terça-feira, 6 de outubro de 2009

Simplex laboral

“Recrutados numa garagem em Matosinhos (a Autobrito), sem contrato que não seja uma combinação de boca, passam recibos verdes a uma empresa chamada Edutec, sediada em Lisboa. A Edutec, que faz este negócio chorudo com algumas autarquias, fica com uma parte do dinheiro dos nossos impostos que é transferido pelo Estado para contratar estes professores. Descontando o que têm de pagar à Segurança Social, os professores ganham cerca de 300 euros por mês, ou menos.” José Soeiro denuncia as práticas do simplex laboral na área da educação. Políticas públicas que promovem “desigualdades sólidas, capitalismo liquido, vidas gasosas” na certeira formulação de Sandra Monteiro. Como afirma José Castro Caldas: “É absurdo, não é permitido, mas pode fazer-se. O recibo verde usado a torto e a direito ilegalmente, instituiu-se. É considerado natural.” O Estado predador contribui para a instituição da ficção grosseira do trabalho como mercadoria descartável. É por estas e por outras que este livro, organizado por quem está farto destes recibos verdes, por quem luta e resiste, é tão importante.

1 comentário:

J. Maldonado disse...

O Estado é tão culpado como os empresários de promover o trabalho precário com baixos salários, de que somos campeões a nível europeu.