segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Williamson I - Um prémio Nobel que merece ser discutido

O João tem razão em apontar a natureza apologética que emana do trabalho de Williamson no que respeita às instituições do capitalismo. Essencialmente, no mundo de Williamson, (quase) não existe história, nem relações de poder - apenas uma utópica noção de eficiência que determina o que existe e o que pode existir.

Há mais motivos para não gostarmos de Williamson. O seu trabalho representa um equilíbrio precário entre a vontade de satisfazer o paradigma dominante (e.g., o recurso gratuito à retórica da análise marginalista) e o desejo de parecer heterodoxo q.b. (e.g., a noção de racionalidade limitada), que nunca permite aprofundar algumas questões e que acaba por padecer de uma indesejável inconsistência metodológica.

Dito isto, Williamson não é um economista banal. Ao nível mais óbvio, ele contribuiu para trazer a análise das instituições para o centro da ciência económica, ao procurar colmatar algumas fragilidades de trabalhos anteriores que apontavam no mesmo sentido. A força do seu esfroço analítico reflecte-se também na necessidade sentida por várias correntes de economistas institucionalistas heterodoxos no sentido de aprofundar as críticas dirigidas ao novo prémio Nobel, levando-os assim a aperfeiçoar as suas próprias construções teóricas. Pelo caminho, muitos sentiram a necessidade de reconhecer as virtudes de vários aspectos do trabalho de Williamson. Mais ainda, louvo o esforço de Williamson em confrontar-se com o mundo real nos seus debates teóricos - uma prática ausente de muitos trabalhos académicos de natureza económica. Louvo também a disponibilidade que sempre mostrou em confrontar-se com ideias diferentes e com abordagens disciplinares que extravasam a ciência económica dominante (a sociologia, as ciência políticas, a psicologia, as ciências organizacionais em geral), prática também pouco usual.

Williamson não é um magnífico pensador económico, como alguns que ainda aguardam este tipo de reconhecimento. Mas esses são poucos. E a atribuição do prémio Nobel a Williamson justifica que revisitemos os apectos essenciais do seu contributo. É o que procurarei fazer na série de postas que agora início.

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