Numa comunicação sobre o seu mais recente livro, Dani Rodrik, um economista convencional cuja robustez da análise está ligada à sua crescente capacidade para superar a separação artificial entre economia e política, faz uma “adenda” à ideia de Adam Smith, segundo a qual a divisão do trabalho seria condicionada pela extensão do mercado, defendendo que a expansão de formas mercantis sustentáveis, por sua vez, vai até onde a regulação, entendida em sentido amplo, alcança. Seguindo a sua já famosa formulação, os mercados não se auto-estabilizam, auto-regulam ou auto-legitimam e precisam, por isso, de estar incrustrados em instituições políticas não-mercantis robustas. Isto leva-o a identificar uma contradição: não há mercados funcionais sem Estados fortes, legitimados e com capacidade de regulação e de redistribuição, mas a actual configuração da globalização tende a minar estes atributos dos Estados e daí as suas propriedades autodestrutivas.
No fundo, isto remete para o seu útil trilema da economia política internacional – estamos confrontados com três elementos e só é possível compatibilizar pares, o que significa que temos sempre de sacrificar um deles: democracia, Estados e mercado global. No regime neoliberal a escolha é clara: a democracia, crescentemente esvaziada, é o elemento tendencialmente sacrificado, como bem sublinha o Daniel Oliveira no seu guião do eleitor para não aborrecer os mercados. Se queremos manter as forças do mercado global, mas achamos que estas precisam de ser democraticamente geridas, então teremos de caminhar para um Estado mundial e superar progressivamente as soberanias nacionais. Parece-me uma escolha pouco realista e com traduções institucionais obscuras.
Se queremos um mundo de Estados onde as escolhas democráticas contem na regulação das economias, então temos de atenuar o alcance das forças das forças de mercado com escala global. Estados nacionais ou federações, como uma UE que supere a regulação assimétrica que a mina, têm de recorrer a protecções comerciais selectivas e controlos dos capitais e do crédito, que atenuem as crises financeiras, resultado da globalização financeira, e evitem a erosão das suas regras sociais, laborais e ambientais, e têm de temperar tudo isto com acordos globais flexíveis em algumas áreas, que permitam, por exemplo, aos países menos desenvolvidos alargar o seu espaço de desenvolvimento, recorrendo aos instrumentos de política que julguem apropriados. Só assim se evitará que a democracia, que tem de ser economicamente protegida, saia ainda mais limitada desta crise...
Nota. Estes são alguns dos temas que abordarei na apresentação capitalismo ou capitalismos?
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9 comentários:
A verdade da crise é impopular?
http://novadesordemmundial.
blogspot.com/2011/03/verdade
-da-crise-global.html
Não sei se é uma nova ordem ou se é mas é a velha ordem fascista disfarçada de nova para melhor nos enganar!
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O que está em causa não são as exigencias de pagamento (um estado soberano só paga as dividas se quiser e ninguém pões isso em causa) mas sim as CONDIÇÕES nas quais nos serão concedidos empréstimos caso nós os queiramos. Se não os quisermos...
Confundir estas duas situções é má fé.
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