terça-feira, 20 de outubro de 2009

Salário mínimo

O Ricardo Paes Mamede é autor de um estudo - «Impacto do Aumento do Salário Mínimo em 2008: uma Estimativa Baseada na Estrutura Salarial das Empresas Portuguesas» - que vale a pena revisitar para afastar fantasmas patronais. Ali se afirmava que «o impacto em 2008 do acordo sobre a evolução da RMMG, em termos de aumento dos custos salariais das empresas portuguesas, assume um valor modesto, correspondendo a cerca de 0,13% do volume total de ganhos dos TCOs [trabalhadores por conta de outrem] a tempo integral». Para se concluir que «o impacto relativamente modesto do acordo sobre a evolução da RMMG em termos de custos salariais reforça a ideia de que o acordo alcançado poderá estar a contribuir para diminuir a incidência do fenómeno dos 'trabalhadores pobres' em Portugal, sem com isso pôr em risco o desempenho da economia portuguesa na sua globalidade. Tendo em conta que os salários são apenas uma parcela dos custos totais das empresas, os efeitos globais do acordo para a competitividade do conjunto das empresas portuguesas em 2008 serão provavelmente diminutos.»

1 comentário:

Elemento Absorvido disse...

A afirmação que o nosso Van Zeller tem feito sobre a necessidade de não haver aumentos no próximo ano por haver risco de se perderem exportações fez-me pensar.
É interessante ver que a nossa sociedade aceita que o trabalho tenha que se sacrificar para manter postos de trabalho. É interessante a forma como o discurso é feito: afirma-se que o capital está neste momento a fazer um grande esforço ao ser obrigado a reduzir a sua taxa de lucro e que portanto o trabalho também tem que por a sua quota parte, mantendo os salários inalterados. Aceita-se implicitamente que o normal é o capital ter lucro. Mesmo que seja obtido sem trabalho.
É interessante como esta mensagem já está aceite na sociedade.
Tendo em conta a necessidade imperiosa de manter as exportações, penso que os sindicatos deveriam contrapropor que o capital não tivesse qualquer lucro no próximo ano. Penso que desta forma se anulará o discurso do nosso Van Zeller.