionários das escolas públicas portuguesas é de 50 anos. Cinquenta anos! Os alunos não morrem de Covid? Pois não, mas o mesmo já não poderá dizer-se dos professores e dos funcionários.
Num Ocidente onde a política não passa de paleio da treta, o prioritário é acessório e o acessório é prioritário. O quê que se sobrepõe ao valor supremo da vida? Pois certamente será o valor ainda mais supremo do direito à educação, educação essa que, uma vez suspensa, jamais voltará... E isso muito ao contrário da vida, a qual, uma vez perdida, voltará nas asas da ressuscitação dada pelo bom Deus. Portugal não é excepção nessa inversão mortífera das prioridades: os meninos e as meninas ficarão eternamente traumatizados e penalizados por não frequentarem aulas presenciais durante umas semanas ou meses, contudo, se lhes falecerem o pai, a mãe, os avós, os tios ou as tias vitimados por um vírus que eles levaram para o seio familiar, a sua vida será maravilhosa e o seu futuro brilhante. E aos familiares falecidos, a esses acabam-se-lhes os problemas: os mortos não comem, não bebem, não pagam contas da água nem da electricidade, e não têm de prover a alimentação, o vestuário e... os estudos dos filhos.
Loucura? Não! É a economia quem mais ordena, pois está claro.

Anónimo disse...

Segundo algumas análises (quais?) o impacto da pandemia sobre os sistemas educativos foi ainda maior que o da II Guerra Mundial? Como disse?!!! Não querem lá ver que na Polónia arrasada, na Jugoslávia ocupada e na URSS com escolas (e os hospitais, e as bibliotecas, e os museus) incineradas até às portas de Moscovo, as criancinhas iam à escola alegres e contentes, muito bem alimentadas e confortavelmente vestidinhas? Mas que espécie de atrasado mental profere tamanha barbaridade? Mas quem é esta gente que nos governa? Qual é o seu conhecimento sobre a história desta Europa que essa gente diz ser a sua?
Quanto ao nosso Primeiro Ministro, aquele que diz, sem se rir, que a interrupção das aulas levará a uma calamidade daqui a uma década, espero que ele nos explique como é que uma pandemia consegue fazer a um país como Portugal aquilo que a genocida máquina de guerra nazi não conseguiu fazer à URSS em quatro anos de guerra: poucos anos depois do fim da conflagração que reclamou a vida de 27 milhões dos seus cidadãos e destruiu milhares e milhares de escolas, a URSS produzia uma bomba atómica, lançava satélites espaciais e punha o primeiro homem no espaço. Falta de engenheiros, de químicos, de físicos e de operários especializados cujos estudos foram precoce e inexoravelmente interrompidos durante a Grande Guerra Patriótica, certamente.

Anónimo disse...

Excelente comentário, às 09:17. Na mouche, caro Lowlander.

Jose disse...

Nas terras baixas o Estado seria uma gigantesca sopa de pobres com um departamento receptor de um qualquer maná.

Noutras paragens, faz-se uma nova versão do que em Portugal foi a II Guerra Mundial.

Uma coisa é certa, sobre vacinas tem-se falado pouco, e se por outros lados se vêm vacinações em farmácias e centros de vacinação em parques de estacionamento, por cá a ronceirice com espaçadas reportagens é de norma.

A.R.A disse...

As escolas do secundário e o universitário já há muito que deveriam ter confinado. Quanto ao basico e preparatório, devido ao facto que um novo confinamento terá um retrocesso cognitivo acentuado na maioria e ate grave em alguns casos.
Isto sim deveria ter sido o discurso do secretário de estado pois desculpar se com a fome e violência para não partilhar a real verdade que é a de uma economia em vertiginosa degradação e superior calamidade que a doença.

JE disse...

Bom.

Um negacionista ataca pelas 00 e 53. A ultima vez que tivémos conhecimento dele foi quando afirmou que as mortes eram devidas ao frio polar. Lá na Holanda o frio éassim

Um promotor das actividades privadas em prol dos lucros privados, depois de dizer inanidades, fala numa gigantesca sopa de pobres
Esta sopa imensa de pobres faz lembrar os tempos idos de antes de Abril, em que a caridade era praticada por aquelas bestas dos legionários, nas suas comezainas de bandulhos. E falo nos legionários porque jose teve já o topete de elogiar a accção caritativa de tais bandalhos

Quanto às vacinas... é perguntar à UE connosco como se tem processado a sua distribuição e como a Pfizer tem cumprido a sua política de racionamento ao serviço dos seus interesses.

Lowlander disse...

A ver se passa este, escrito mais a frio.

Ze, nas "terras baixas" pugna-se por um Estado que defenda uma sociedade decente e o bem comum. Bem sei que para ti, estes termos (decencia, sociedade, bem comum...) servem de "punch line" nas piadas que contas la na taberna, onde, etilicamente lubrificado, relembras historias imaginarias sobre a nacinha salazarista.

Anónimo disse...

2 pontos:
- a solução para as crianças que não comem quando as escolas fecham não pode ser abrir as escolas, aumentar o risco, e pressionar ainda mais o SNS. Não se consegue fabricar médicos, enfermeiros, hospitais, ... mas não faltam soluções para alunos com fome;
- enviar alunos para casa durante 15 dias (?), fechados em casa, sem qualquer tipo de tarefas atribuídas, sem qualquer tipo de acompanhamento das escolas, por mínimo que fosse, é criminoso. Impedir ativamente as escolas de o fazer é ridículo. Afinal que estruturas, plataformas, processos, ... ficaram da 1a vaga? O que andou o Ministério a fazer no último ano além de propaganda?

JE disse...

Bom

Parece que a propaganda do ministério foi ultrapassada pelos berros histéricos de Rui Rio contra a "medida totalitária de perfil marxista" de suspender aulas à distância nas escolas privadas.

É uma anedota?

É

Juntou os berros aos protestos das escolas amarelo-privadas. Estas agora recuaram.

Rui Rio ficou só , a fazer este espectáculo triste, a lembrar outrs espectáculos ainda mais tristes como o seu amancebamento com o chega nos Açores

Não está só... o ministro holandês, pela calada manda um tarefeiro desempenhar a tarefa